Entrevista com Deus
Autor Heloisa Aragão
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 22/12/2007 22:58:48
Deus preocupado com o andamento das coisas na terra resolveu fazer uma visita para uma rápida consultoria. Pedro, um funcionário público, anotava algumas informações em seu computador quando notou a presença em sua sala.
- Bom dia – disse o homem para Pedro.
- Bom dia – retrucou Pedro – em que posso ajudá-lo?
- Preciso de ajuda, assim vocês acabam de vez com o planeta.
- Não entendi o que o senhor disse.
- O mundo, o mundo do jeito que está vai acabar.
- Ah, isso o senhor tem razão, vai acabar mesmo, com certeza.
- É por isso que eu estou aqui, para dar mais uma chance.
- O senhor quer fundar uma ONG para a preservação do mundo?
- Não, só quero ajudar as pessoas a me encontrarem.
- Ah, então, é só colocar um anúncio no jornal com nome e celular.
- Não tenho celular.
- Não tem celular? De onde o senhor vem?
- De todos os lugares.
- Ah, se você viaja tanto assim fica difícil. Ninguém gosta de ligar interurbano, a menos que o senhor aceite.
- Aceite o quê?
- Ligações a cobrar.
- Só quero que as pessoas me encontrem.
- Vamos simplificar a coisa e fazer da maneira burocrática.
- Maneira burocrática?
- Nome, idade, endereço, o de sempre.
- Papéis, vocês adoram papéis. Dão uma importância para isso...
- Quer fundar uma ONG em proteção das árvores de onde se extrai a celulose?
- Não, quero apenas que me encontrem.
- Ok, ok. Nome?
- Deus.
- Sobrenome?
- Deus de tudo, do visível e do invisível.
- Afinal é Deusdetudo Visível ou Desdetudo Invisível?
- Deus, o único.
- Ah, aquele Deus!?
- Em pessoa.
- Pensei que o senhor usasse barba.
- Por quê?
- Ué porque naquele tempo todo mundo usava barba.
- Que tempo?
- O tempo de Deus, ora.
- O tempo de Deus é sempre, é agora, é antes e depois, é atemporal.
- Tenho uma dificuldade de entender isso. Próximo item: Idade?
- Não conceituo as coisas num tempo-espaço. Sou eterno, sou, fui e serei.
- Assim não dá. Se o senhor já foi, está morto. Se o senhor ainda não é nem nasceu.
- Mas eu sou imortal.
- É mas o cadastro do computador não sabe disso. Tenho que colocar uma data. Quer escolher alguma?
- Não, pode escolher você.
- De que forma o senhor quer que o encontrem?
- Ensinando vocês a se conhecerem melhor. Amando uns aos outros como...
- Essa não dá.
- Por que não dá?
- Porque já foi dita pelo seu filho, o senhor vai ser acusado de plágio.
- Mas isso é um absurdo!
- Absurdo, mas verdadeiro. Não tem nada mais original, não? Podia pelo menos usar um ou outro argumento da tábua. Modificado, é claro, para evitar processos. Direito Autoral é coisa muito séria hoje em dia. A tábua é uma boa.
- Que tábua?
- Aquela do Moisés que diz "Não matarás, não cobiçarás ... etc.
- Aquilo não funciona. Vocês têm essa mania de proibir tudo, não sei de onde tiraram essa idéia.
- Então Moisés não falou com o senhor?
- Falou, lógico que falou. O problema foi a tradução, por isso não deu certo.
- Não deu certo?
- Não deu. Alguém ssegue os tais Mandamentos?
- Não.
- Viu, então não deu certo! Não se manda no amor.O amor tem que vir de dentro para fora, não de cima para baixo. Vocês precisam de alguém para os orientar.
- Então o senhor quer ser um orientador?
- As pessoas têm que me encontrar primeiro.
- E de que forma elas poderão encontrá-lo?
- Isso está meio repetitivo, posso responder diferente?
- Não sabia que Deus tinha senso de humor.
- Lógico que tenho. Vocês é que têm muito pouco, são fadados a uma tragédia.
- Não vejo senso de humor no mundo, aliás só vejo tragédia mesmo.
- Já prestou atenção em uma banana? Ou num pavão quando ele se abre todo? O pescoço da girafa? Ouvir o mar numa concha ? O gelo derretendo, os abismos, os vulcões...mas não, vocês nunca estão satisfeitos. Querem um mundo perfeito, um mundo sem contrastes, sem cores, sem volume. Um mundo sem contexto nem textura. E sempre que ocorre uma catástrofe, fruto da forma como vocês tratam a mãe-terra, logo culpam a mim. Por que vocês simplesmente não assumem a responsabilidade por vocês mesmos fazendo em vez de fazer vista grossa para a lei de Causa e Efeito. Depois ficam lamentando e pedindo ajuda, aí, me chamam de Pai.
- Perái, Deus, acho que você....Posso te chamar de você?
- Já me deram tantos nomes. Pode me chamar do que quiser.
- Acho que você está tirando a sua responsabilidade das coisas.
- Não, você é que entendeu tudo ao contrário. Eu crio um mundo tão diverso e lhes dou o livre-arbítrio e o que vocês fazem com isso? Criam guerras atômicas, holocausto, escravizam, invadem, humilham, torturam.
- É estamos chegando a um impasse, tá difícil ajudar, e eu queria tanto.
- É o mundo está cheio de boas intenções que não dão em nada.
- Já sei. Por que você não escreve um livro? Imagine, um livro escrito pelo próprio Deus? Você me daria uma autógrafo?
- Vocês já escreveram muita bobagem sobre mim.
- Bobagem? Mas todos falam sobre você, falam sobre o respeito e o amor.
- Neles sou o dono da verdade, o que cria e destrói, vocês se esquecem que são parte de mim.
- Ah, peraí, não vai me dizer que você não vai julgar os vivos e os mortos!
- Não há Juízo Final, eu não tenho que perdoar ninguém, não tenho que julgar ninguém, nenhum de vocês é melhor do que o outro. E aliás, diga-se de passagem, vivem mais preocupados com a vida dos outros. Preocupam-se com o externo em vez de procurarem o interno. O tempo de vocês passa muito rápido.
- Muito rápido?
- Para a eternidade é o piscar de um olho.
- Então não há céu ou inferno?
- Não do jeito que você imagina. Não é uma história com começo, meio e fim. Isso é a necessidade de vocês de inventar leis, julgar, fazer justiça. Para quê escrever alguma coisa mais?
- Para a gente ler?
- Não vai adiantar nada. Não é desse jeito que vocês vão me encontrar. O cérebro nunca vai reconhecer a minha existência. Para ele eu sou apenas uma necessidade dos mais fracos, das mentes primitivas. O cérebro tem necessidade de negar a minha existência. O amor incondicional é o oposto da lógica.
- Isso é verdade. Por que você não funda uma nova religião?
- Mais uma? E em vez de vocês se unirem por mim, vocês brigam por mim. Eu não sou propriedade de ninguém. Não sou sequer uma coisa física. Como alguém pode me possuir?
- Você daria um excelente orador!
- Mas totalmente incompreendido.
- Totalmente.
- Eu quero que vocês percebam que são centelhas divinas.
- E como fazemos isso?
- Silêncio interno.
- Silêncio Interno?
- Você está parecendo um eco.
- E como a gente faz?
- Preste atenção em você. Reserve alguns minutos do dia para ouvir seu coração batendo, seu estômago roncando... Depois você começa a se conhecer novamente, de dentro para fora.
- E?
- E, você começa uma vida nova sem mentiras ou falsidades, sem limites nem regras!
- Sem regras! Quem vai controlar?
- ah, o controle, sempre o controle. Só a verdade liberta. E quando todos forem livres...
- Será o caos.
- Não, nesse momento vocês me encontrarão e seremos um.
- Que Paz! Silenciar, perceber, receber. O que mesmo você queria pedir?
E nesse momento, fez-se um clarão e o coração de Pedro se iluminou. Deus abandonara aquela forma humana, pois sabia que alguém o havia encontrado e iria espalhar a boa nova.
Heloisa Aragão
www.rashuah.com.br
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Heloisa Aragão é jornalista, ministra cursos de Meditação Ráshuah, dá palestras sobre Frequencias Cerebrais, Os perigos da ilusão, Dramas de Controle, entre outros. Aplica Testes Vocacionais Ráshuah, maiores informações pelo telefone (21) 2484-1571 ou pelo site www.rashuah.com.br E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
