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Desapegar de tudo para Deus tomar posse - parte 1

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Autor Alex Possato

Assunto Espiritualidade
Atualizado em 12/13/2011 6:24:10 PM


Já se vão 4 anos desde o último encontro que tive com Swami Galvão. Desgraçado! Como pôde sumir assim, me deixando entregue a todas minhas neuras? Some, sem nem dar sinal. Coloca um monte de maluquice na minha cabeça, me aponta para um mundo muito diferente, todo estranho, bem diferente daquele que a TV, os jornais e esta sociedade neurótica falam... e... pufff! Sumiu! Desapareceu! Escafedeu-se... como cantava Evandro Mesquita. É. Talvez você não esteja entendendo nada. Não acompanhou meu insólito encontro com o guru mais politicamente incorreto de todos os tempos, em pleno centro de São Paulo, em meio a banquinhas de camelôs, lojas atulhadas de produtos chineses, sacoleiros, policiais e trombadinhas... todos convivendo não tão harmonicamente num dos pedaços mais caóticos desta metrópole.

Voltei lá. Sim, eu voltei, para ver que, no lugar do espaço onde Swami atendia, agora me fitavam dois olhos oblíquos que perguntaram:

- Qué celular? MPtlês? Aipodi?

Meu Deus! Como esses caras conseguem vender se nem falam minha língua?! Nem me dei ao luxo de investigar desde quando havia a loja, se ele sabia sobre o paradeiro do antigo inquilino do espaço... sabia que seria perda de tempo. Tonto, fui ver se o Google sabia algo sobre o Swami.... Que nada, nem uma linha, um blog, uma referência, nada, nadinha. Fiquei então a lembrar o último encontro, ocorrido na Liberdade, o bairro oriental de São Paulo.

Nós entráramos num restaurante... chinês... lá vem esses chineses de novo! Tinha me esquecido... Acho que era na Rua dos Estudantes... Um lugar bem improvisado. Algumas mesas de tipos diferentes, cadeiras que seguiam o mesmo padrão - uma de cada cor e de alturas desiguais, um casal muito atarefado atrás do balcão e dois dos seus filhos - acho eu, correndo entre as mesas lotadas de pessoas que aparentemente, não sabiam nada sobre a comida que era servida. Também, pudera. Deram-me o cardápio. Olhei, e vi um monte de risquinhos. Tudo bem, no final deve ter a parte em português. Que isso! No final só havia uma parte de macarrão grudada, endurecida pelo tempo... Que nojo! Lembrei-me da minha viagem para a Bolívia, onde comi em muitos lugares mais suspeitos que salinha escura de compra e venda de ouro... respirei fundo... trouxe todo o ar impregnado de shoyu, molho de ostra, pimenta e especiarias para dentro dos pulmões, e falei comigo mesmo: vamos lá!

Swami me observava atentamente:

- O diferente te agride, né carinha?

- Já vai começar com o sermão? Reclamei.

- Confessa, mano. Você faz um esforço danado para manter esta cara de bonzinho, que tá tudo bem, tá tudo muito bom, e você é o cara mais aberto do mundo. Mas no fundo tá aí dentro dessa caixola reclamando, comparando, negando. Esquenta não. Isso é assim mesmo. Eu olho por aí, todo mundo fingindo estar bem, ser uma pessoa legal e amável. Quando no fundo, tá louquinho de vontade de mandar todo mundo praquele lugar!

- Se todo mundo é assim, você também é! Disparei, tentando atingi-lo.

- Fui, brother. Fui. Fui um cara insuportável. E talvez eu ainda seja! E deu uma longa e ressonante risada, que fez estremecer todo o seu corpo e balançar a ponta dos seus dreads.

Fiquei espantado, porque raras vezes vi o Swami rindo daquele jeito. Quem terá sido ele, antes de ser o Swami? Um vendedor de consórcio? Professor de yoga? Um artesão hippie? Talvez um economista desiludido? Teria filhos? Mulher? Ou homem?

- Sabe... Swami respirou longamente, antes de falar. Parecia querer recompor seus batimentos cardíacos, depois de se achar tão engraçado... ou sei lá o que. Vou contar uma história. Uma história real. Eu era igualzinho você. Igual a todo mundo. Tinha um monte de coisas na caixola. Certos e errados. Porque me ensinaram assim. Isso é certo, aquilo não. Faz isso, não faz aquilo. É assim que ensinam crianças, né?

- Hummm.

- Depois, saquei que tudo isso é idiotice. Cada um ensina o seu certo, mas tem outros certos. O certo do pai não é o certo da mãe, do vizinho, do tio, do padeiro, do irmão... Comecei a perceber que existem bilhões de certos. Cada ser humano neste planeta tem o seu certo.

- Você já me falou isso, reclamei.

- Pois é, tá aborrecido, né? Sabe quem tá aborrecido? É o ego, cara! Esta parte de você que odeia se ver confrontada. Quer ver? Fala uma coisa pra você que é absolutamente certa!

Percebi que estava caindo numa armadilha, mas não tinha jeito. Com o Swami, era sempre assim. E respondi:

- Deus! Deus é certo. É a única coisa que existe.

- Ahahahahah! Você nem acredita em Deus! Que tá falando?

- Como não acredito, retruquei. Volto meu pensamento a Ele a cada instante.

- Quando a coisa aperta, não é mesmo?

- Sim! Sim! Mas também às vezes lembro de agradecer o que tenho.

- Carinha, quando você vai tomar banho, abre o chuveiro e entra embaixo. Você abre a torneira e nem pensa que não tem água, certo? Já tá lá, peladão, com as coisas penduradas, pronto pra se molhar.

- Onde você quer chegar?

- Você tem a mesma confiança em Deus... como tem quando abre a torneira e espera que a água vai cair? Você reza, Deus ouve. Abre a torneira, cai água. É isso?

- Sim! Quando faço minhas orações, medito, penso que Deus está me ouvindo, sem dúvida!

- E quando não tem água?

- Aí eu fico bravo! É o que você falou. Tô lá, peladão, querendo um banho, às vezes cansado e com calor, e nada de água!

- É isso! O Deus que você acredita só é bom quando ele faz cair água. Você quer tomar banho e Ele tem que te dar água. Do mesmo jeito, você reza, mas fica esperando o milagre. A cada segundo. Não confia nem um pouco, e quer que Deus lhe dê aquilo que pediu. Mas Deus não está nem aí pra você, irmãozinho! Deus é a água, mas também é a falta de água. É o milagre e a desgraça. Deus é tudo. É você e o outro, o cheio e o vazio. O restaurante de luxo e aqui... A sujeira e a limpeza. A doença e a saúde. O que existe neste mundo de Deus que não seja Deus? O que acontece neste mundo de Deus que Ele não esteja absolutamente de acordo?

Fiquei quieto. Sabia que ele ia me pegar. E me pegou. No fundo, eu não acreditava em Deus. Só queria que ele me fizesse bem, trouxesse saúde, paz, alegria, dinheiro, trabalho legal, boas relações, tranqüilidade, paz de espírito. Eu agia como uma criança mimada, pedindo, pedindo, pedindo. E quando recebia, não estava nem aí. Falei que agradecia, mas era uma balela. E se não viesse o que eu queria, ou pior, quando vinha desgraça, era um tal de reclamar da vida, de mim, da minha falta de sorte, do meu não merecimento... e até de Deus... Swami sabia disso. E continuou.

(leia a continuação deste texto, clicando aqui)

 

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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