Do amor emocional ao amor compaixão
Atualizado dia 12/04/2014 11:54:54 em Espiritualidadepor Mariana Montenegro Martins
Precisamos ser amados não apenas pelo que somos, mas apesar do que somos. O que no fundo todos ansiamos é por um amor que sabe respeitar o nosso tempo, um amor que nos aceita sem julgamento. Que vê o essencial em nós, o nosso ser mais profundo. É desse amor compassivo e incondicional que a humanidade mais precisa e que ao mesmo tempo ela mais tem medo. Porque esse amor revela ao mesmo tempo nossas fragilidades e nossa luz maior. Esse amor cura a alma, conciliando-nos com todos os seres, a começar por nós, conciliando-nos com nossas próprias oposições internas.
Esse amor não é um amor humano, esse amor é um amor da alma que se reconectou com o seu espírito, com Deus. O amor humano, como conhecemos, é um amor de afinidades e necessidades. É um amor de clã, um amor emocional e condicionado. Mas o amor da nossa alma, quando religada, é pura energia, faz-nos ter o cuidado, o respeito e a compreensão para com todos os seres. Só o coração sabe o que outro coração precisa. O coração sabe antes. Nele está nossa sabedoria adquirida através de muitas vidas.
O amor é a força de coesão do universo. Sem a energia do amor tudo se desintegraria, das famílias e organismos às galáxias. Não basta amar, é preciso ser ativo no amor, senão o mal -a força desintegradora- vai ganhando terreno. Se eu abro meu coração, como a uma janela, a luz entra; se eu fecho, a treva entra e domina. O propósito maior das almas nesse universo é a integração. E elas fazem isso a cada vez que resistem a tudo o que não é amor, que as separam da comunhão com toda a vida.
Na nossa sociedade, é comum quando a pessoa está fazendo o bem, ela estar indo contra algum mal. Mas esse ato de ir contra, abre a porta para aquilo que se quer evitar - o próprio mal. O ato de lutar contra as injustiças, o que está errado no mundo, muitas vezes reforça-os, ao invés de enfraquecê-los e resolvê-los. O objetivo não é vencer, é se abrir. É cultivar as virtudes da alma, a vida simples da alma. O amor é conciliador. Madre Tereza dizia para não chamá-la para atos contra a guerra, mas para chamá-la a presença de atos a favor da paz, lá ela estaria.
O amor brilha como o sol, abre-se como uma flor e sorri como uma criança. Ser amor e luz é uma escolha de cada momento. Mais importante que um bom lugar fora é um bom lugar dentro. Nós temos a chave da nossa própria prisão, que criamos para nós. Quando a alma se fecha ao amor, quando o ego prevalece, é que surge a dor. Amar o outro até que ele perceba o amor como sua natureza intrínseca. A partir desse momento nos tornamos um. O amor é igual à essência. É a própria vida da essência.
O amor vai abrindo as portas, uma a uma, que devem ser abertas no seu tempo, que é a sincronicidade e a harmonia. Não estamos aqui para resolver a vida, mas para deixar que ela como uma onda flua através de nós. A verdadeira liberdade está na unidade. Eu preciso deixar de me sentir diferente dos outros. Incluo a família humana e a família divina no mesmo amor. A tarefa material e a tarefa espiritual na mesma dedicação.
Não é mais tempo de ser eremita, nem de cultuar deuses nem mestres fora de nós. Nem tempo de exclusividades amorosas, a exemplo de só amar minha família e seres afins. Hoje os seres de luz somos nós, que vivemos uma vida normal sobre a Terra, semelhante a todos os seres, queremos parecer semelhante e ajudar o outro para que ele perceba isso, nossa irmandade na luz e no amor. É ilusão achar que existe um amor perfeito, um lugar ou trabalho perfeito fora de nós. Nós que tornamos perfeitos, com o nosso amor e aceitação da convivência dos contrários em tudo.
Os mundos foram separados quando o ser humano esqueceu quem é, sua origem. Quando esqueceu seu papel arquetípico, o que está fazendo aqui. É na medida da conscientização e da individuação do humano que céu e Terra se unem novamente dentro de nós. Deixar o amor soar em todo o instrumento que somos. O que todo ser precisa de verdade é de amor. As pessoas só vão perceber que precisam é de amor quando forem amadas. E conhecendo o amor, elas aprenderão a amar e serão nutridas, e nutrirão, e nada faltará a ninguém. É quando o coração se fecha que a pessoa se torna infeliz.
Não perder nunca de vista o meu ser e o ser das coisas. Viver no coração é uma escolha de cada momento, um estado de consciência que só existe no momento presente e que me conecta com a essência de tudo a minha volta. Para isso deve existir uma determinação, por seguir na luz cultivando o amor. Para não ser dominada pela vida mental e emocional do ego, mas ser amor e luz. Para poder sintonizar com a perfeição dentro do outro. Não é mais ter razão, estar certa, ter o conhecimento do bem e do mal, o que importa agora é amar incondicionalmente. Não podemos mudar as ações dos outros, mas podemos mudar todas as nossas reações e escolher como queremos viver.
Nos tempos atuais, não basta ensinar o que é correto, mas amar, apesar de tudo, de todos os erros e imperfeições da humanidade. Estar diante do outro apenas, como alma, nada mais importa, não há mais tempo sobre a Terra. O que importa é a intenção e a disposição de amar e semear o bem. A alma não precisa de muitos conhecimentos externos, ela precisa ser simples, despojada, aberta ao outro, disposta a servir. Com coração de criança, amarmos com o amor incondicional da mãe, todos os seres.
Texto revisado
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Escritora, jornalista, educadora e terapeuta. Nascida no Rio de Janeiro, no solstício de verão, sob o signo de sagitário. Site: http://trilhasdoser.com.br/site/ E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |