Fato Luminoso
Atualizado dia 12/17/2006 10:16:34 PM em Espiritualidadepor Fernando Tibiriçá
Mas o Fato Luminoso que iluminou a atenção sobre a fé religiosa, as orações, as responsabilidades perante Deus e todas as energias que asseguram a tranqüilidade no ser humano, apareceu com absurdos do nosso dia-a-dia.
No caso dos atrasos nos vôos, é porque o funcionamento dos equipamentos que estão fora de uso, inúteis ou mau operados, cria um tumulto quanto à responsabilidade, mas todos buscam a interferência de Deus. Uns pedem que nada sofram durante o vôo, outros para a aeronave não cair, alguns para os equipamentos funcionarem e os operadores estarem atentos. Deus é que tem uma missão ingrata. Não pode deixar a aeronave cair, o piloto se distrair, o passageiro ter medo, o operador deixar de acompanhar corretamente o trajeto, enfim, tudo tem que correr bem e atender às rezas, orações, pedidos, velas, “aconselhamentos”, etc...
As chuvas provocam enchentes e alagamentos por causa do homem que promove a ocupação clandestina dos mananciais, loteamentos em beira de represas e a expansão desordenada e mal planejada das cidades (cacei e brinquei numa chácara onde hoje está o Shopping Iguatemi; nadei e joguei futebol na área que é ocupada pelo Shopping Eldorado; tinha árvores e até bosques na cidade). O asfalto, cimento e concreto impermeabilizam os centros urbanos e a chuva não penetra na terra, que é a sua função. A água que cai é obra da natureza e se não há escoamento é por conta da obra do homem. A ganância e desrespeito com as leis fazem do homem o causador deste enorme estrago. E as pessoas que participam das “invasões” fazem suas rezas e orações para que tudo fique bem, enquanto os que sofrem fazem suas rezas e orações para não passarem por tanto sofrimento. E Deus é chamado para socorrer as duas partes de pensamentos opostos.
Nossas estradas (que matam mais de 50 mil pessoas por ano), o transporte público em geral (metrô, ônibus e ferrovias que poderiam ser em número maior), trazem preocupações diárias para toda a população com a incerteza no ir e vir, na hora do trajeto, os receios com o estado de conservação dos veículos públicos, estradas e ferrovias mal conservadas, a escuridão nas ruas dos bairros distantes, a insegurança em poder circular sem nada acontecer. E novamente as orações, pedidos de proteção e o que for possível para tudo acabar ou ficar bem.
O medo constante da perversidade, maldade, violência e similares deixa as pessoas em pânico e a fragilidade é aproveitada por “aconselhadores” que buscam, no interior das pessoas, a razão verdadeira do medo. Rezar e orar para fazer qualquer coisa. Será um vício ou acomodação? Muitas vezes essa “incapacidade” é curada pelos “aconselhadores”, que se aproveitam do óbvio e não mostram o lado social e político como causa. Dizem que o problema está no “EU” da pessoa.
Rezar é o que a mãe faz pela filha que estuda ou trabalha à noite e tem que caminhar na escuridão ao voltar para casa.
Rezar para o médico ter um diploma, é o que o doente faz.
Rezar para se ter onde morar com dignidade.
Rezar para trabalhar num lugar com um melhor salário.
Rezar para a mulher não desconfiar das andanças por aí.
Rezar para o marido não trabalhar até tarde todos os dias.
Rezar para não faltar água depois de “varrer” a calçada com a mangueira esguichando a sujeira.
Rezar para achar alguém que aconselhe sem dar esperanças ou sentimento de culpa porque não aceita o que o mundo dá.
Rezar para ter uma casa, um carro, uma mulher igual à do amigo.
Rezar pelos pobres e nada fazer para ajudar.
Rezar para o “aconselhador” entender que o ódio e a inveja que sente são coisas passageiras.
Rezar para não deixar de rezar.
Rezar para ficar mais bonita que a amiga.
Rezar para não envelhecer.
Rezar para não ter medo e, sim, coragem.
Rezar para ter um terreno num loteamento clandestino na beira de uma represa ou mar.
Rezar para não ser multado na estrada quando passa de 170 Km por hora.
Rezar para não ser preso e melhor poder desviar e roubar.
Rezar para ter armas atômicas para melhor atacar.
Rezar para se defender porque não sabe o que fazer se for atacado por armas atômicas.
Rezar para as guerras acabarem.
Rezar para as guerras continuarem.
Rezar, é o que diz a autoridade para quem vai viajar de avião neste fim de ano.
Rezar, fala a autoridade para aqueles que sofrem com as enchentes e alagamentos.
Rezar, sugere a autoridade para os que andam pelas estradas do país.
Rezar, indica a autoridade aos moradores de bairros distantes sem luz, água, atendimento médico e segurança.
Rezar, diz o professor ao aluno que não consegue tirar boas notas.
Rezar para ganhar na loteria ou num concurso ou ser o escolhido, na hora da escolha, enfim, como se não existissem outras pessoas que sonham com os mesmos objetivos.
Rezar, orar e pedir, pedir, orar e rezar.
Será que Deus entende tudo isso?
Na verdade, temos que orar e rezar para atender ao próximo na saúde, decência, honestidade, boa convivência com a sociedade, ser um bom exemplo na família, ter bondade, lealdade, amor e carinho para com todos e consigo mesmo.
Enfim, não banalizar as rezas e as orações...
Texto revisado por Cris
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