Ignorância gera Intolerância
Atualizado dia 11/10/2011 18:54:29 em Espiritualidadepor Regina Ramos
Estas são as palavras que Bobby Griffith escreveu em seu diário, aos dezesseis anos. Em 1979, aos 20 anos, ele se suicida, após muita tensão e pressão familiar. Trata-se de uma história real que inspirou o filme “Orações para Bobby” ("Prayers for Bobby”). Sua mãe, Mary Griffith, era uma cristã ortodoxa que interpretava e seguia a Bíblia, literal e cegamente. Ouvia, na igreja que frequentava, que o homossexualismo é uma doença que pode ser curada por meio de orações e terapias. Então, ela induzia o filho a orar e o submeteu a tratamentos psiquiátricos, inclusive com internação. No entanto, Bobby não se “curou”, e afastado da família, ele se suicida.
Com o suicídio de Bobby, Mary começa a questionar o fundamentalismo da religião que praticava e parte para uma jornada atrás de respostas: sua fé fora abalada e suas convicções religiosas foram por água abaixo. Como só encontrou as mesmas fechadas crenças em outras igrejas cristãs, ela vai ao encontro de "G"s e lésbicas e descobre que eles são pessoas como todas as outras, com suas angústias, esperanças, falhas e virtudes.
Ela se torna, assim, membro da PFLAG (Pais, Familiares e Amigos de Lésbicas e "G"s) e passa a lutar pelos direitos dos homossexuais. Em 6 de dezembro ela faz uma declaração ao Congresso dos Estados Unidos em relação à aprovação de um dia dedicado à liberdade "G". Essa declaração é luz sobre a intolerância, o preconceito, a ignorância e a arrogância. Arrogância daqueles que pensam que “os que não são iguais a mim, são menos”. Embora estejamos no século XXI, o obscurantismo da Idade Média ainda encobre muitas mentes apegadas a crenças e ideias distorcidas, que leva à violência, à rejeição, ao desamor.
Que o discurso de Mary Griffith seja ouvido por aqueles que educam seus filhos de forma preconceituosa, tornando-os inimigos dos “diferentes”.
Discurso de Mary Griffith
“Homossexualidade é um pecado. Homossexuais estão condenados a passar a eternidade no inferno. Se quisessem mudar, poderiam ser curados de seus hábitos malignos. Se desviassem da tentação, poderiam ser normais de novo. Se eles ao menos tentassem e tentassem de novo em caso de falha. Isso foi o que eu disse ao meu filho, Bobby, quando descobri que ele era "G".
Quando ele me disse que era homossexual, meu mundo caiu. Eu fiz tudo que pude para curá-lo de sua doença. Há oito meses, meu filho pulou de uma ponte e se matou. Eu me arrependo amargamente de minha falta de conhecimento sobre "G"s e lésbicas. Percebo que tudo o que me ensinaram e disseram era odioso e desumano.
Se eu tivesse investigado além do que me disseram, se eu tivesse simplesmente ouvido meu filho quando ele abriu o coração para mim... eu não estaria aqui hoje, com vocês, plenamente arrependida. Eu acredito que Deus foi presenteado com o espírito gentil e amável do Bobby. Perante Deus, gentileza e amor é tudo. Eu não sabia que, cada vez que eu repetia condenação eterna aos "G"s... cada vez que eu me referia ao Bobby como doente e pervertido e perigoso às nossas crianças... sua auto-estima e seu valor próprio estavam sendo destruídos.
E finalmente seu espírito se quebrou além de qualquer conserto. Não era desejo de Deus que o Bobby debruçasse sobre o corrimão de um viaduto e pulasse diretamente no caminho de um caminhão de dezoito rodas que o matou instantaneamente.
A morte do Bobby foi resultado direto da ignorância e do medo de seus pais quanto à palavra “G”. Ele queria ser escritor. Suas esperanças e seus sonhos não deveriam ser tomados dele, mas se foram. Há crianças como Bobby presentes nas suas reuniões. Sem que vocês saibam, elas estarão ouvindo enquanto vocês ecoam ‘amém’. E isso logo silenciará as preces delas. Suas preces para Deus por entendimento e aceitação e pelo amor de vocês. Mas o seu ódio e medo e ignorância da palavra ‘G’ silenciarão essas preces. Então... Antes de ecoar ‘Amém’ na sua casa e no lugar de adoração, pensem. Pensem e lembrem-se. Uma criança está ouvindo”. – Mary Griffith
Texto revisado
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Professora de Português, Francês, História da Educação e Filosofia da Educação. Orientadora Educacional e Consultora Pedagógica. Palestrante. Taróloga. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |