BUDISMO TIBETANO/TSOG - (parte 2)
Atualizado dia 5/19/2009 1:22:59 PM em Espiritualidadepor Lucya Vervloet
Em 2002 participei de um tsog e até hoje lembro dos ritos e ritmos tibetanos de sinos e alguns instrumentos dos quais não sei os nomes. Havia iguarias de sabores variados e não faltaram os quatro sabores exigidos pela cozinha ayurvédica: o salgado, o doce, o amargo e o ácido. Flores, bebidas alcoólicas (vinho vermelho), incenso e fontes de luz, como lamparinas ou velas também são oferecidos como substâncias de sabedoria. A experiência do “sabor único” da oferenda é insuperável como um meio de pacificar os obstáculos externos e internos que surgem da tendência à avidez da mente comum.
Após sete anos (um ciclo), ontem reuni-me novamente com o grupo para mais uma celebração e aprendizado da prática. É sempre um momento de purificação, de alento, um transbordamento de emoções positivas e um reencontro com a verdadeira natureza de nossa mente.
Neste nosso cotidiano de ilusões, obstáculos e sofrimentos, os padrões da projeção dualista (“eu” e “outro”) tornam-se mais arraigados e os obscurecimentos se adensam. Isso provoca oscilações contínuas entre apego e aversão, esperança e medo. O estado de desequilíbrio faz surgir as emoções venenosas da ignorância, raiva, apego, orgulho e inveja, as quais, por sua vez, manifestam-se como obstáculos externos, tais como doença, guerra, fome e uma infinita variedade de circunstâncias cármicas negativas.
Como nos ensina Sua eminência Chagdud Tulku: “O budismo é, às vezes, visto como um caminho espiritual sombrio, em decorrência da ênfase que dá ao sofrimento do samsara. Entretanto, reconhecer claramente o sofrimento é o primeiro passo para se encontrar uma saída; é também um remédio para todas as nossas falsas esperanças e nossa tendência de buscar apoio em prazeres efêmeros que resultam em decepção”.
Quem consegue manter a saúde mental e emocional num caos de mundo como o nosso sem pedir refúgio? Posso dizer que encontrei o meu e espero, de todo o coração, que todos os seres busquem e encontrem seu porto seguro a cada dia com maior firmeza. Por quê? Porque hoje o mundo exige a busca do equilíbrio perfeito. Sim. Perfeito. Quero dizer “meia boca” não mais será o suficiente. A separação do joio e do trigo está mais presente e atuante do que nunca, ou você está com as trevas ou está com a luz. Em cima do muro, neutralidade, indiferença são estados inconscientes do passado. A consciência humana plena precisa manifestar-se e realizar-se com urgência e nós somos os canais, temos o aparelho cerebral especificamente desenvolvido para tal, portanto, sem mais delongas, desculpas ou procrastinação. Quem não quer a verdadeira felicidade? Quem não quer ser realmente alegre de alma, corpo, mente. Confesso que estou cansada de enganar -me com receitas miraculosas e promessas de realizações que, na realidade, proporcionam apenas mudanças momentâneas (da mente) e que nunca alcançam o âmago de meu ser.
Tenho muita compaixão pelos seres mais atrasados e os animaizinhos. Em especial meu cãozinho. Vejo como ele sofre sem nada poder dizer quando seus desejos de liberdade são negados, até mesmo para protegê-lo. Sinto também que ele sofre quando aqui em casa estamos amuados com algum fato triste. Também percebo sua grande alegria quando vai passear na praia. Não existem grandes diferenças de sentimento, intuição e emoções entre nós e eles. Por não possuírem os instrumentos necessários para a autoconsciência e desenvolvimento intelectual aprimorado como o dos humanos, obviamente têm menos opções que nós. Então, resolvi trabalhar com mais afinco para a liberação de todos os seres. Somos ou não superiores? Então, que apoiemos e protejamos nossos irmãos menores, não é mesmo? E pra ser sincera, quem já não assistiu o amor incondicional de alguns seres ditos inferiores para com seus donos, filhotes e parceiros? Eu já assisti a vários exemplos emocionantes.
Ainda estou com o sabor da vivência espiritual de ontem à noite em meu corpo e espírito. Consigo escrever, atender minha mãe (idosa e chorosa), o “joãozinho” (bagunceiro), a diarista (falante, até só), o telefone (problemas de amigos), o trabalho de Espanhol (para hoje à tarde), analisar o volume de contas (que se acumulam) e estressar-me o mínimo. Procuro manter o bom humor, desapego e distanciamento das situações. Como diz o Lama Samten: “O mundo funciona pelas energias e não pela linguagem”. Então, sossego a mente, elevo o espírito, relaxo o corpo e procuro transmitir uma energia mais pacificadora, pois dessa forma crio menos carma e sofrimento para mim e para os outros.
OM AH HUM BENZA GURU PEMA SIDHI HUM
Continua...
Lucya
Texto revisado por Cris
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Astrologia (básico na Regulus/SP) e autodidata. Participei de workshops de Runas, Tarot místico/terapêutico com Veet Pramad. Estudei Numerologia e quirologia. Iniciei-me na energia Reiki. Estudei 12 meses do Curso de Psicanálise/ES. Com uma visão universalista da vida dediquei-me ao aprendizado de idiomas e culturas estrangeiras. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |