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A VERDADEIRA HISTÓRIA DE MARIA MADALENA

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Autor Mani Álvarez

Assunto Espiritualidade
Atualizado em 12/16/2011 5:00:35 PM


Não há personagem histórico que tenha sofrido tanto o peso das projeções moralistas da sociedade patriarcal do que Maria Madalena. Vista como pecadora e prostituta, ela passou a representar a sombra do feminino, seu lado negativo, em oposição à luz da Virgem Maria, pura e sem pecado original.
Esta sombra afetou profundamente o psiquismo da mulher, provocando uma cisão em sua sexualidade e causando toda sorte de repressão e culpa. Foram milênios de preconceitos transformados em acusações, maledicência, perseguição, violência, disfarçados em religião.

Há alguns anos vem sendo feitos estudos e pesquisas para resgatar a verdadeira história de Madalena, e nesse trabalho está sendo resgatado também o inconsciente do cristianismo, fragmentos de uma memória recalcada pelos primeiros patriarcas da Igreja. Na verdade, desde a noção de ‘pecado’, o que tenta se exorcizar é o sexo, em oposição ao espírito. E Madalena era uma mulher apaixonada, que se entregava inteira em tudo que fazia. Segundo os evangelhos, sua devoção incondicional a Jesus despertou ciúmes e inveja entre os discípulos. Sua capacidade de mergulhar naquele estado que hoje conhecemos como ‘expansão da consciência’, permitiu que ela visse Jesus ressuscitado. Sua amorosidade fez com que ela se tornasse a discípula dileta, a companheira, filha e mãe de Jesus. Foi ela quem levou a notícia aos apóstolos de que Jesus estava vivo, após sua morte na cruz. E eles duvidaram... será que podemos confiar numa mulher?

Segundo os evangelhos, Jesus teria livrado a mulher ‘pecadora’ dos seus sete demônios. A partir daí ela se tornou sua fiel seguidora. Relatos históricos contam também que Ele teria desafiado os homens que queriam apedrejar a mulher adúltera, dizendo: ... que atire a primeira pedra quem nunca pecou...

Tantos ensinamentos cristãos sobre o amor incondicional e sobre o perdão não conseguiram aplacar o preconceito, o medo, o ‘horror feminae ‘dos homens -- esse medo irracional contra o feminino, contra tudo que lembra as antigas tradições pagãs da humanidade. A identificação da mulher com o mal corresponde à psicologia do “bode expiatório”, ou seja: o mal está fora de mim, portanto, eu sou bom.
E os primeiros padres da Igreja acharam por bem excluir das escrituras sagradas o registro da vida de uma mulher que manifestava uma sensualidade sem pudores e, ao mesmo tempo, uma espiritualidade à flor da pele. Não sabiam que esse é o jeito feminino de vivenciar a dimensão espiritual, corpo e alma juntos. O êxtase místico dá testemunho disso. Mas, o masculino (em ambos os sexos) tem dificuldade em conciliar os opostos, viver a dimensão material junto com a espiritual, integrar corpo, mente e coração.

O fato é que, quando os quatro evangelhos foram selecionados (entre centenas de outros escritos), por volta do ano 200 d.C. foi que surgiu a distinção entre evangelhos oficiais canônicos e os ‘apócrifos’, aqueles que não foram considerados em concordância com os cânones do cristianismo nascente. Certamente a ótica patriarcal prevaleceu nessa seleção, porque neles quase nada se fala sobre as mulheres que viveram nessas primeiras comunidades cristãs, e junto com seus companheiros foram igualmente perseguidas e torturadas pelos romanos.

Embora muitos tenham pressentido que havia um erro de julgamento nas afirmações das Escrituras sobre Madalena, isso só veio à tona recentemente. Desde o ano de 1896 encontra-se, no museu Nacional de Berlim, um texto escrito em 150 d.C., que teria sido encontrado no século IV, num antiquário da cidade de Achmin, no Egito. Esse texto, escrito na língua coopta e grega, narra episódios da vida de Jesus contados por uma mulher de nome Maria de Mágdala. Foi traduzido como O Evangelho de Maria Madalena e, tal como os outros quatro evangelhos da Igreja Católica, faz parte dos textos fundadores do cristianismo.

O teólogo francês Jean-Yves Leloup vê o surgimento desse texto, considerado ‘apócrifo’ pela Igreja, como a emergência da parte recalcada do cristianismo, aquela que foi negada, escondida, ocultada ao longo dos tempos. E que, ao ser resgatado, mostrou-se como um caminho mais humanizado e, sobretudo, feminino, de reconexão com o divino. Talvez porque Maria Madalena tenha sido uma pessoa que desejou ardentemente, com todos os seus sentidos, o homem e a Deus. Acima de tudo, ela demonstrou ser plenamente humana em sua inteireza, integrando dentro de si o poder viril de uma vontade forte e, ao mesmo tempo, um anseio feminino intenso pela transcendência. E aqui temos de concordar com Jung, que vê nesse arquétipo encarnado por Maria Madalena, um modelo psíquico do feminino, que pode nos inspirar a todos, homens e mulheres, no resgate de nossa inteireza humana.

O medo e a ignorância promoveram, no interior de homens e mulheres, a separação, do masculino e feminino, bem e mal, virtude e pecado, luz e sombra, sexo e espírito – e assim fragmentada, nossa humanidade adoeceu. Hoje, essa mesma humanidade dilacerada grita a dor deste esfacelamento. Como disse Roberto Crema,“ nós precisamos reconstruir o templo da inteireza dentro de nós”, para restaurar a saúde humana, individual e coletiva. Isto significa reconciliar os apelos de um erotismo sutil que emerge de nossa sexualidade, com a fome insaciável de nossa alma.

Penso que os sete demônios, dos quais fala a Bíblia, seriam esse caminho da energia/libido, desde o nível sexual até sua manifestação nos planos mais sutis. Temos sete chakras, ou centros de energia, cada um com seus desejos e apegos respectivos, que muitas vezes nos dominam e nos tornam seus escravos. Nesses momentos somos possuídos por eles, eis nossos sete demônios! Só quando a consciência os domina é que eles são transcendidos e se tornam nossos servos fieis.

Maria Madalena não é apenas um personagem do passado, meio mítica, meio histórica. Sua figura está presente mais que nunca, nesse novo milênio, quando mulheres em todo o mundo buscam uma representação do divino feminino para orientar sua sexualidade. Das brumas do tempo ela ressurge, envolta em seu manto vermelho, atiçando o arquétipo esquecido de nossa inteireza como mulheres.

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