Ceticismo, espiritualidade e autotransformação – Parte II

   

Autor Leandro José Severgnini

Continuação...

Semana passado falávamos da dificuldade de conciliação dos assuntos religiosos e científicos. Frequentemente tenho a impressão de que são temas antagônicos e que caminham em direções opostas afastando-se cada vez mais. De fato, da maneira como estão articuladas hoje, a tendência é um afastamento cada vez maior dessas duas linhas de conhecimento. O desequilíbrio é eminente; um cabo de guerra tende a romper-se quando duas forças puxam-no em direções opostas. E observando a influência que essa disputa tem na vida social, às vezes tenho a impressão de que a humanidade é como esse cabo de guerra: se vê puxada de um lado pelos conceitos religiosos que dizem que somos submissos à vontade de Deus, logo, temos que implorar para que ele mude seus planos e nos favoreça; por outro lado há a visão materialista que tenta a todo custo excluir qualquer fator causal da vida e, deste modo, somos um joguete do acaso genético, de fatores econômicos e sociais e não há qualquer fator de influência entre a nossa forma de Ser e a nossa realidade. Apesar de todas as contribuições dessas duas fontes de conhecimento - ciência e religião - as duas pecam, e pelo mesmo motivo: por que oferecem pouca ou nenhuma informação sobre o nosso EU. Ambas tentam formar conceitos e teorias sobre a vida através das manifestações do próprio fenômeno chamado Vida. Mas a manifestação de um fenômeno não é o fenômeno propriamente dito. E essa barreira parece que até hoje não foi devidamente compreendida. Então, creio que devemos ter com clareza em nossa mente que o fator que realmente vai trazer algum grau de compreensão sobre o que somos e por quê somos o que somos, não é um fator externo, não é um conhecimento adquirido de fora para dentro, mas é um conhecimento cultivado de dentro para fora. Isso é espiritualidade, isso é ser espiritualista. Não há necessariamente um vínculo com instituições religiosas ou metodologias científicas arbitrárias, pois você pode não ter crença nenhuma ou colocar em cheque o método científico, mas você não pode negar o seu EU, pois ele está manifesto no aqui e no agora.

Então, voltando ao assunto da semana passada, muitos argumentam que espiritualidade é “coisa de gente fraca”. Sob tudo o que foi exposto eu diria que, ao contrário, é a falta de espiritualidade é coisa de gente fraca, por que é preciso muita coragem para olhar para dentro de si, aceitar que eu possuo falhas e que é apenas o meu ego que não me permite ver que há uma intrínseca relação entre a minha forma de ser e a realidade que me cerca; é preciso muita bravura e determinação para se permitir enxergar que aquilo que eu chamo de felicidade pode ser apenas uma fuga de uma realidade que existe dentro de mim e que eu não quero aceitar. E este, definitivamente, não é um caminho dos mais fáceis. Por isso que a cultura oriental sempre se sobressaiu espiritualmente em relação à nossa cultura ocidental; por que nós tentamos explicar a vida através de escrituras antigas ou de experimentos laboratoriais que jamais chegarão ao âmago da existência, enquanto eles têm a ousadia de fazer a grande viagem em torno do EU. Portanto, espiritualidade não se trata de crenças religiosas ou evidências científicas, mas de encontrar em si mesmo tudo aquilo que eu sempre estive procurando fora.

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Leandro José Severgnini    Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui.