Espiritualidade - experiência espiritual com a sabedoria da incerteza
Atualizado dia 24/05/2024 12:15:47 em Espiritualidadepor Marcos F C Porto
Vamos então refletir sobre o tema?
A história da experiência factual de nossas vidas – sendo de longe a mais bem-sucedida reivindicação do nosso conhecimento como seres humanos – nos ensina que o máximo que podemos esperar é a melhora sucessiva da nossa percepção e compreensão, aprendendo com os erros, na condição de que a certeza absoluta sempre nos iludirá.
Nossa capacidade de questionar as evidências poderá ser uma forma de arte. Ceticismo saudável é o benefício que se apresenta em um mundo que nos bombardeia com tantas informações. Ensina-nos autodiscernimento, onde, em vez de tentarmos possuir a verdade, somos acolhidos por ela. Faz sentido?
Formular perguntas apropriadas se constitui na ação central da autotransformação. O questionamento correto causa a germinação da nossa consciência. Perguntas são chaves para abrir as portas secretas da nossa psique.
Ao pensarmos que temos todas as respostas, ficamos condicionados ao nosso "conhecimento", ou seja, o lugar estabelecido como seguro e confortável para nossos egos, mas péssimo lugar para a individuação. Ao invés disso, poderemos adotar o caminho menos percorrido, nos aprofundando nas estradas já percorridas, cultivando ali novas sementes.
Deixemo-nos duvidar. Deixemo-nos alquebrar. Tornemo-nos o prisma onde lugares desconsiderados possam iluminar a incerteza, transformando-a em farol ressuscitado de esperança. Poderá haver insegurança, mas também haverá sabedoria da incerteza.
Como Thomas Merton (1915-1968) monge trapista, poeta e escritor espiritualista, nos diz: “Em um mundo de tensão e colapso, é necessário que existam aqueles que busquem integrar suas vidas interiores, não evitando as angústias ou fugindo dos problemas, mas lidando com eles em suas vidas cotidianas na sua crua realidade”.
Na busca de respostas, devemos nos perguntar: as paredes da minha zona de conforto são elásticas, maleáveis ? Ou rígidas e dogmáticas? As linhas que desenhei na areia da Alma são de mente flexível e aberta ou inflexíveis e fechadas? As "respostas" que encontrei estão abertas a questionamentos ou inseridas na minha miopia?
Aqueles entre nós, vivendo vidas transparentes, entendem que nós seres humanos espirituais falhamos, e falhar significa que precisamos nos autotransformar.
Estarmos conscientes de nossas inseguranças e dúvidas nos ajuda a abraçar nossa autotransformação, na confiança de nos superarmos, não é verdade?
Os Mestres que nos antecederam no caminho da autotransformação nos esclarecem que nós seres humanos buscando a iluminação mantemos sempre nossa mente como um espelho; não recusando nada; recebendo, não guardando, sempre compartilhando. Correto?
A experiência espiritual com a sabedoria da incerteza reside nesse tipo de distanciamento intuitivo, em nos conscientizar que não há permanência e, então, de forma proativa sermos impermanentes, adaptando-nos à realidade da impermanência.
Entendamos que a maioria das ocorrências na vida existem ao longo de uma montanha-russa com tendências para cima, para baixo. As definições humanas não são tão em preto e branco com pinceladas azuis, quanto gostaríamos que fossem. São ambiguamente cinzentas e muitas das vezes imprecisas!
Exigir que o Universo adira às nossas pretensões é uma das maiores falácias humanas. É como se estivéssemos pedindo ao Universo que ficasse inerte para que possamos ter certeza do resultado das nossas ideias e aspirações. Mas o Universo não foi projetado para corresponder às nossas projeções de expectativas.
Em uma linha do tempo longa o suficiente para questionar a realidade, as ideias às quais nos apegamos e as instituições, às quais nos comprometemos, caem para zero. É neste ponto zero, nessa singularidade do nosso eu, onde a sabedoria da incerteza do Aqui Agora é mais abundante. Está claro?
Ao abraçarmos as vicissitudes da vida, nos deixamos abertos para perceber mais ainda nosso potencial de obtermos a verdade. A sabedoria da incerteza é precisamente a abertura para questionarmos a certeza em si, criando assim, a verdade sempre presente e em constante evolução.
Devemos estar totalmente comprometidos, ao mesmo tempo cientes de que podemos errar.
Muitas vezes buscamos um final perfeito. No entanto, a vida nos mostra que alguns poemas não rimam e algumas histórias não têm início, meio e fim estabelecidos.
A vida é sobre Ser, aproveitando os melhores momentos do Aqui-Agora.
Deixemos de lado a certeza. O oposto não é a incerteza, mas sim a abertura, sentido de curiosidade e disposição para abraçarmos as informações contrárias ao senso comum, ao invés de escolhermos lados. O desafio final é nos aceitarmos exatamente como somos, nunca parando de aprender e crescer.
A eternidade da Alma possui a sabedoria para desapoquentar com curiosidade e otimismo nossa incerteza do futuro.
É a convicção de que problemas e diferenças podem ser resolvidos. É a expressão de confiança, de que ambos, o Amor e a Generosidade Divina, sempre nos revelarão os caminhos da nossa evolução como Seres Divinos.
Voltaremos ao assunto.
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Conteúdo desenvolvido por: Marcos F C Porto Marcos F C Porto - Terapeuta Holístico - Psicoterapia Holística Transpessoal - CRT 44432, Diplomado em ITC - Integrated Therapeutic Counselling, Stonebridge, UK, trabalha auxiliando pessoas na busca da sua essência, editor do OTIMIZE SEU DIA! há 23 anos, autor do livro - Redescobrindo o Eu Verdadeiro, facilitador de Grupos de Reflexão há 20 anos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |