Mitos pessoais: o início da jornada
Autor Marisa Petcov
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 03/01/2011 14:13:37
O mito é o nada que é tudo. Fernando Pessoa, Mensagem
Falar sobre mitos, arquétipos ou símbolos é pisar em caminhos já trilhados por renomados nomes: J.J. Bachofen, Mircea Eliade, Joseph Campbell, A. Jolles, Gilbert Durand. Esses elementos estão ligados ao universo da literatura maravilhosa e por meio deles são transmitidos informações, conhecimentos, histórias através dos milênios. Podem ser chamados de matéria-prima que alimenta todo o cabedal de conhecimento que transita através dos tempos.
Para iniciar, vamos tentar caracterizar mito, arquétipo e símbolo, embora defini-los seja tarefa difícil, pois seu mundo não tem demarcações teóricas definidas.
Segundo Nelly Novaes Coelho, mitos nascem na esfera do sagrado; arquétipos correspondem à esfera humana e símbolos pertencem à esfera da linguagem através da qual mitos e arquétipos são nomeados e passam a existir como verdade a ser difundida entre os homens e transmitida através dos tempos.
A origem dos mitos relaciona-se aos inícios dos tempos. São narrativas tão antigas quanto o próprio homem e trazem os seres mitológicos, os Deuses, os elementais, os heróis. Estão sempre relacionados a fenômenos iniciais, como a criação do mundo, a explicação de fenômenos das natureza, até então incompreensíveis.
O pensamento mítico nasceu como uma forma de explicar algo superior absoluto, seja homem ou mulher. Assim, o homem primitivo pôde explicar as chuvas, o sol, a lua, o nascimento de flores e animais, a morte. Surgiram, a partir daí, os primeiros Deuses, os totens adorados pelos povos primitivos.
Dessa forma, a primeira manifestação do pensamento religioso teria sido o pensamento mágico que criava mitos. Nota-se que em todas as cosmogonias primitivas a gênese do mundo é atribuída à ação de um Deus ou a algo sobrenatural.
Quando contamos o mito, ele se torna o primeiro ancestral das formas narrativas, a primeira forma verbal pela qual o homem expressou o seu ser-e-estar-no-mundo, dependente de diversas relações: Deus/Homem, corpo/espírito, razão/intuição, mortalidade/imortalidade.
Por tudo isso, podemos dizer que para o homem primitivo a criação dos mitos foi uma necessidade religiosa. Para o homem moderno, decifrar tais mitos veio da necessidade científica, pois através deles conheceria a raiz de cada cultura e até cada história particular.
Daí a importância crescente que as narrativas maravilhosas, os contos de fadas, as lendas, as fábulas, os mitos vêm conseguindo em nossa época, pois muitas dessas histórias fazem parte de ciclos místicos que tentam explicar certas origens. Assim, a necessidade de explicar a vida e o lugar do homem no mundo pode ser satisfeita.
Os mitos são, pois, narrativas primordiais que formam um universo atravessado por lendas, parábolas, símbolos, arquétipos que mostram as fronteiras em que vivem os seres humanos, entre o conhecido e o mistério, entre o consciente e o inconsciente.
E você, sabe a sua mitologia pessoal?
Baseado no livro O conto de fadas - Símbolos Mitos Arquétipos, de Nelly Novaes Coelho
Marisa Petcov
Numeróloga Cabalista, Sacerdotisa da Tradição Diânica Nemorensis, Contadora de histórias. Desenvolve um trabalho ligado à pesquisa de contos de fadas como ferramenta para definir os traços reais da identidade humana.
Comunicadora do site link onde faz o programa Contando histórias e números, todas as segundas-feiras, a partir das 17 horas.
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