Espiritualidade - experiência espiritual com nossa vulnerabilidade
Atualizado dia 3/31/2019 12:05:42 PM em Espiritualidadepor Marcos F C Porto
Cada um de nós vive com incertezas e medos de rejeição e perda, assim como somos condicionados a evitar sentir ou expressar vulnerabilidade. No entanto, na intimidade de nossa vida vivida, vulnerabilidade é a porta de entrada para nos conectarmos autenticamente com os outros, plena vivacidade e realização espiritual.
Vamos, então, refletir sobre o tema?
Ao longo de toda nossa vida, somos ensinados que o estado oposto do nosso ser verdadeiro não é apenas preferível, mas virtuoso, igualando aquele a ser ingênuo e fraco.
Sermos protegidos pela zona de conforto e insusceptível aos caprichos da vida é elogiado não apenas como virtude, mas como o "ideal" emocional e mental em nossa sociedade. Afinal, quem quer se machucar? Quem quer ser exposto aos infortúnios que nos acontece na vida? Resposta óbvia... muito poucos de nós! Faz sentido?
A realidade é que não apenas somos todos vulneráveis, não importando o quanto tentamos não ser, evitando vivenciar nossa vulnerabilidade com nossa mente confusa.
Paradoxo da vulnerabilidade: é o primeiro aspecto que procuramos nos outros e o último que queremos que observem em nós.
Vulnerabilidade é uma parte muito intrigante da nossa experiência humana, não queremos isso, mas precisamos disso.
A verdade é que vulnerabilidade nos torna mais suscetíveis a mágoa, desgosto e desapontamento - não há como negar isso!
No entanto, sem nos permitirmos ser vulneráveis, não podemos experimentar a alegria e o arrebatamento da vida, em sermos autênticos seres humanos, aceitando nossas imperfeições.
Portanto, sem quebrarmos nossa ilusão de fachada perfeita, por exemplo, nós nunca seremos capazes de expressarmos nossas fragilidades e falhas. Não aprendemos as lições com o que nos abala, desafia e expõe, nem conseguimos nos conectar e criar nosso santuário de aceitação e compreensão nos posicionando como seres imperfeitos.
Ser vulnerável é ser corajoso, pois a vulnerabilidade é desafiadora diante do medo, aceitando a incerteza do condicionamento. Recusarmos ou negarmos nossa própria vulnerabilidade é, por medo, nos fecharmos à vida e suas oportunidades. Correto?
Vulnerabilidade favorece nosso estado autêntico de ser. Ser vulnerável significa estarmos abertos, tanto aos dissabores, como aos prazeres. Estarmos abertos às feridas da vida significa também estarmos abertos à generosidade do amor e à beleza.
"Por que cargas d´água iria me tornar vulnerável?" Para muitos de nós, esse é o tipo de reação automática dada a essa perspectiva. A verdade é que existem muitas razões as quais: abraçarmos a vulnerabilidade permite que nos sintamos mais conectados com o outro e, assim, construamos laços mais satisfatórios; melhora nossos relacionamentos afetivos e de amizade, tornando-nos disponíveis emocionalmente; permite que sejamos mais autênticos e honestos conosco mesmo e com o outro; abre muitas portas para nós que, de outra forma, poderiam permanecerem fechadas ao nos mantermos defensivos; podemos ser desafiados e, assim, crescermos, e sermos fortalecidos; promove nosso bem-estar, permitindo que experimentemos de coração o que a vida tem a oferecer; favorece nossa elevação de níveis de consciência, nos despertando para nosso aprofundamento espiritual.
Muitas das vezes, sermos vulneráveis de começo ainda é uma experiência aterrorizante, algo que equivale a estarmos indefesos diante de uma onça pintada, e das grandes.
A verdade é que esse medo é o mesmo para quase todos nós. Não estamos sozinhos. Muitos de nós, onde me incluo, provavelmente ainda está aprendendo a abraçar a vulnerabilidade e a dominar esse grande ato de bravura em nossa vida.
Observemos o outro lado desta situação: uma das maiores razões pelas quais muitos de nós nos tornamos fechados é devido à nossa falta de confiança e autoestima. Quando temos pouco respeito por nós mesmos, a crítica e o julgamento dos outros surgem como enormes golpes que severamente nos enfraquecem. Não nos admira que muitos de nós desprezem a vulnerabilidade! Quanto mais amor autocultivarmos em nós mesmos, mais confiança teremos e, portanto, mais fácil é abraçarmos a vulnerabilidade, não é verdade?
Confiança em nós mesmos é um sentimento a ser conquistado e começa em permitir que sejamos vistos, observados. Vulnerabilidade soa, então, como confiança na nossa verdade de ser. Verdade de ser e confiança nem sempre são confortáveis, mas nunca serão fraquezas. Vulnerabilidade é o berço do nosso amor, pertencimento, alegria, confiança, empatia e criatividade.
Nossa Criação Divina nos capacita em usufruirmos confiança em nós mesmos como seres integrados de Corpo-Mente-Alma. Está claro?
Cristen Rodgers, poeta espiritualista nos diz: “Confiança na Alma é como a flor na primavera, abrindo lentamente as pétalas bem fechadas para evidenciar a própria essência interior da criação. Ela retira camada após camada protetora até que a verdadeira natureza esteja totalmente exposta, deixando cair máscaras, desarmando mentiras, liberando julgamentos, até que finalmente revela a Centelha Divina cintilando dentro dela”.
Quando somos condicionados por nosso controle, será preciso deixarmos de lado a necessidade de controlar, reconhecendo e aceitando nossas imperfeições, deixando de lado controlarmos como os outros nos veem, será um passo essencial para abraçarmos a vulnerabilidade. Praticarmos a não resistência é difícil, mas não impossível, porque se trata de habilidade vital essencial.
Vulnerabilidade é um bem imenso e, no entanto, nossos valores e ideais atuais na sociedade retratam-no como indesejável e perigoso para o nosso bem-estar. Na realidade, o oposto é verdadeiro: nossa vulnerabilidade nos capacita a amarmos e a crescermos mais forte.
Vulnerabilidade é corrermos o risco de expor nossa ausência de compreensão espiritual. Pode parecer incerto, mas não há outro caminho para nossas experiências espirituais mais significativas. Somos Seres Divinos com o propósito de nos conectarmos com o Ser Maior Criador Deus e com o outro, e vulnerabilidade é um dos requisitos para alcançarmos esse propósito.
Chegou nossa vez! Sintamo-nos à vontade para compartilharmos com o outro nossas experiências sobre esse excelente fator de autotransformação pessoal e espiritual!
Voltaremos ao assunto.
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Marcos F C Porto – Terapeuta Holístico - Psicoterapia Holística Transpessoal – CRT 44432, Diplomado em ITC - Integrated Therapeutic Counselling, Stonebridge, UK, trabalha auxiliando pessoas na busca da sua essência, editor do OTIMIZE SEU DIA! há 23 anos, autor do livro - Redescobrindo o Eu Verdadeiro, facilitador de Grupos de Reflexão há 20 anos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |