Foi no Chile, Mas é também Aqui
Atualizado dia 21/10/2010 15:15:26 em Espiritualidadepor Maria Cristina Tanajura
Que bonito momento testemunhei assistindo às imagens pela televisão, que mostravam seres humanos, como nós, felizes por estarem voltando à vida em liberdade, ao contato de suas famílias, livres da escuridão e do medo.
Sinto que durante aquelas horas do resgate, enquanto a sonda descia e subia sem parar, trazendo à superfície mais uma pessoa - universo complexo de sonhos, receios, dores, amores, lembranças - o planeta se dulcificou e iluminou mais um pouco, devido à energia compassiva que cresceu, vinda de todos os cantos, sem que soubéssemos sequer o nome ou que aparência tinha cada um dos sobreviventes. Naqueles momentos, isto não importava. Todos nós vibrávamos numa mesma onda de amor e solidariedade – que beleza!
A pergunta que nasceu em mim foi a seguinte: todos os dias morrem muitas pessoas, aqui mesmo em nosso Brasil e embora preferíssemos que isto não acontecesse, já não nos comovemos mais, já vamos nos acostumando a este terrível estado de coisas. Não vamos às ruas protestar contra tanta violência, não buscamos de alguma forma ajudar os que ficaram sofrendo... Estamos nos acomodando a viver no meio do terror, sem tempo ou energia para procurarmos de alguma forma mudar este estado de coisas, sombrio e assustador.
O nosso pensamento solidário, nossas atitudes comprometidas com a realidade, nossa energia canalizada pra um projeto sério de melhoria do status vigente, conscientes de que tudo que está acontecendo está nos afetando, pois afeta irmãos nossos, têm uma força enorme e poderosa e podem mudar esta terrível situação.
Não podemos nos acostumar com o desamor, com a crueldade, com o egoísmo, com a desonestidade, com a falta de respeito que campeia. Somos responsáveis por tudo isto, na medida em que nem mais sentimos tristeza quando ouvimos os noticiários que nos bombardeiam a todo instante com notícias assim.
Precisamos participar da sociedade de forma atuante, cada um no local onde Deus o colocou. Seja no local de trabalho, seja em nossas casas, como mães e pais de seres humanos que precisam estar preparados para viver de maneira ética e responsável, convictos de que a busca desenfreada do prazer a qualquer custo e de uma felicidade ilusória só nos leva às doenças, às drogas, ao desassossego, à infelicidade.
Os meios de comunicação nos unem cada dia mais. Sabemos do sofrimento de quem mora no outro lado do mundo, em tempo real. Precisamos compreender que tudo isto nos permite trabalhar com a mente pela melhoria da realidade. Pensar é agir! Vamos nos comprometer da forma que for possível, sempre lembrando que fazemos parte de uma única família espiritual, que só se redimirá definitivamente quando o último de nós se iluminar!
O que acontece com o outro, me afeta. Se ele é feliz, de alguma forma a energia planetária se suaviza um pouco. Se ele está sofrendo, a tristeza vai crescendo e se espalha por todos os lugares e chega até mim, sem que eu entenda de onde surgiu.
Nada acontece por acaso, mas com um fim instrutivo. O desastre desta mina chilena vai dar inúmeros frutos e por muito tempo. Não só vai transformar as pessoas que estiveram muitos dias vivendo tanta privação e tanta incerteza, mas suas famílias, os habitantes daquele país e toda a humanidade. Reflitamos sobre tudo isto.
Quantos saíram da sonda e logo se ajoelharam para agradecer ao Senhor da Vida pela libertação! Quantos abraçaram primeiro os filhos e depois as esposas e namoradas. Quantos ainda encontraram força e energia para gritar, cantar o hino de seu país.
Seis heróis tiveram a coragem de descer para ajudar os que estavam presos, sem a certeza de que toda a operação daria certo... E foram os últimos a serem içados. Que impressionante e que forte exemplo para todos nós!
Enfim, enquanto isto ocorria e nos comovíamos tanto, orávamos e emitíamos boas vibrações de força e bom ânimo para todos os envolvidos, muitos outros estavam morrendo no Oriente numa guerra incompreensível que parece não ter fim, na África, de fome, em muitos países como o nosso, vítimas da violência, do uso de drogas assassinas.
Precisamos atuar. Onde estivermos. Esclarecendo, dando exemplo, orando, perdoando, trabalhando na corrente do Bem. Para isto encarnamos e nos será cobrado bastante, quando daqui partirmos para outra dimensão, principalmente por nossas próprias consciências.
Que tenhamos sempre a coragem de sentir a dor do outro, para que irmanados possamos nos libertar, juntos, de tanta sombra e de tanta dor!
Lembremos que com um simples sorriso já estamos trabalhando por um mundo melhor.
Texto revisado
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Socióloga, terapeuta transpessoal. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |