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A Morte do Ego

Atualizado dia 08/05/2011 20:50:07 em Espiritualidade
por Marcos Spagnuolo Souza


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Quando nascemos, começamos a receber informações responsáveis pela formação do nosso ego. O ego se relaciona com a cultura que ele está inserido e com as figuras astrais do inconsciente pessoal e coletivo. O ego utiliza o corpo extenso (visível) e os corpos pontuais (corpos invisíveis) conforme o conteúdo das informações que possui. A existência do ego é uma vivência totalmente destituída de verdade e distante dos valores eternos. O caminho metafísico exige a morte absoluta do ego e o emergir do "eu" que é nossa verdadeira essência. A morte do ego é um processo necessário que foi experienciada por mestres e também por pessoas que decidiram seguir o caminho da transcendência. Vamos relatar o processo da morte do ego de Bhagavan Sri Ramana; Eckhart Tolle; Stanislav Grof; Lord Tennyson; Peter Stafford.

Sri. Ramana, mestre espiritual indiano: estava em seu quarto quando, subitamente, sentiu que se integrava no universo. A sua relação foi totalmente indiferente perante o sentir. Não pediu auxílio a ninguém, apenas deitou-se no assoalho observando-se a si mesmo: o corpo se havia tornado estático e, de certa maneira, rígido. Ele perguntou: "Quem sou eu?". Compreendeu que o seu "eu" era completamente independente do corpo físico, do pensamento e dos sentidos. Sentiu o pulsar cósmico e concluiu: "Sou Consciência". Sri Ramana teve a sensação de que seu corpo estava queimando e lembrou-se dos ensinamentos de Krishna: "As chamas do fogo podem queimar meu corpo, mas não podem queimar minha existência". Nesse mesmo momento, sentiu a presença de Sri Krishna em todo o esplendor dizendo para ele: "Você não é o corpo, nem a mente pensante. Você não nasce, nem morre. Você é eterno e presente. Você é imortal. A destruição do corpo não é a sua destruição. As armas não podem cortá-lo, as chamas do fogo não podem queimá-lo, o vento não pode secá-lo, a água não pode molhá-lo e a morte não pode matá-lo".

Eckhart Tolle, mestre espiritual trabalhando com pequenos grupos na Europa e América do Norte: pouco depois de completar 29 anos acordou de madrugada com uma sensação de pavor absoluto. Tudo lhe parecia estranho e hostil. Sentiu profunda aversão pelo mundo e, principalmente, por ele mesmo. Tomou consciência que existia dois seres no seu corpo: o "ego" e o "eu", sendo que apenas um era real. Foi arrastado para dentro do que parecia um vórtice de energia. No início, o movimento foi lento, mas depois acelerou. O seu corpo começou a tremer e ouvia a palavra "não resista", como se saísse de dentro do seu peito. O medo desapareceu e se deixou levar. Em determinado momento da experiência perdeu os sentidos e voltou a si no dia seguinte sendo acordado por um pássaro cantando no jardim. Foi uma transformação tão completa que o ego desapareceu completamente, como quando se tira o pino de um brinquedo inflável. O que restou foi a sua verdadeira natureza, a sua presença, a consciência em seu estado puro, anterior à sua identificação com a forma. 

Stanislav Grof, chefe de pesquisas psiquiátricas no Maryland Psychiatric Research Center e professor assistente de psiquiatria na Johns Hopkins University: sentiu uma tremenda expansão da consciência que o colocou no espaço interestelar, observando galáxias após galáxias sendo criadas bem na frente dos seus olhos. Sentiu que estava se movendo mais rápido do que a luz. Havia galáxias passando por ele, uma após a outra. Aproximou de uma explosão de energia central de onde tudo no universo parecia se originar que era a fonte de tudo que havia sido criado. Conforme ele chegava mais perto dessa área, sentia o calor incandescente que emanava da fornalha gigantesca, a fornalha do universo. Chegando mais perto, sentiu que sua identidade estava mudando: deixou de ser uma manifestação da energia para se tornar a energia em si. Matéria, espaço, tempo e níveis de realidade foram transcendidos e reduzidos a um único princípio misterioso. Salienta que a estrutura simbólica da linguagem é ridiculamente inadequada para capturar e comunicar a referida experiência.

Lord Tennyson, poeta laureado do Reino Unido: sua própria individualidade desapareceu e dissipou-se num estado de ser ilimitado, e isto não era um estado confuso, mas sim o mais claro, o mais certo dos certos, completamente para além das palavras, onde a morte era uma impossibilidade quase impossível.

Peter Stafford escritor americano e autor da enciclopédia "Psychodelics: em determinado momento o mundo desapareceu e já não estava no seu corpo. Ele percebeu que não tinha um corpo. Não era uma questão de escolha, era apenas uma onda que o levava. Entrou num espaço no qual não há palavras. O sentimento era o de estar em "casa". Foi um estado de beatitude de um tipo que nunca antes tinha experimentado.

Concluo esta anotação salientando que existem duas realidades, sendo que a primeira é a observada pelo ego e a outra observada pelo eu. O ego e o mundo observado por ele é ilusório, sendo que o objetivo da vida é a morte do ego. Espiritualidade é eliminação do ego e manifestação plena do "eu" que observa outra realidade.

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