Espiritualidade - clarificando os segredos do desapego - Parte I
Atualizado dia 22/04/2012 12:50:22 em Espiritualidadepor Marcos F C Porto
Com este pensamento em mente, vamos nos permitir acrescentar outro, para nos ajudar a enxergar além do seu propósito especial, que está ‘escondido’ na visão aparente.
Caso nossas mãos fossem feitas exclusivamente para ajudar a moldar, fechando-se dessa forma em torno de algo, e se apegando a isso, tudo não se tornaria logo obsoleto e velho para nós, se assim estivesse concentrado todo o poder delas? Imaginemos como a vida seria, se fôssemos incapazes de tocar qualquer coisa nova?
Vamos lá refletir sobre o tema?
Para sermos capazes de tocar e apreciar o que é novo, nossas mãos também são criadas para abrir, deixando ir tudo o que nelas não é mais útil.
Esta mesma verdade básica se aplica ainda mais, quando se trata de nossa necessidade de despegar pensamentos e sentimentos antigos desgastados, que obstruem primeiro, e depois comprometem nosso coração e mente.
Esses estados cansativos e desgastantes de nós mesmos tornam-se ‘prisioneiros’ dentro de nós, porque não sabemos como desapegá-los.
A partir do momento que compreendemos que desapegar ou deixar ir é a metade faltante de toda a alegria que nosso coração anseia - que é um parceiro necessário e completo no poder de descobrir e completar nosso Eu Verdadeiro - tudo sobre nossa vida se tornará mais fácil.
Despertaremos, então, para um tipo silencioso de fé, que nada teme!
Novas possibilidades surgirão quase a cada momento, porque uma simples placa invisível estará pendurada em nossa testa com os dizeres - "aberto para negócios".
E, como nosso contentamento cresce com o que somos - dentro de nós mesmos – nos comprometendo a ganhar a aprovação do mundo ao nosso redor.
E o melhor de tudo, como resultado de nossas crescentes descobertas sobre o segredo do desapego, nos encontramos no limiar de resolver os maiores mistérios sobre a Terra: Quem somos nós? Por que estamos aqui? E qual é o nosso verdadeiro papel neste mundo?
Para que comecemos a enxergar a realidade - como é - na sua expressão intemporal de criar a vida, aperfeiçoando-a, e então desapegando, deixando ir, percebemos que nós mesmos somos parte integrantes desta grande história eterna e sem fim. Faz sentido?
E se toda a vida está sendo feita nova a cada momento - e nós mesmos somos parte de seu processo interminável de perfeição divina - desapegar não é uma atitude distante e difícil de ser assumida.
Ao contrário: desapegar, deixar ir é um estado de nossa própria consciência, é um poder natural nosso, precisando apenas ser atualizado, a fim de compreendermos a liberdade que só ele pode conceder.
Desapegar, deixar ir é uma parte muito importante do nosso jargão de hoje se tornando importante então penetrarmos nessa neblina, clarificando os segredos do despego.
Acima de tudo, precisamos identificar onde o ‘desapegar’ se encaixa no quadro geral de bem vivermos.
Digamos que precisaremos ter conosco um ‘termômetro’ de medição, o qual irá determinar se algo é vantagem ou desvantagem ou ainda se é algo que nos ajuda a cumprir nosso propósito de vida. Isso poderá ser bastante simples; no entanto há inúmeras, digamos, notas de rodapé para adicionarmos.
Por um lado, a regra assume que realmente nossa vida tem um propósito. Correto?
Como poderemos decidir desapegar se queremos manter nossas crenças ou bloqueios? Qual é a base para a tomada de tais decisões?
Charles Sanders Peirce (1839-1914) filósofo espiritualista americano de grande influência, em um ensaio intitulado “The Fixation of Belief – (A Fixação da Crença)" listou três formas pelas quais as pessoas estabelecem suas crenças: a primeira é a tenacidade –“Tenho essa crença, porque sempre a tive, e não vou mudar minha mente agora”.
Quantas vezes não tivemos uma ideia nova eliminada porque "fizemos sempre da maneira como estamos fazendo agora". Tenacidade sempre rendeu muitas atitudes de ódio, rancor, mágoas.
A segunda maneira de fixarmos a crenças, é autoridade. Algo é verdade simplesmente porque alguém em posição de autoridade diz que é. Autoridade por si só não pode ser a verdadeira base para nossas decisões. Ter crença é bom, não porque alguém com autoridade disse, mas porque mantém-se firme na veracidade, após longo processo de reflexão.
Quando uma pessoa adota uma posição de autoridade, deverá fazê-lo de forma que esclareça todo o processo anterior de pensamento que a leva a essa conclusão.
Na terceira forma, Peirce nos diz que as pessoas usam o gosto para fixação de suas crenças.
Hoje em dia provavelmente mudássemos a metáfora, dizendo: "Eu decido se quero ou não fazer algo de acordo com o que me faça sentir bem." “Mantenho algo na minha vida ou me desapego dela, dependendo de como possa parecer bom para mim no momento”.
O problema é: gostos vêm e vão, assim como moda e modismos.
Tanto com pessoas ou a nível social, gostos são muito fugazes, como bases para fundamentar o que decidiremos fazer. Está claro?
Continuaremos na próxima edição.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 5
Marcos F C Porto – Terapeuta Holístico - Psicoterapia Holística Transpessoal – CRT 44432, Diplomado em ITC - Integrated Therapeutic Counselling, Stonebridge, UK, trabalha auxiliando pessoas na busca da sua essência, editor do OTIMIZE SEU DIA! há 23 anos, autor do livro - Redescobrindo o Eu Verdadeiro, facilitador de Grupos de Reflexão há 20 anos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |