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Autoperdão!

Atualizado dia 23/08/2011 18:26:24 em Espiritualidade
por Paulo Salvio Antolini


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            "Por que o autoperdão é mais difícil que perdoar outras pessoas?" Esta foi a pergunta feita em um evento sobre o tema. Já falamos que perdoar é desprender-se do que nos foi feito, deixando para trás o que não nos faria nenhum bem caso ficássemos a "remoer" o que já passou.

E o autoperdão? Desprender-se dos males que possa ter causado a si mesmo ou a outros. Antes do perdão, há a necessidade de se aceitar o erro, aceitar que fez algo que não deveria, consciente ou não, mas fez. Se autoperdoar significa reconhecer e assumir os próprios erros.

É muito mais comum e freqüente o não assumir a responsabilidade dos próprios atos do que se possa imaginar. E mais comum ainda o não admitir que se faz isso.

Responder pelos próprios atos simplifica em muito a jornada para o autoconhecimento, mas os mecanismos utilizados para racionalizar os atos e comportamentos são inúmeros e freqüentes.

A produção cada vez mais de leis, buscando regulamentar situações comportamentais demonstra claramente a afirmação acima. Quando se responde pelo feito, não é preciso de leis para a correção e a não reincidência do praticado.

Observem a dificuldade das pessoas pedirem desculpas. Pedido sincero, não apenas para cumprir uma obrigação. Em todos os níveis sócio-culturais, financeiros e em todas as áreas do relacionamento humano.

O orgulho nos impede de "colocarmos os pés no chão" e admitirmos que não somos perfeitos, que cometemos erros banais, que vivemos um estado de desequilíbrio entre os momentos de equilíbrio emocional e nessas horas, a não lucidez fala mais alto, gerando comportamentos que depois iremos nos reprovar. Aí vamos à busca das desculpas e explicações que visam aliviar nossa responsabilidade sobre o feito.

A percepção de um erro que praticamos gera um estado interior incomodo muito intenso e que desencadeia uma forte depressão momentânea. Ao mesmo tempo surge um inconformismo de "não podia ter acontecido", "isso não é possível", "como posso ter feito isso?" e nessa hora os mais rígidos buscam as explicações para amenizar sua dor e seu mal-estar.

Já repararam que quando um dos cônjuges descobre a infidelidade do outro, em uma relação que parecia muito estável e harmoniosa, há sempre uma tentativa do infiel (ou da) de explicar seu comportamento agarrando-se à pequenas coisas do comportamento do outro? Raramente aquele que praticou o ato de infidelidade diz: "Eu fui o único responsável. Deixei-me levar pelo desejo sem pensar nas conseqüências do que estava fazendo".

"Ela não atendia todas as minhas necessidades"; "Ela sempre tinha desculpas para não irmos para a cama, então acabou acontecendo, eu estava necessitado". "Ele me magoou muito"; "Ele não me dava atenção, alguém me deu e acabou acontecendo". Em todos os casos está sub-entendido que: "Se você não tivesse sido assim,  isso não teria acontecido". "A culpa é sua"!

Falamos do orgulho, mas é necessário que se fale também da humildade, ou seja, da virtude que nos faz reconhecer nossas fraquezas. Esse é o ponto.

O autoperdão é o exercício da humildade em sua força maior, pois é o reconhecimento de que fomos fracos e não estávamos tão fortes e virtuosos como fazemos questão de achar que somos.

A arrogância é um dos defeitos que não admitimos ter, mas que a praticamos camuflada em nosso achar que somos diferentes dos demais e tudo podemos, nossas intenções são as melhores. Grande presunção, que se fundamenta apenas em nosso querer sermos diferentes dos demais e não sofrermos influências de percepções limitadas e tendenciosas, de forma a nos dar sempre a razão.

Sabermos que somos capazes de tudo, do bom ao mau, nos facilita a condição que possuímos, a de sermos humanos e assim, estarmos sujeitos a cometermos verdadeiros absurdos. Desprendermo-nos do constante estado de culpa nos ajuda em muito o reconhecer e aceitar os próprios erros, primeiro passo para o autoperdão! 

Texto revisado



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