Mitra e Jesus na formação da Igreja Romana 2
Atualizado dia 08/05/2012 14:09:10 em Espiritualidadepor Dante Bolivar Rigon
- Perfeitamente! Os detentores do poder não se preocupavam tanto com os ensinamentos trazidos por Mitra ou por Jesus. Sua principal preocupação era qual seria a melhor proposta, e qual delas venceria. E o povo impotente em sua miséria, desinformação e desconforto, passou a aceitar os ensinamentos pregados pelos novos sacerdotes, que distanciados dos verdadeiros valores e alimentados com vultuosas contribuições, aos poucos retiravam dos púlpitos os ensinamentos evangélicos enobrecidos pelo sangue dos mártires, para dar primazia aos prodígios de Jesus quando traçou as poeirentas estradas da Galiléia. Seus feitos, milagres e proezas eram decantados e acrescidos a altos brados, desafiando inclusive o poder ancestral a provar se houve em épocas pretéritas algum deus com poderes tão fantásticos e milagrosos.
- É algo simplesmente impressionante essa passagem na vida do cristianismo. Dentro do princípio de que nada acontece ao acaso, porque os responsáveis pela evolução planetária permitiram tal estado de coisas? Essa verdadeira batalha de titãs não foi um atraso prejudicial na evolução dos povos, determinando sequelas indesejadas em suas trajetórias futuras?
- Devemos nos ater ao fato de que os responsáveis pela evolução planetária conduzem o processo evolutivo de acordo com a capacidade de assimilação das nações, estejam eles na matéria ou fora dela. A proposta estava prevista desde o momento em que o planeta passou a ser berço de uma humanidade formada por espíritos infantis, rebeldes e belicosos. Quando atingiram a idade programada, foram enviados os professores para esse novo estágio, iniciando com os precursores Sócrates e Platão, culminando com Jesus e Paulo de Tarso, acompanhados por milhares de espíritos renascidos para solidificarem a ideia. Pela importância do programa, esses espíritos, a maioria esmagadora anônima, palmilharam os caminhos insípidos da intolerância, ódio e prepotência por diversas vezes sucessivas, levando sempre bem alto a bandeira da renúncia, humildade, fé e amor à humanidade. Após o retorno dos promotores da divulgação do Evangelho o plano espiritual responsável pelo programa em implantação determinou que os cristãos passassem um período sem a presença física dos luminares instrutores a fim de que por si mesmos tentassem ensaiar a monumental doutrina. Sem a maturidade que marcava os mestres, e impossibilitados de atingirem tais proporções de entendimento, guinaram para o culto da pessoa de Jesus, pois suas mentes ainda destituídas de maior profundidade tendiam às tradições de longa data na adoração de seus antigos deuses.
Calando por instantes como se a buscar inspiração para a continuação da exposição, Jonas retornou:
- A elite patrícia, mesmo discordando da proposta, indiretamente foi influenciada por Jesus, pois já não cultuava seus deuses pagãos à maneira antiga. Adotaram o mitrismo aceito com naturalidade embora secretamente pois assemelhava-se ao cristianismo no tocante à pessoa de seu líder, embora com ideias mais liberais. De qualquer forma, o politeísmo pagão foi vencido pela nova ordem. Restava saber qual dos enviados sairia vitorioso do embate.
- Parece-me que com o retorno dos espíritos missionários ao plano espiritual e o culto a Mitra pelos patrícios, o cristianismo passou também a envolver-se na política digladiando-se com os adeptos do mitrismo determinando uma nítida divisão de idéias e interesses entre as classes privilegiadas e a população plebéia. De que maneira eram feitos esses encontros de opinião?
- No período em que se embateram as duas correntes, o mitrismo saía das câmaras secretas para tomar vulto na mente dos pensadores ilustres e líderes políticos. Não houve necessariamente perseguições mas diversidade de opiniões aos moldes dos partidos políticos atuais tentando impor sua plataforma de ação em um processo eleitoral, embora as discussões fossem acirradas e violentas por ambas as partes. Não podemos esquecer que os mestres da espiritualidade que vieram preparados para o martírio já não participavam do movimento e os filhos da Terra infantis e despreparados para altos sacrifícios jamais iriam às últimas consequências, preferindo adaptar-se da melhor forma possível à fé e aos ideais esposados por seus senhores.
- Então, na verdade, houve uma assimilação do mitrismo por parte dos cristãos?
- Digamos quase isso! O cristianismo crescia e expandia-se pelo mundo conhecido como um verdadeiro rastilho de pólvora, pois os luminares que o estruturaram o fizeram em bases sólidas e com tendência a evoluir, ao passo que o mitrismo restringia-se às classes mais nobres e dominantes sendo desconhecido mesmo pela esmagadora maioria da população. A discussão dava-se em palácios e residências patrícias onde tanto o cristianismo como o mitrismo adentraram por uma ou outra porta representada pelas diversas tendências de uma mesma família. Havia lares que tributavam Ceres, Júpiter, Cristo e Mitra. De qualquer forma, com essas duas tendências em jogo, os antigos deuses tenderam a enfraquecer e tanto o cristianismo como o mitrismo passaram a dominar as mentes e os povos, mas seguindo uma clara divisão, um pendendo para as classes mais nobres e cultas, e outro para o povo em geral. Como existia mais plebe que elite e Jesus adentrava também as casas patrícias, a idéia cristã difundiu-se com desenvoltura surpreendente. Quando se desprendeu das lideranças religiosas que se tornaram ineficientes, os ensinamentos básicos propostos pelo Mestre foram desvirtuados conforme as tendências das diversas comunidades espalhadas pelo vasto império romano e fora dele, e as pregações passaram a girar em torno de Jesus e seus feitos, tendo como pano de fundo as epístolas dos apóstolos.
- Somente o cristianismo rumava por caminhos destrilhados ou o mitrismo também seguia trilha incerta? - interrogou a Sra. Irma.
- Ambos! Como já foi dito, faltavam mentes superiores a nortear e manter os princípios básicos das duas doutrinas, e inevitavelmente passaram a convergir direcionados pelos interesses comuns, aproximando-se não pela filosofia, mas pelas características pessoais atribuídas aos dois enviados.
- E o plano espiritual responsável pela implantação do cristianismo, como via esse desvirtuamento consolidando-se?
Continua
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