Explicando a existência da Deusa




Autor Marisa Petcov
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 7/11/2011 4:11:28 PM
O advento de uma nova fase de espiritualidade está à nossa frente, sob a forma da Deusa. Muitas pessoas a estão descobrindo pela primeira vez, embora, para a humanidade em geral, isto não seja nenhuma novidade e sim o ressurgimento de uma deidade que foi, outrora, familiar.
A partir daí, as perguntas começam a surgir: por onde andou a Deusa? Por que seu arquétipo ficou ausente de nossa cultura durante tanto tempo? Essas perguntas são profundas e para elas não existem respostas fáceis. A trajetória histórica espiritual do homem não é planejada do mesmo modo como documentamos a história política ou social; consequentemente, as mesmas regras não podem ser aplicadas às duas.
O fato é que a humanidade ocidental ficou sem métodos ou acesso para alcançar o Divino Feminino durante mais de mil anos. Isso não significa que a Deusa, em seus muitos aspectos, ficou ausente durante todo esse tempo, pelo contrário: fomos nós que nos afastamos dela. A Deusa se mantém, ainda, com todas suas mudanças e transformações. Ela é a Deusa que fica à sombra da colina, a quem muitos se dirigiram louvando, agradecendo, adorando e, nas horas difíceis, levando a Ela sua dor, angústia e desespero. No entanto, muitas pessoas nunca encontraram a trilha que leva à colina.
Por quê?
Se considerarmos a estrutura religiosa do Ocidente, essa recusa de abrir-se à possibilidade do Divino Feminino torna-se muito clara. A culpa cabe, parcialmente, ao cristianismo e seu casamento com o estado, que fechou e bloqueou os caminhos para alcançar a trilha.
As instituições judaicas, sobre as quais o cristianismo se baseou, e a filosofia helenística, sobre a qual grande parte do cristianismo foi construído, excluíram todos os aspectos do feminino, do divino ao humano, e o consideraram um canal imperfeito. Quando as religiões pagãs foram, efetivamente, afastadas, no ano 408 depois da era comum, o acesso à Deusa tornou-se restrito. Nessa mesma época, foi feita a inclusão da Abençoada Virgem Maria na teologia da Igreja, mas, mesmo assim, ela não era reverenciada por seus próprios méritos, mas por ser a Mãe de Deus.
É fácil jogar a culpa no cristianismo, mas não tão fácil produzir um corretivo para o desequilíbrio que foi provocado pela exclusão intencional do Divino Feminino da nossa cultura.
Hoje em dia, já é possível falar da Deusa, como uma deidade, por seus próprios méritos, embora ainda haja muitas pessoas que acham esse assunto totalmente inaceitável. Objetam que a Deusa é pagã, idólatra e cheia de abominação. E, para justificar sua rejeição a Ela, citam as Escrituras. A possibilidade de que a influência da Deusa possa ser regenerativa, estimuladora da vida ou benéfica não lhes ocorre.
Para entender o enorme problema que envolve a atitude mental da civilização ocidental, precisamos olhar a situação como se o oposto fosse verdadeiro. Imagine, por um momento, que o curso da história espiritual da humanidade fosse invertido. Agora, imaginemos uma história ficcional, na qual o cristianismo fosse apenas um dos muitos cultos do princípio Divino Masculino existentes. O cristianismo poderia, talvez, ter sido colocado em meio a uma série de cultos, nos quais, diversos aspectos da divindade fossem promovidos, de forma que poderia ter havido uma devoção ao Bom Pastor em um lugar e um culto ao Cristo Crucificado em outro. Cada pessoa teria percebido o Salvador de formas diferentes, embora tudo fosse levado com muita seriedade em sua adoração. Os fieis, então, pediriam a seu Deus segundo suas necessidades, rogariam bênçãos para seus filhos, seus campos e também para que Ele os recebesse bondosamente após a morte.
Agora, vamos imaginar que uma sucessão complementar de cultos começasse a se espalhar e que o imperador Juliano (331 a 262 depois da era comum) fosse imperador naquela época crucial, quando Constantino, o Grande, liderou a grande reorganização da crença espiritual. O imperador Juliano poderia ter estimulado um novo culto, relativo a um aspecto da Deusa. No caso de Juliano, o culto teria sido, sem dúvida, a algum aspecto da Magna Mater, a Grande Mãe, por exemplo, a deusa Cybele. Imaginemos que ele tivesse declarado a adoração a Cybele como religião oficial do Estado, à qual todos deveriam aderir. O que teria acontecido?
Caso isso tivesse ocorrido, não há dúvida alguma de que haveria uma resistência da parte daqueles que cultuavam o Divino masculino sob a forma de Cristo. Mas vamos também supor que, sob o governo de Juliano, devido à influência de certos filósofos e teólogos respeitados, ocorresse uma repulsa generalizada pelas divindades masculinas e todos os cultos - fossem de divindades masculinas ou femininas - que não estivessem alinhados à adoração de Cybele, devessem ser destruídos. Mas, por ser persistente e devotado, o culto provavelmente teria continuado secretamente e talvez até fosse incorporado, numa forma disfarçada, à nova devoção. Imagine, também, que apenas as sacerdotisas femininas fossem toleradas. Isto teria levado a uma hierarquia de prelados, filósofos e teólogos femininos.
Continua
Baseado no livro de Caitlin Matthews, Elementos da Deusa
Marisa Petcov
Sacerdotisa da Tradição Diânica Nemorensis, Numeróloga e Contadora de histórias
Comunicadora do site link com o programa Contando histórias e números, terças-feiras, às 20 horas









Presidente da AME - Agência de Místicos e Esotéricos Contatos: 11 2021 6788 / 9 5980 2467 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |