Budismo Tibetano - Preconceito
Atualizado dia 26/06/2013 14:23:35 em Espiritualidadepor Fernando Cavalher
[O que está escrito
neste texto não é Budismo Tibetano: é apenas um caminho até ele.]
Devemos
resistir à tentação esotérica de definir preconceito como "pré-conceito": uma
definição que se tem antes de um bom raciocínio sobre determinado assunto.
Aliás, invariavelmente, uma definição tosca. O preconceito é tosco.
Sejamos
sinceros. O preconceito não é sequer um pré-conceito. É uma emoção fedida e
atrasada. Preconceito é quando você direciona o pior de si mesmo ao outro, seus
sentimentos negativos, suas ideias erradas. Quando você sofre de preconceito,
não consegue evitar o comportamento de classificar o outro, fazer piada com o
outro, rebaixá-lo e, preferencialmente, humilhá-lo. Você se sente superior ao
fazer isso.
Algumas
pessoas conseguiram um pouco mais de desenvolvimento: elas reconhecem que têm
preconceitos. Se forem corajosas, conseguirão assumir que têm preconceitos,
pelo menos para si mesmas. Mas não conseguirão tirar de si o preconceito...
Não
conseguirão porque não é possível.
Nem
eu consigo. Simplesmente não é assim que se faz.
O
preconceito não nasce em nós porque queremos. Nasce porque não temos controle
sobre nossa natureza, como gostaríamos de ter. Na verdade, não "temos
preconceito". Nós reagimos, irracionalmente, com preconceito. Preferiríamos não
senti-lo, mas ele nos invade.
Não
podemos, de nenhuma forma, desfazer-nos de nossos preconceitos. Nem devemos. Se
quisermos progredir no caminho espiritual, precisaremos avidamente de nossos
preconceitos. Portanto, os seres superficiais, que começaram a ler o texto
pensando que não têm preconceitos, caíram na arapuca de não ter uma ferramenta
essencial ao caminho espiritual: o preconceito.
Por
que o preconceito é uma ferramenta essencial ao caminho espiritual?
Se
progredir espiritualmente fosse agradável para o ego, a humanidade inteira
estaria mais iluminada que o Buddha. Aquilo que o ego gosta, o ego faz.
Obviamente, o buscador espiritual começará a praticar a educação, o amor, a
alegria e outros expoentes de energia positiva. Mas, para desagrado de muitos,
devo informar: A PRÁTICA DE ENERGIAS E COMPORTAMENTOS QUE VOCÊ ADMIRA APENAS O
TORNARÁ MAIS AGRADÁVEL PARA SI MESMO E SOCIALMENTE ATRAENTE.
A PRÁTICA DOS BONS COSTUMES NÃO GERA
EVOLUÇÃO ESPIRITUAL.
Por
que você acha que o Buddha, tendo nascido em família nobre, abandonou a riqueza
e foi viver na pobreza e na imundície? Você acha mesmo que o texto está falando
de dinheiro e classes sociais? Se você ainda tem dúvidas, pergunto: por que
você acha que o Cristo convivia muito com cobradores de impostos, prostitutas e
soldados romanos, todos eles alvos de fortes preconceitos?
O
PRECONCEITO COLOCA VOCÊ FRENTE A FRENTE CONSIGO MESMO: A BAIXEZA QUE VOCÊ VÊ NO
OUTRO É SUA PRÓPRIA PODRIDÃO.
Como
você é incapaz de ver seu lado trevoso, o preconceito mostra-o a você. A pessoa
que está na sua frente, alvo de seu preconceito, nada tem a ver com isso. Se
ela tiver sorte, e se você tiver educação, ela nem perceberá. A não ser que
você agrida alguém, seu preconceito só faz mal a você mesmo.
Comece
por admiti-lo. Saiba que ele existe. Pergunte ao seu preconceito do que é que
ele não gosta e você saberá do que você tem medo. Conheça as características de
seu preconceito e seu monstro interior estará delineado. Pelo menos, você
saberá com quem está lidando: com você mesmo.
Se
tiver coragem, olhe nos olhos do seu monstro de preconceito. Olhe todos os
dias, pelo máximo de tempo que conseguir. Entre nas situações em que o
preconceito aparece e perceba cada uma de suas reações.
Quando
você tiver namorado seu preconceito por tempo suficiente, seu monstro interior
lhe dará uma joia. A joia é indescritível.
Não
existe resposta certa.
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