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A lenda do boto virou um pesadelo

Atualizado dia 3/8/2024 12:49:38 AM em Espiritualidade
por Íris Regina Fernandes Poffo


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Muito conhecida na região da Amazônia brasileira, a antiga lenda sobre o boto cor-de-rosa!

Dizem que nas noites das festas juninas, ou mesmo nas noites de verão, ele sai dos rios transformando-se em um rapaz charmoso, elegantemente vestido de terno branco, adornado com um lindo chapéu, que esconde o espiráculo (orifício situado no alto da cabeça, por onde respira).

Contam que os botos saem à procura de lindas jovens, que ficam encantadas pelo seu magnetismo, e então eles as levam para o seu reino submerso.

Em outras versões, desta mesma lenda, depois que têm relações sexuais com as moças, voltam para sua forma de boto, deixando-as grávidas para nunca mais aparecerem.

Esta lenda, comentam estudiosos, surgiu na época da colonização, com o intuito de acobertar casos de abuso sexual de homens ricos e poderosos sobre mulheres da região amazônica.

Em pleno século XXI, essa crença se intensificou na população de baixa renda, porque o registro de violência contra adolescentes vem aumentando na região norte, assim como o número de mães solteiras. E pasmem, todos culpam o boto.

Pesquisadores documentaram que mocinhas, de povoados ribeirinhos, temem ir para escola ou para o trabalho de barco, para não encontrarem o perigoso animal.

Assim sendo, pensam inúmeros ribeirinhos, um animal que ameaça à segurança das mocinhas, vale mais morto que vivo.

A fama de sedutor tem beneficiado o comércio de produtos afrodisíacos na Amazônia, preparados principalmente, a partir da genitália das fêmeas e dos machos mortos em redes de pesca, há muitos anos.

As partes de seu corpo que não interessam ao mercado dos “curandeiros”, são usadas como isca para a pesca de um bagre, a piracatinga, também conhecida como “urubu das águas” pelos indígenas e ribeirinhos, porque vivem no fundo dos rios alimentando-se de animais em decomposição, inclusive de humanos.

Para atrair a freguesia, na peixaria e nos restaurantes do Brasil e de países vizinhos, os filés de peixe são vendidos como se fossem de surubim, tucunaré ou douradinha.

Agem assim, estas pessoas, fazendo pouco caso da legislação ambiental e das leis divinas.

Pesquisadores afirmam que a população de botos na região caiu pela metade, nos últimos dez anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

De acordo com este e outros estudos da União Internacional de Conservação da Natureza (Iucn), eles estão na lista vermelha de animais ameaçados de extinção.

Humanos que respeitam os botos, dedicam-se às atividades de educação socioambiental, turismo sustentável (sem molestar aos animais), e da saúde da mulher, visando desconstruir a imagem negativa que lhes foi atribuída.

Considerando tantos impactos negativos crescentes na região amazônica, como o desflorestamento e o garimpo, que chance de sobrevivência os botos terão?

O que esperar de uma sociedade na qual as necessidades dos chacras inferiores como transar, sacanear o próximo e encher o bolso, são mais valorizadas em detrimento das virtudes dos chacras superiores como respeito, benevolência, comunhão e afetividade?

Para entender que “Somos Todos Um”, é preciso transmutar a antiga crença que as florestas, os rios, os animais e as mulheres foram criados para servir aos homens.

Há uma antiga lenda na região amazônica, do Equador e do Peru, entre as populações indígenas ancestrais, que os botos cor-de-rosa são animais que devem ser protegidos, e que uma grande desgraça poderá recair sobre quem os matar. Crença esta associada ao respeito à Pachamama.

Sim, com certeza, a Mãe Terra, e os animais, nossos irmãos, merecem todo nosso respeito!

Artigo revisado por Carlos A.C. Bermudes Filho

Para saber mais: De SOUZA, A.C.B. e Da SILVA, A.P.B.  Um impacto ambiental iminente: a extinção dos botos na amazônia. VI Congresso Nacional de Educação – CONEDU. Disponível em: *PROPOSTA_EV127_MD4_ID6811_30092019114545.pdf (editorarealize.com.br)

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Conteúdo desenvolvido por: Íris Regina Fernandes Poffo   
Bióloga, espiritualista, terapeuta holística e escritora.
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