Espiritualidade - conscientização do perdão e da reconciliação.
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Autor Marcos F C Porto
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 1/2/2011 10:41:44 AM
Acompanhamos ao longo deste ano recém terminado, seja pela imprensa falada, escrita ou vista, incluindo internet e seus derivativos, as notícias de que pessoas ou grupos têm deliberadamente ameaçado, ofendido e injuriado outras pessoas, e que as respostas têm sido de diferentes formas.
Quase sempre as respostas envolvem raiva ao insulto ou à ofensa do outro, ou ao horror dos ataques destruidores dos terroristas, levando o medo aos inocentes.
Caso estejamos pessoalmente envolvidos ou não, muitas dessas ações humanas incluem machucaduras em outros, violando o maior de todos os mandamentos: amarmos uns aos outros.
Vamos lá refletir sobre o tema?
Todos lembramos de uma de nossas primeiras lições de infância, que seguia imediatamente depois de termos tomado o brinquedo de outra criança, ou sermos rudes com qualquer criança ou adulto. Ouvíamos sempre a orientação clara e diretiva: “Peça desculpas!”
Podemos ter aprendido e mantido esta expressão na memória, mas é claro que aprendemos desde muito cedo por experiências, que algumas de nossas atitudes não são aceitáveis.
Então quando o outro aceita nossas desculpas, iniciamos nosso aprendizado sobre o perdão.
Esperamos que a outra pessoa aceite nosso arrependimento, de forma que a vida siga seu curso.
Este é o ciclo do perdão e da reconciliação, que perseveramos em seguir nas nossas vidas.
Reconciliação é o principal objetivo de quem busca a paz.
Ocorre quando disputantes ou conflitantes desenvolvem novo relacionamento baseado em assumir erros, desculpas, perdões e confiança renovada.
John Paul Lederach, Doutor em Sociologia e atual Professor de Pacificação Internacional da Universidade de Notre Dame, Estados Unidos, descreve reconciliação como “a descoberta do campo onde confiança e perdão se encontram, e onde paz e justiça se tocam”.
Assim reconciliação envolve o processo: une pessoas, capacitando-as crescerem além do passado, restabelecendo um relacionamento, pacífico, confiante e normalizado no presente.
Quando ampliamos nossa visão para a conscientização do perdão e da reconciliação seja entre países, grupos, raças, casais, pessoas, religiões, facções ou incontáveis outras divisões, a solução não se apresenta muito simples.
Duas possíveis medidas estão disponíveis para nós: Primeiro refletir sobre o ocorrido, tentando encontrar o que é justo para cada uma das partes, buscando não deixar que a raiva prevaleça, seja de nossa parte ou na do outro. Este é o desempenho do pacificador, o qual não é nem simples e nem sempre bem sucedido.
Segundo buscar nas citações e palavras dos antigos Mestres que nos antecederam as mensagens, para serem refletidas como orientações dos nossos cotidianos. Faz sentido?
Mahatma Gandhi (1869-1948) líder espiritualista hindu, responsável pela independência da Índia, nos diz em duas oportunidades do seu iluminado aprendizado; “O fraco nunca perdoa. O perdão é um atributo para o forte”; ou ainda: “O ‘olho por olho’, tornará cego o mundo”.
Muitas vezes ouvimos: “Perdôo, mas não esqueço”. Perdoar é também esquecer. Não se trata de arrancar as células da memória, mas é ‘arquivar na 5ª gaveta’, para ir sendo queimado no fogo do tempo.
As crianças possuem sabedoria, paz e amor bem aflorados nas suas observações espontâneas. Exemplo disso é a historinha da menina de sete anos, mostrando já seu profundo entendimento dos caminhos do Ser Maior Criador Deus. Em uma das reuniões familiares durante comentários sobre religião, alguns participantes expressavam calorosamente suas diferenças de opiniões baseados nos preceitos religiosos desta ou daquela igreja, como sendo as suas verdades. A menina observava em silêncio e já sentia a ausência de sua vovó que não estava presente, e que certamente não estaria de acordo com o ritmo da discussão. Buscando referência no que ouvia da vovó, em determinado instante a menina falou com voz firme: “Vovó não faria isso. Vovó é como Deus, muito devagar para ficar brava!”
Esta historinha deverá ecoar sempre em nossas memórias, ao presenciarmos opiniões opostas seja entre pessoas, grupos ou comunidades. Correto?
O Ser Maior Criador Deus que está conosco em nossos corações, é sempre “muito devagar para ficar bravo”, e muito mais generoso no perdão e compaixão.
O infinito perdão do Ser Maior Criador Deus nos convida a aprofundarmos nosso comprometimento com o amor, seja conosco mesmos, com os outros, com o planeta.
Perdão possui sua realidade em diferentes aspectos: Perdoar-nos por ofensas a nós mesmos, quando nos desconsideramos com críticas. Ainda mais há paciência e esperança no aprofundamento do conhecimento da magnitude do Ser Maior Criador Deus, que se mostra pródigo em ser ‘muito devagar para ficar bravo’ e generoso em perdão e compaixão.
Devemos sempre lembrar que Ele está sempre à nossa frente – ao nos dar – antes mesmo de pedirmos.
Também pedimos perdão ao que inadvertidamente e sem intenção ofendermos por palavras, ações ou mesmo omissões.
Igualmente importante na nossa qualidade de ser é nossa rapidez em nos livrarmos do ressentimento ou da mágoa, não deixando que ‘façam ninho’, perdoando, mesmo sabendo que a outra pessoa acostumada nas suas grosserias, irá de forma inconsciente reincidir, mas caberá a nós sabermos como lidar com isso, não deixando de perdoar.
À medida que nos tornamos rápidos em liberar ressentimentos, mágoas ou sensações de traição, nos permitimos ‘desatar os nós’ que nos prendem em energias mais densas, porque perdoar é basicamente liberar o desejo de revanche de auto defesa, elevando nossos níveis de consciência. Está claro?
Sidarta Gautama (563-483 a.C.) o Buda nos diz sobre o perdão: “O segredo da felicidade está na liberação da mente das amarras mundanas”; ou ainda: “Manter raiva é como segurar um carvão em brasa, na intenção de atirar no ofensor; você é o primeiro a ser queimado”; ou mais ainda: “Compreender tudo é perdoar tudo”.
As reações do ‘não perdão’ limitam nossa liberdade de sermos amorosos, gentis, cordiais, negando o amor que poderíamos estender, caso sejamos ‘muito devagar para ficar bravo’.
Poderemos argumentar que: “Eu sou assim mesmo, e não mudo, sou um simples ser humano!”
Na realidade não devemos esquecer que somos seres humanos espirituais criados à imagem e semelhança do Ser Maior Criador Deus, suas filhas e seus filhos tanto no singelo do sutil, como na delicadeza do Sagrado.
Esta é a Graça com que o Ser Maior Criador Deus age sobre nós, nos dando sabedoria, paz, amor e livre vontade que enxergamos em nós e nos outros quando conscientizamos nossas atitudes de perdão e de reconciliação.
Esta Graça nos ilumina nos momentos de imperfeição e dúvidas tanto nas nossas ações como nas de outros, e nos faz esperar com paciência e esperança para que prevaleça a equivalência de que, a quantidade que doamos, será idêntica, a que iremos receber.
Mestre Jesus nos orienta de forma assertiva, quando nos diz: “Olhai por vós mesmos. E se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e se ele se arrepender, perdoa-lhe.” Lucas 17:3.
Voltaremos ao assunto.
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Marcos F C Porto – Terapeuta Holístico - Psicoterapia Holística Transpessoal – CRT 44432, Diplomado em ITC - Integrated Therapeutic Counselling, Stonebridge, UK, trabalha auxiliando pessoas na busca da sua essência, editor do OTIMIZE SEU DIA! há 23 anos, autor do livro - Redescobrindo o Eu Verdadeiro, facilitador de Grupos de Reflexão há 20 anos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |