Desapegar de tudo… para Deus tomar posse - parte 2
Autor Alex Possato
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 12/13/2011 6:27:07 PM
- Um dia saquei que tudo o que eu acreditava na minha mente, eram somente idéias. Balela pura, que aprendi em algum lugar. Minhas idéias nunca chegariam nem ao dedinho mindinho do pé de Deus... não conseguia compreender a dimensão grandiosa do absoluto. Olha cara: eu disse "o absoluto"! É muita coisa. Você não tem nem noção. Fica aí com sua mente racional tentando criar idéias sobre Deus, e não conhece nem o alcance da sua própria mente, que possui outros níveis muito além do que você pensa!
- Que quer dizer com isso? É aquele papo de outras dimensões?
- Olha aí você racionalizando de novo. Pensa, pensa, pensa. Carinha, quando você amplia o seu estado de consciência, tudo isso aqui, que você vê com os olhos, cheira com o nariz e ouve com os ouvidos vai se ampliando. Deixa de ser a única realidade. Você está aqui, mas não está só aqui. Os limites de você se perdem. Você começa a penetrar em mim, e eu em você. Eu começo a pensar com a sua mente, a sentir com o seu espírito, e você com o meu. Já percebeu quantas e quantas vezes eu falo o que você está pensando?
Não consegui responder. O fato de pensar que o Swami podia estar dentro de mim, vendo o que eu via, lendo meus pensamentos, me apavorava. Voltei meus olhos para o cardápio, tentando achar algum prato, mas minhas idéias não funcionavam mais.
- Heeeeiiiii!!! Swami deixara um grito. Pelo menos, a mim me pareceu. E de alguma forma, o que ele falava, como sempre acontecia, era a única coisa que existia, naquele instante que era uma eternidade.
- O ego é um engano. Uma fraude. Um brinquedo da mente. Está na hora de soltá-lo. Está na hora de não acreditar mais no que você acredita. Eu sei que você quer Deus. Eu sei que você busca Ele desesperadamente. E se você quer Tudo, o Todo, o Absoluto, está na hora de desapegar das coisas que lhe são sagradas. Principalmente as coisas que você defende com unhas e dentes!
Sua voz suavizara. Era quase um sussurro, e me preenchia como uma música. O som das suas palavras eram um carinho, um convite ao desconhecido. Mas eu não estava pronto para soltar as coisas que estava apegado. Como soltar minha família, minha responsabilidade? E o meu trabalho? Tinha que viver, ganhar dinheiro, pagar as contas... O meu conhecimento, então!!! Soltar aquilo que demorei anos para adquirir, cursos e cursos que fiz... Soltar... que mais? Ahhh! O meu talento, sim o meu talento. Tinha tantos e tantos! Como me desapegar! Soltar a cerveja de sexta-feira... O churrasco... O futebol do domingo... Não! Não! Não! Por que tinha que soltar tudo isso? Se Deus é tudo, ele é também aquilo onde me apego!
- Tá difícil, né irmãozinho! Swami falava ainda naquele tom doce e gentil, pouco comum a ele. Sabe... continuou ele. Ou é você, ou é Deus. Se você quer tudo, a eternidade, a paz verdadeira, o maior prazer que alguém pode ter num corpo humano, deve soltar tudo. Tudinho. Ainda nesta vida. Deixar o manto, ficar nu!
- Mas como vou largar tudo o que sou? Eu vou desaparecer!
- Isso!!! Gritou ele, alegremente. Aquilo que não é você precisa desaparecer, para Deus tomar posse! Esse é o jogo divino!
Por instantes, fiquei meio tonto. Esta estranha sensação de ter tomado alguma coisa, fumado algo volta e meia me pegava, quando estava próximo ao Swami. Senti uma pressão enorme no meio da minha testa, como se um dedo pressionasse com força aquele ponto onde, mais tarde, descobri ser o sexto chakra. Levantei-me para ir ao banheiro... Precisa andar um pouco, me movimentar... Não suportava aquela sensação estranha por muito tempo, porque meus pensamentos começavam a se embaralhar, meu raciocínio ficava mais lento e confuso, eu achava que ia perder o controle de mim mesmo... Olhei o Swami, ele estava perdido enrolando a ponta da sua barba... Entrei naquele recinto infécto do restaurante, fiquei poucos minutos... Quando retornei, a mesa estava vazia. Ninguém! Ele sumira. Perguntei ao menino chinês, que nos atendia:
- Onde está meu companheiro? Um homem grande, de barba. Eu fazia os gestos, tentando mostrar com o corpo a aparência do Swami.
- Quê???
- Um homem, de roupa esquisita. Comigo! Aqui! E apontei a cadeira vazia.
- Num sei... num vi...
O Swami desaparecera... Já são quatro anos que esse episódio se passou. Neste período, desde o seu desaparecimento, minha vida mudou de ponta cabeça. Tudo o que eu acreditava, foi caindo. Tijolo por tijolo. Comecei a perceber que o guru tinha um poder... um poder terrivelmente transformador, que atira as pessoas para longe, muito longe da zona de conforto. Ele não apenas falava, por falar. De alguma forma, as vibrações que ele transmitia agiam em mim, quer eu quisesse, quer não. Comecei a perceber que uma outra parte da minha consciência queria ser tocada por Deus... Swami, com seu jeito esquisito e polêmico, ajudava neste processo. Eu queria encontrá-lo, queria alívio para minhas dores, meus problemas... mas nada. Enquanto isso, meditei, procurei um monte de seitas, grupos espirituais, tomei daime, fui na macumba, tomei passe, fui no pastor, estudei Kardec, Osho, Yogananda, Gurdieff, Chico... tudo tentando achar Deus. E achei! Em todos... Mas eu queria ser tocado, como os evangélicos falam. E eu não havia sido...
Quem sabe fosse necessário eu fazer uma peregrinação? Afinal, fora no caminho inca para Machu Picchu, dezessete anos atrás, que minha vida começou a mudar... quando pensei que encontrara uma mulher, mas que depois acabou demonstrando ser um guia de luz, enviado para me despertar e colocar-me também no caminho da luz, da paz, da harmonia e da cura. E eu achando que minha vida era ser "somente" um simples empresário...
(leia a primeira parte deste texto, clicando aqui)
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Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
