Espiritualidade - experiência espiritual do eterno
Atualizado dia 4/2/2017 1:37:23 PM em Espiritualidadepor Marcos F C Porto
Vamos, então, refletir sobre o tema?
Comecemos por considerar o que vida significa para nós. De pronto nos vêm a imagem de que na conversa cotidiana, ‘vida’ é o que acontece ao nosso redor ao longo de nossas tarefas diárias e às vezes usamos a expressão "assumir a vida" quando sentimos que com quem estamos falando não parece estar fazendo muito com suas vidas.
Já nos disseram que: "Vida é o que acontece enquanto estamos ocupados com tarefas e planos".
Vida certamente envolve todas as tarefas práticas diárias, mas isso realmente é só o que vida é? De maneira indubitável o que torna nossa vida mais gratificante e completa são as experiências de amarmos os outros e sermos amados. E o que a torna mais sem recompensa e vazia é o sentimento de não sermos amados e de sermos incapazes de amar.
O real de nossa vida é sobre o amor o qual pode ser mais fácil e claramente sentido na nossa expressão de amar. Profundamente, nossa vida é toda sobre o amor - de fato tudo o que precisamos é amor - vida é amor. Somos o que amamos! Faz sentido?
Agora voltemos à nossa ideia cotidiana de vida e podemos ver que uma de suas características é a necessidade ou o desejo de crescermos de alguma forma. Estamos envolvidos culturalmente em buscar o que não temos, seja tanto pessoal como profissionalmente. Podemos experimentar a necessidade de desenvolvermos ou crescermos em nossas carreiras ou melhorarmos a casa em que moramos ou termos uma família ou aprendermos algo novo, são exemplos da busca do que não temos.
Nossa capacidade de expressar nosso amor aos outros e nossa capacidade de recebermos o amor, ambos precisam se desenvolver, crescer distanciando-nos dos sentimentos de egoísmo.
Observemos o conceito de ‘eterno’. O que domina a prática do nosso dia a dia é tempo. Muito do que fazemos é determinado pelo tempo disponível. Medimos o tempo cuidadosamente em relógios, reclamando ao não cumprirmos os horários, não é verdade? Quando nos pedem algo, dizemos: "Eu não tenho tempo para isso!".
Com toda esta ênfase no tempo, não é de se surpreender que tenhamos grande dificuldade em aceitar conceitos como ‘eterno’. Nossa primeira reação é pensarmos que eterno se refere ao tempo sem fim. Quando pensamos dessa forma, ‘vida eterna’ evoca a imagem de nossa vida após a morte de uma monotonia insuportável que continua inalterada para sempre!
Mas para sairmos dessa crença dependente do tempo, precisamos entrar em contato com nossas próprias experiências de atemporalidade nesta vida. Reflitamos sobre ocasiões em que estamos entediados com nada para fazer onde não encontramos algum interesse real e ficamos apenas olhando o relógio, nos arrastando no tempo! Ou pensemos sobre a semana antes da esticada de um feriado especial. Os dias parecem ir lentamente, ou quando esperando por nossas férias começarem, mas uma vez em férias os dias voam!
Pensemos nas ocasiões quando estivermos absortos fazendo algo que gostamos muito ou estando simplesmente com alguém que amamos. Nosso sentido é que o tempo perde importância. Parece que nosso senso de tempo depende de como nos sentimos ou do nosso estado de ser.
Estando felizes e contentes não percebemos o tempo correr; em estados tristes e desconfortáveis, o tempo se arrastará lentamente. Podemos então compreender que a experiência espiritual do eterno não se fixa no tempo, mas sim no quanto experimentamos autotransformações no nosso ser.
‘Eterno’ pode então ser sentido por nós, não significando desenvolvimento infinito do tempo, mas sim como desenvolvimento infinito do nosso estado de ser. Desde a infância passando pelo final da nossa vida corpórea em continuidade para o eterno, estaremos nos autotransformando continuamente como Seres Divinos que somos. Correto?
Thomas Merton (1915-1968) monge trapista, escritor espiritualista e ativista social nos diz: “Você não está sozinho. Você está eternamente conectado com Deus”.
Colocando os pensamentos sobre ‘eterno’ e ‘vida’ juntos, surge a imagem do que se depreende por ‘vida eterna’ - sendo nosso estado espiritual interior quando o amor aos outros e a capacidade de recebermos amor dos outros, desenvolvem-se e crescem em proporções maravilhosas. E esse desenvolvimento é iniciado enquanto estamos neste mundo, continuando no eterno do plano espiritual. Está claro?
Deixando nossa mente divagar, por exemplo, imaginemos a transcendência de ambos das nossas vidas e do eterno comparáveis a um rio. Estando na margem deste rio, observamos o fluxo das águas como sendo a sucessão dos acontecimentos da vida: o que já passou, o que está à nossa frente e o que está para vir – representando exatamente nossa consciência de temporalidade – certo?
No entanto, quando nos projetamos verticalmente para cima deste nível de onde estamos na margem, nos elevando imaginariamente à uma altura suficiente, conseguiremos observar toda a longa extensão do rio, desde a nascente até a foz, essa imagem representando passado, presente, futuro em uma só visão, ou seja, a consciência do eterno.
A beleza da nossa visão da experiência espiritual do eterno é que ela envolve nosso crescimento espiritual contínuo na ação do nosso amor aos outros.
Como nos diz a citação de Thomas Merton, o eterno já está conosco pois nos foi dado pelo Ser Maior Criador Deus, expressando Seu Afeto de como nos Ama.
Voltaremos ao assunto.
Texto Revisado
Avaliação: 5 | Votos: 1
Marcos F C Porto – Terapeuta Holístico - Psicoterapia Holística Transpessoal – CRT 44432, Diplomado em ITC - Integrated Therapeutic Counselling, Stonebridge, UK, trabalha auxiliando pessoas na busca da sua essência, editor do OTIMIZE SEU DIA! há 23 anos, autor do livro - Redescobrindo o Eu Verdadeiro, facilitador de Grupos de Reflexão há 20 anos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
