Konya: Rumi e o Amor ...eixos de encontros ontem, hoje e sempre
Atualizado dia 16/02/2018 15:48:02 em Espiritualidadepor Marilene Pitta
Inúmeros sonhos lúcidos foram revelados. Sonhos nas nuvens com os dervixes em êxtase profundo. Uma estranha sensação “já vivi essa experiência...”.
Voltou à mesma alegria de uma criança que encontrou o brinquedo perdido. É algo de pele, de arrepios, de saudade presente, de uma sintonia nunca perdida.
Passaporte pronto e passagem na mão. O aeroporto cheio e as mulheres com seus véus pretos dançando ao vento quente de Istambul. Estava silenciosa e pensativa. Tudo vibrava em meu coração enamorado. Decolamos e as nuvens iniciaram sua dança de encontro e desencontro. O azul do céu lembrava a cor de Rumi – azul turquesa como o oceano de luz. Assim fui fotografando esse momento. A fala turca me sinalizava que era outro tempo. Sons estranhos. Mas tinha os olhares... Profundos e curiosos...
Quem é essa estrangeira com roupas coloridas e face descoberta como uma vitrine aberta aos olhos de todos nós... A pergunta é interna por isso que o ponto de interrogação se escondeu. Ofereceram um chá de maçã... Super saboroso. O sabor da fruta me trouxe o sabor do deserto. Plantações em tons de vermelho nas bolas penduradas, os galhos da macieira... Tentação. Creio que por isso a história da serpente e da maçã pode ter algum sentido. Porque desperta uma sensualidade adormecida com o suculento caldo adocicado de quase mel. A boca ficou com esse prazer sensorial. Respirei e olhei para baixo, Konya começava a surgir em meio às árvores e casas. Busquei a Mesquita, mas não vi. Talvez o tempo estivesse fugindo ou vindo. Sei que o pouso foi suave e calmo como o vento quente quase parado do deserto.
O campo energético de Konya respira Espiritualidade. Seja nos anúncios dos Dervixes pintados nas propagandas pela cidade como uma marca “não esqueça de que estou aqui”. Frases dos ensinamentos de Rumi. Fragmentos de sua poesia. Tudo isso vai invadindo a alma e trazendo essa memória de luz de uma ser iluminado que passou entre nós.
“Habita com teu canto os corações,
e segue alegremente noite e dia;
se cessas um instante, morreremos.
Teu canto é uma flauta embevecida”.
(RUMI. In. Marco Lucchesi. A flauta e a lua. Poemas de Rumi. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo,2016.P.95
Finalmente fui para o Museu e a Mesquita onde repousa o corpo de Rumi. Coloquei o véu e o azul turquesa invadiu minha alma. No ar um silêncio sagrado. Aos poucos vi os quartos os dervixes viviam o cotidiano: cada quarto registra um fragmento desse viver devocional. Fogueiras com fogo para aquecer o alimento. Noutro Orações e Escuta dos Ensinamentos. A cozinha. E me impressiona o olhar profundo de cada representação. Estavam vivos. Uma reverência e um respeito. Saindo e entrando na Mesquita há uma Presença que dança no átomo do viver nos céus do coração do Amado. Diante do túmulo de Rumi tive um Registro Akáshico tão forte e abençoado. (Apareceu uma Escola de Mistério onde o Mestre ensinava e declamava os versos do Masnavi.
Havia uma contrição, uma admiração, um amor tão intenso que despertava todos os sentidos. Os homens com instrumentos sentavam e faziam o “sema”, as roupas brancas surgiam quando o manto negro era retirado, evidenciando a paz do encontro. Mãos para cima e para baixo, movimentos com os braços louvando e conectando com o Amado.) Senti uma mão segurando meu corpo tomado por uma emoção intensa. Sentei e uma chuva de bênçãos em luz intensa dourada e azul pairava no ar.
Não sei explicar. Vi.
No alto dançavam tomados de amor. De repente, tudo foi ficando claro e claro e claro... Uma bela e majestosa lua cheia surgiu e prateou tudo. Talvez uma imagem distante da Lua de Tabriz.
Como no poema:
“Oh! Estás longe do templo... Divino Shams, amor de Tabriz... Levas contigo a bênção de Deus”.
(In.Jalal ad-Din Rumi,Maulâna,1207-1273. A Sombra do Amado: Poemas de Rumi \ [organizado por]Marco Lucchesi,- Rio de Janeiro: Fissus,2000.P.95.
Era uma unidade. Uma paixão devoradora. Um reflexo de puro amor. Um encontro de almas e de corações encantados pelo amor. Como um sopro me lembrei da poesia de Rumi .
“Amigo de doces lábios, chegaste, \E se fecharam os bazares de açúcar”.
Tive que sair da Mesquita minhas emoções foram devoradas por essa unidade de amor. Respirei profundamente e saí andando e internalizando toda aquela mágica multidimensional. Não vi a noite chegar. Notei reflexos e olhei para ao céu...
Lá estava a dama poderosa da Lua testemunhando a experiência que nunca esqueci. Um riso pálido e agradecido sem palavras algo emudeceu. Voltei mais inteira e mais dividida. Trazia um resgate de alma e deixava um pedaço de mim. Assim é o viver. Chegadas e Partidas.
A experiência em Konya foi tão intensa que adquiri todos os livros de Rumi. Passava uma parte do meu tempo mergulhando no universo poético de Rumi. Quando recebi o livro “A Sombra do Amado” de Rumi. E a história do encontro dele e Shans tomou conta do meu olhar perplexo diante da UNIDADE NO AMOR. Viver o amor. Dançar o amor. Contemplar o amor. Maravilhar-se com a Presença do amor. Experenciar a dimensão divina do encontro com o amor, que chega de repente e faz uma tenda sagrada no coração para morar.
Rumi habita em meu coração e me faz enxergar a arte de deslumbrar-se quando o amor nos surpreende.
Foi nesse contexto que despentenciosamente fui ver o filme...
2018. Na tela do cinema “Me chame pelo seu nome” inundou novamente minha alma. A história do primeiro amor, do enamoramento, da entrega, da paixão, da cumplicidade, de viver o momento com a intensidade dos dias ensolarados ou das noites enluaradas. Tudo se funde.
Novamente uma saudade grande e silenciosa como as brasas de uma lenha que queima e incendeia, mas purifica o batismo pelo fogo da arte de amar. Histórias vividas. Contadas. Encontradas. Esquecidas. Memórias de sempre que se abrem quando o vento ou a lua chegam ao caminhar da vida.
Como uma declaração de amor místico e universal que busca a unidade tão anunciada e versejada por Rumi. Quase sinto no coração da alma um dia...
“Teu amor chegou a meu coração e partiu feliz.
Depois retornou e se envolveu com o hábito do amor,
Mas retirou-se novamente.
Timidamente, eu lhe disse: “Permanece dois ou três dias!”
Então veio, assentou-se junto a mim e esqueceu-se de partir”
Levantei. Vi o mar. O oceano Atlântico e o Bósforo eram as mesmas águas atemporais. A poesia entrega as chaves do coração para amar de novo e sempre.
Texto Revisado
Avaliação: 5 | Votos: 1
Formada em Registros Akáschicos;Alinhamento Energético;Terapia Floral;Formação Holística de Base (UNIPAZ) com Pós Graduação em Terapias Holísticas;Mestrado em Educação e Desenvolvimento Humano. Consultas em Roda Xamânicas. Animal Poder.Atendimento com Conexão com o Povo das Estrelas (Arcturianos e Pleidianos). Atendimento á Distância e Presencial. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |