EU SOU O QUE EU SOU!
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Autor Christina Nunes
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 26/03/2009 22:14:47
Existem rituais que observamos ao longo da vida. Rituais de convivência, que nos obrigam a mudar de aspecto exterior a todo momento para cumprir formalidades após as quais, via de regra, voltamos a ser mais fiéis a nós mesmos.
Quando somos convidados a casamentos e solenidades exacerbamos a apresentação exterior. Cabelos, vestes, acessórios. Olhamo-nos no espelho e mal nos reconhecemos. Cada qual possui um estilo mais formal ou informal, ou despojado ou habitualmente elegante que se torna a sua marca registrada, mas em ocasiões especiais de serviço ou de datas comemorativas apuramos as vestes, o trato da aparência.
De fato, normalmente, e em dependendo do grau de formalidade da ocasião, não se comparece a tais cerimônias trajados como estávamos em casa seis horas antes. Não trajamos a rigor para assistir a um jogo de futebol no estádio como não atendemos ao compromisso com uma audiência num forum calçando chinelas hawaianas ou roupa de praia.
O problema neste contexto surge quando imperceptivelmente vivenciamos uma identificação tão fulminante com algum destes múltiplos papéis transitórios encenados durante o decorrer fugaz de uma existência, como se aquilo estritamente fôssemos. Se eventualmente saimos a passeio para acampar não acontece de nos denominarmos exclusivamente como montanhistas, a cada hora de um dia - mas, no meio profissional, por exemplo, é comum que os rótulos acabem por assumir, no psiquismo humano, o papel principal. De fato, após quinze ou vinte anos é comum que um dentista não se identifique com outra coisa que não o dentista, não mais com o ser humano com suas qualidades intrínsecas como tal. O técnico em informática talvez que, diante do espelho, não se identifique mais consigo mesmo, mas apenas e estritamente com o técnico. O político com o político, o ministro religioso com o ministro religioso e daí por diante, ao infinito...
Surge, daí, o grave inconveniente do indivíduo nunca se dar conta de que ergueu moradia sobre areia movediça, instável ao menor sopro das mudanças inexoráveis do processo da vida. E então, por vezes, perante os revezes inevitáveis que a todos colhem, promovendo as modificações necessárias ao nosso crescimento e amadurecimento, algo em relação a estes rótulos, à nossa revelia, se transforma de modo irreversível.
O técnico em informática perde o emprego após mais de dez anos. O médico se desencanta da carreira por razões aleatórias quanto críticas e afunda, sem chão, em depressão inclemente, que lhe rouba orientação e equilíbrio íntimo. O político perde o mandato. O relacionamento amoroso acaba fortuitamente, seja por desgaste imposto pelo tempo, seja por imprevistos decepcionantes quanto extemporâneos - e, daí, onde a esposa ou o marido, a noiva ou o noivo?
Onde?...
Diante dessas intempéries humanas, olhamo-nos no espelho e nos perguntamos, desorientados: quem sou eu, afinal?!
Penso que a passagem por determinadas experiências, por mais dolorosas nos pareçam no momento, difíceis, quase impossíveis de serem transcendidas, possuem justamente esta função útil: a de, após a tempestade, baixadas as nuvens plúmbeas quanto tormentosas do sofrimento, depararmos enfim um céu aberto e ensolarado - um céu interior! - diante do qual nos fitamos e afinal compreendemos a suprema verdade.
Não; não sou o dentista, o político, o gari, a atriz, a professora, o juiz, o astronauta, o técnico, o jardineiro, a pintora, a escritora!...
Com o tempo, amigos, compreenderemos que nem nosso nome de nascença somos! Claro que não! Quando afinal atravessarmos a passagem desta vida para as paisagens inefáveis e eternas da existência, tudo que levaremos de nós mesmos será nós! Com alguns gostos, preferências, pendores, vá lá... Com muitas lembranças e afetos no coração - talvez alguns desafetos, tomara que não! Mas, tal como ingressamos outrora solitários quanto desnudos em mais uma trajetória física pelos portais abençoados da reencarnação, no útero cálido de nossas mães, retornaremos também desnudos... por dentro!
E, lançando em torno o olhar extasiado, para esses novos cenários e presenças, ingressando neste contexto da vida mais autêntico e mais íntegro, tudo o que de mais exato poderemos pronunciar ante as maravilhas da continuidade pura e simples será uma reprodução do que consta nos textos sagrados sobre a nossa multimilenar herança divina, perdida nas névoas indevassáveis do começo de tudo:
- Eu sou o que eu sou!...
Com carinho,
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Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |