Entusiasmo e a condição de se manter dócil
Atualizado dia 5/16/2011 10:55:27 PM em Espiritualidadepor Cléo Busatto
No dia seguinte, a poucos momentos da abertura do evento, dei-me conta que estava feliz por estar lá e falar aos professores sobre esse assunto que me encanta: oralidade e leitura literária. Mas, mais feliz ainda eu estava, por ter vivido os imprevistos do dia anterior com calma e por ter mantido a doçura comigo mesma. Naquele momento eu estava bem e alegre e era esse ânimo, essa energia que permearia minha fala. Assim foi. Deslizou.
Mais tarde, andando de volta ao hotel, cruzei com um professor que estava na palestra. Ele veio me cumprimentar e observou que meu entusiasmo foi contagiante. Sim, eu disse, acho importante estar neste estado de exaltação do espírito, por que isso implica em manter vivo o sopro criador, que nos faz cúmplices e participantes da vida. Entusiasmo é a força que me inspira, anima e me propulsiona a criar com amor. Isso quer dizer carregar Deus dentro de mim. Não dá para negar a dimensão do sagrado, nem mesmo numa fala científica. Creio que essa realidade deve ser vivida no dia-a-dia, não apenas nos templos. Sem ela a vida se torna árida e sem sentido.
Reafirmo em cada encontro literário, em cada discurso sobre os efeitos e afetos da leitura literária, a urgência em recuperar as dimensões não passíveis de experimentação, mas tão reais quanto distinguir um copo de água de um copo de vinho. Pneuma e psyché devem voltar a andar juntas com soma. Esse é o desafio da educação na contemporaneidade, integrar o que foi fragmentado e humanizar o ato de educar. Entusiasmar meus comparsas, esse é o tom.
Texto revisado
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