MINHA HISTÓRIA DE VIDA - parte VI
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Autor Florencio Antonio Lopes
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 28/10/2013 18:23:13
(continuação da parte V)
Foi então que Clóvis fala:
– É um jornal da Arábia Saudita.
Ouvindo isso eu estremeci e perguntei a ele:
– Como você sabe que aquele jornal é da Arábia Saudita?
– Puxa, Florêncio aquela fotografia mexeu com você! (continua)
Cecília interveio:
– Prometo que amanhã vou dar uma boa olhada, tenho que varrer a sala para poder entregar as chaves, pode ter caído onde ninguém percebeu. Aí, ela me pediu que contasse a história que envolvia aquela menina.
– Eu estava em uma missão religiosa na Arábia Saudita, contando tudo a ela que ficou impressionada com a história, chorou e disse-me:
– Juro que eu vou encontrar este jornal para você, uma história bonita e sem epílogo, eu lhe prometo.
Fiquei sabendo por Clóvis que ela antes de varrer a sala remexeu todo lixo e não encontrou o tal jornal. E eu perguntava para Clóvis se ele não se lembrava do homem o que ele queria, mas sabia que Clóvis sempre foi muito distraído dificilmente ia ficar se lembrando de alguma coisa, do nome, da fisionomia, cansei e percebi que estava abusando da sua bondade.
Parei de ir lá e de telefonar, para que Cecília não ficasse tão preocupada e, assim, os anos foram passando e a minha vida na mesma rotina, porém sempre feliz porque tinha uma companheira maravilhosa e muito dedicada à família e a mim. Eu ainda tinha meus pais vivos e os meus sogros também, de repente, tive um grande baque financeiro o que eu tinha e tudo que eu tinha ganhado, os meus queridos irmãos me tomaram, tudo, a fortuna da minha mãe adotiva que tinha deixado para mim, realmente era uma fortuna, tão logo percebi que aquela herança não era boa e me conformei e logo vi o que aconteceu com todos os herdeiros e tenho dó.
Só uma coisa, eu não entendi o porquê, todos eles pagaram de alguma forma, e todos foram os filhos os maiores prejudicados, pensei que eu tivesse culpa, mas os irmãos espirituais me falaram que algum dia saberia a verdade, agora me sinto calmo, a culpa não foi minha e sim deles, procuro hoje em dia atender os meus sobrinhos e fazer tudo o que eu posso, alguns sobrinhos ficaram longe e não se aproximaram, estes sofreram mais ainda. Peço sempre as correntes espirituais que me esclareçam para ver o que mais posso fazer por eles.
E fiquei dois anos sem ter notícias do meu amigo Clóvis e de Cecília, um belo dia encontro com Cecília, ela quando me viu abriu aquele lindo sorriso e veio ao meu encontro para me abraçar e falando:
– Florêncio você sumiu! Nunca mais tivemos notícias suas, nós o procuramos e fomos à casa de seu pai ele nos falou num tom de mal estar que você tinha sumido com a família e não sabia onde tinha ido, ficamos muito preocupados com o que tinha acontecido.
Eu respondi a ela:
– Bem, o Clóvis sabe que o meu pai não gosta de mim, para ele eu não existo, Cecília gostaria de saber o porquê deste ódio.
– Com certeza um dia isto será esclarecido.
– E Clóvis como vai, está bem de saúde?
– Aí que está Florêncio, ele está com a pressão alta e com diabetes também, mas não faz o tratamento, já teve duas crises, controla a alimentação e toma os remédios só quando está hospitalizado, quando sai do hospital fica grosseiro, não escuta ninguém, grita, fala mal, bate a porta e sai, não sei mais o que fazer.
– A qualquer hora vou visitá-lo, o escritório está no mesmo lugar?
– Florêncio o que você fez com o jornal, já encontrou com o senhor Sami?
– Cecília o que você está falando do jornal, do senhor Sami?
– Sim, a mais ou menos um ano fazendo a faxina geral no escritório, José aquele menino que era nosso boy o encontrou em cima da estante, aonde colocamos as nossas pastas A/Z, aquela peça encaixada na peça de baixo aonde guardamos os livros contábeis dos nossos clientes, no dia da faxina José colocou a escada para limpar em cima da estante e encontrou o jornal e saiu gritando olha o jornal daquele senhor da fotografia da menina.
Clóvis ficou eufórico, foi por este motivo que fomos à casa de seu pai lhe procurar, aí o Clóvis decidiu procurar o Sami, porque lembrou que este senhor tinha que mandar o número do seu salvo conduto, que era um documento exigido naquela época pelo Palácio do Governo Federal, que ficava na cidade do Rio de Janeiro, mas Clóvis nunca mais comentou sobre isto.
– Fala para o Clóvis que ainda hoje vou passar por lá, quero saber o que Clóvis conversou com o senhor Sami, conclui.
Despedimo-nos, Cecília se dirigia para o seu escritório e eu para meus afazeres, já tinha em funcionamento a creche “Lar Irmã Izolina”, no qual eu e minha esposa Nilza Invernizzi Lopes, somos os fundadores, eu estava muito inquieto tinha que lecionar, tinha também adquirido um bar e mercearia e quem tomava conta era o meu sogro e a minha sogra.
Fui ao escritório do Clóvis, lá chegando encontrei uma verdadeira bagunça, todos estavam procurando o jornal quando Clóvis me viu chegando, ele tinha guardado o jornal e falou:
– Depois que vim da casa do seu pai fiquei “puto da vida” o que aquele homem falou de você e o cinismo dele, aí que vi como você sofria com aquela gente, eu pensei em procurar o senhor Sami, foi ele quem esteve aqui para nós mandarmos para o Itamarati o número do seu salvo conduto, e esqueceu o jornal, e não tive coragem de ir até você, depois do que seu pai me falou, pensei não vê-lo nunca mais e eu guardei o jornal e agora não me lembro de onde o coloquei.
– Clóvis isto sempre foi o seu normal.
Falei e olhei para Cecília e caímos numa gostosa gargalhada, todos do escritório pararam de procurar porque acharam que nós tínhamos encontrado o jornal e eu falei para todos:
– Voltem para o seu trabalho, este jornal irá aparecer e esclarecer as nossas dúvidas é que ainda não chegou o momento, agradeço a todos, contudo, eu não sabia que o pior estava por vir.
Clóvis depois de dois dias veio ao desencarne. Cecília entrou em estado de choque, foi tudo tão triste e horrível, passado alguns dias fui ao encontro dela, que estava sentada entre três senhores, um era o seu pai e os outros dois eram os compradores do escritório, que há meses estavam em negociação para comprá-lo.
Quando Cecília me viu apresentou-me aos novos proprietários e me pediu para retirar as coisas de Clóvis e dela, era pouca coisa como era de se esperar, e ao se despedir dos novos donos do escritório, o senhor Carlos e do senhor Oswaldo, falou:
– Este é o Florêncio que tem um interesse muito grande pelo jornal que comentei a respeito, o interesse só pode beneficiar a ele e a ninguém mais, só que eu quero saber qual será o epílogo desta história, que tenho certeza que será muito bonita.
Logo Cecília despediu-se dos seus ex-funcionários, eu também me despedi de todos, quando nós íamos saindo o jovem José falou-me:
– Senhor Florêncio eu lhe peço que quando encontrar o jornal, por favor, nos conte o que aconteceu.
Sorri e respondi-lhe:
– Palavra dada.
Todos riram, e fui me despedir de Cecília, desejei-lhe o melhor, e ela fala para mim:
– Não esqueça, eu quero saber o fim desta história. (continua)
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Florêncio Antonio Lopes, nos seus 88 anos de vida, faleceu em 06/09/2024, foi fundador da religião espiritualista Amor Entre os Povos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |