ERGUER A ESPADA EM NOME DA PAZ
Autor Antony Valentim
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 22/09/2013 13:26:56
Os princípios evangélicos cristãos pregados por Jesus nos ensinam a mansuetude, a misericórdia, a benevolência, o perdão das ofensas e todas as premissas austeras que uma pessoa de bem deve observar na construção de um homem novo e para o sepultamento definitivo do homem velho. Assevera o Mestre que não se deve buscar a paz do mundo, mas a paz que Ele pode nos dar. Auxilia-nos com a oferta generosa de aliviar nosso fardo sempre que recorrermos a Ele. Repreende o discípulo que pela espada fere o soldado que o prenderia. E no último ato, ainda pede que o Pai nos perdoe por não sabermos o que estávamos fazendo ao crucificar o espírito mais evoluído, a potencia celeste mais grandiosa que este mundo havia recebido.
Jesus sabia (e sabe) da importância da harmonia nos relacionamentos humanos, pois é através dos semelhantes, que as pessoas se qualificam como seres melhores e mais dignos de bênçãos. Deus, em sua infinita sabedoria, nos permite a experiência humana não para termos isso ou aquilo, conquistarmos esse ou aquele título, granjearmos esse ou aquele benefício. Tudo isso importa sim, pois embora seja mundano, é no mundo que vivemos. Mas o cenário de nossas vidas é apenas um grande teatro que tem começo, meio e fim, e esse fim prova que todas as coisas são efêmeras. O único bem que permanece é o que quardamos em nosso coração, pois o espírito não morre nunca, e os valores que angariarmos na existência humana é o que levaremos para além da vida física. Ocorre que a única forma de angariar esses valores é passarmos pelo cadinho esfogueante do convívio com o outro.
São nas diferenças de personalidade, vontade, gostos, crenças, estilos de vida, trato pessoal, decisões, idiossincrasias e principalmente atitudes - na eterna escolha entre fazer o certo ou o errado versus as escolhas de agor com rigor ou benevolência diante do outro - é que vamos vencendo em nós mesmos as tendências inferiores que temos até chegarmos um dia a ver nas arbitrariedades do mundo, apenas a forma que a Sabedoria Infinita nos concede de nos instruir dentro dessas variadas e inúmeras oportunidades de aprendizado. O Mestre de Nazaré sabia que o corpo emocional das pessoas é o verdadeiro campo de batalha da vida, e é nesse campo que conquistamos a paz celeste, mesmo que tenhamos que perder a guerra da vida.
Mas os textos bíblicos nunca mostram e nem fazem menção à Jesus se conciliando com os chamados demônios. Ao contrário: Ele os expulsa. Mas quem são os demônios a não ser espíritos de homens e mulheres revoltados e impenetráveis a qualquer conceito de luz e regeneração? Se Deus é o criador de todas as coisas, por que criaria espíritos originalmente perversos e demoníacos? Para que finalidade? Pois se tais seres não tivessem sido criados por Deus, então teríamos que admitir a existência de dois poderes de criação, o que é distante de qualquer noção de razoabilidade para quem tem um mínimo de conhecimento espiritual. Mas por que Jesus não se reconciliava com esses seres ou não usava de todo o seu Poder para convertê-los ao bem? Primeiro porque o livre arbítrio é uma lei de Deus, e segundo, porque eram seres inatingíveis a qualquer noção de bondade, agiam premeditadamente no sentido de alastrar o mal, e diferentemente dos que eram maus por causa das suas fragilidades emocionais, tais demônios eram a exemplificação da perversidade.
Porque fazer o mal em função de alguma deficiência moral ou emocional e se arrepender em seguida é plausível e característico de nossa condição humana, mas os perversos fazem o mal e sentem uma espécie de prazer nisso. Não seria lícito que o Mestre despendesse energia para os adoradores da perversidade, os que fazem o mal e se regozijam na maldade, sentindo uma estranha satisfação ao ver o outro ser violentado, machucado, destroçado - física ou moralmente.
Diante da perversidade prazerosa, é preciso levantar a espada. Não para ir contra os ensinamentos do Mestre Nazareno, mas justamente seguir os seus passos, expulsando de nossas vidas situações financiadas pelos que sentem prazer em nos ver sangrar, que se riem de nossas derrocadas, que cravam em nós o punhal da sandice e se comprazem de alegria movimentando o artefato dentro da área afetada para que doa mais. Não se trata de apologia a revidar o mal com o mal, mas uma coerente atitude de preservar nossa cooperação na obra da vida sem que os perversos nos anulem as qualidades.
Não por acaso, o Anjo Miguel (Asthar Sheram) é conhecido como príncipe da milícia (exército) celeste, na figura do guardião contra as perversidades do mal.
Um dia depois da missa e em uma conferência com os cardeais, o Papa Leão XIII (1878-1903) caiu e recebeu uma visão do inferno. Os médicos correram e temiam que ele estivesse morto. No entanto, ele abriu os olhos, apenas alguns minutos depois e gritou:
"Oh, uma imagem horrível que eu tive permissão para ver! Legiões de demônios saíram das profundezas do inferno para causar a destruição das almas. De repente, São Miguel Arcanjo apareceu e lutou contra os demônios e os mandou de volta para o abismo do inferno". Em seguida, o Papa Leão XIII criou uma oração em honra de St. Michael (Anjo São Miguel Arcanjo - Comandante Ashtar Sheran) que diz:
"Glorioso Príncipe dos exércitos celestes, São Miguel Arcanjo, defendei-nos na nossa batalha contra os principados e potestades [do mal], contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra os espíritos do mal, nas legiões celestes. Venha para a assistência de homens que Deus criou à Sua semelhança e a quem Ele redimiu a grande preço da tirania do demônio. Veneramos-te como nosso guardião e protetor. A ti, o Senhor confiou as almas dos redimidos para serem levadas ao céu. Rogai, pois, que o Deus da paz esmague a Satanás debaixo dos nossos pés, para que ele não possa manter o homem em pecado e fazer mal à nós. Oferecemos nossas orações ao Altíssimo, que sem demora elas possam chamar a Sua misericórdia sobre nós, tomando posse do dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, prendê-lo e lançá-lo no abismo, de modo que ele já não possa seduzir as nações. Em nome de Jesus Cristo, nosso Deus e Senhor, fortalecido pela intercessão da Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus, do bem-aventurado Miguel Arcanjo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e todos os santos, nós confiantemente comprometemo-nos a repelir os ataques e enganos do diabo".
E se Deus (que é amor) ajuda o homem através do homem, talvez como quem tente copiar a estratégia, o demônio (que é o desamor) prejudica o homem através dos que se sintonizam com os intentos da perversidade.
Concepções dessa ou daquela religião à parte, há momentos na vida em que temos que desembainhar a espada e erguê-la contra os maus, e nada, absolutamente nada deve nos impedir de lutar o bom combate para impedir que o perverso nos destrua. Muitas vezes, a perversidade vem acompanhada da inteligência, e nesse caso, maior ainda deve ser nosso empenho em guerrear pela justiça contra a inteligência do homem mau, pela verdade e pela libertação do julgo daqueles que, com a visão enodoada pela empáfia e o coração envenenado pela malignidade, criam as mais sórdidas ciladas repletas de inverdades para alimentar o prazer íntimo de ver um espetáculo de destruição. Diante de situações como esta, ergamos a espada em nome da paz!
Avaliação: 5 | Votos: 9
Antony Valentim é um ser comum, sem privilégios ou destaques que o diferenciem das demais pessoas. Devorador de livros, admirador de culturas religiosas sem preconceitos, e eterno aprendiz do Cristo. Mestre de nada, sábio de coisa alguma. Alguém como você, que chora, sorri, busca, luta, exercita a fé e cultiva no peito a doce flor da esperança. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
