O PECADO DO SENTIR
Atualizado dia 08/06/2013 12:54:01 em Espiritualidadepor Regina Rebello
O prazer de estar consigo mesmo antecede a qualquer outro e é visível ao observar uma criança pequena, que livre da ditadura do não pode, alegra-se com o seu próprio corpo, com seus impulsos naturais de alegria e prazer e com o toque amoroso dos pais e irmãos. É bom e natural sentir... Sentir o toque, a energia fluindo... Sentir amor, prazer, alegria... Por si e também por outros – parentes, amigos, amados... É a soma destes afetos que forma o ser pleno e vigoroso.
No entanto, em determinado momento da vida, esta expressão natural do sentir –do dar e do receber– começa a ser reprimida sistematicamente. Como represália, alguns decidem inconscientemente fazer, ausentar-se da vida ou o oposto, usar seus atributos físicos ou energéticos para dominar o outro... Às vezes, nesta vida, às vezes, em muitas outras vidas...
E com o tempo, a expressão genuína de carinho ou amor passa a ter uma conotação pejorativa, exclusivamente sexual, permeada de pecado... O que acaba gerando homens e mulheres incapacitados para o prazer, para o amor, para a doação incondicional de carinho... Bloqueados no mundo mental...
Por sorte, a impermanência que permeia a vida também se manifesta nas crenças e nos limites que nos autoimpomos. Quer você queira ou não. Chega o dia em que a consciência desperta para a diferença entre o instinto natural do sentir e a dependência emocional de relacionamentos, de rótulos, de relações sexuais compulsivas e vazias. De que a instância do prazer, do sentir genuíno, está bem distante do controle, da manipulação, do desejo lascivo do outro...
Sentir amor, alegria e prazer tem muito mais a ver com a sua relação com o seu eu interno, com esta pessoa que você construiu ao longo dos anos, com a relação com o seu corpo, com a própria vida... E o prazer sexual é uma parte importante da vida, mas não a única fonte neste mundo imenso do sentir...
O ser humano nasceu para ser feliz… Para encontrar o caminho no labirinto de sua mente, entre crenças limitantes e experiências negativas, para reencontrar a fé na felicidade... E as maiores chances disso acontecer ocorrem justamente nos momentos de maior turbulência, quando todas as paredes da casa desmoronam e ele é obrigado a encarar apenas o essencial: o seu próprio eu.
É neste momento que tem a chance divina de redescobrir a si mesmo, de reconhecer a sua história pessoal, agradecer os aprendizados, a capacidade permanente de renovação e, principalmente, o dom de sentir... Quando pode se reconectar com o coração sagrado e se lembrar, enfim, do prazer que existe em observar a beleza de uma flor, em sentir as notas de uma música que penetram o ser... E neste estado de consciência, voltar a enxergar toda a divindade que cerca o ser humano e qualquer relação que se estabeleça com ele... Com Amor, Amor, Amor...
(Do livro "A Brincadeira", de Regina Rebello)
Texto revisado
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