O Sopro Fatídico de Maya - Parte 2



Autor Sadhaka Natha
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 1/8/2011 3:34:15 AM

As perguntas, no entanto, fazem parte da caminhada espiritual. Mas para onde elas direcionam você? Há dois caminhos: um para o mundo exterior e outro para o mundo interior em si. Não há nada lá fora que não esteja no nicho de Maya. Quando seus cinco sentidos se abrem, você está lá fora. Quando suas emoções borbulham, você está lá fora. Quando seus pensamentos emergem, você está lá fora. "Penso, logo desisto", disse um Mestre. O Ser está em você e, portanto, todas as respostas também. Dentro de você será o local onde a pluma se encontrará com sua projeção; é quando você perceberá que ambas são uma coisa só. Então começamos a fazer perguntas referentes à caminhada espiritual. Tais questionamentos indicam duas coisas: primeiro que estamos indo para o caminho correto, segundo que não estamos preparados para esse caminho ainda, pois aquele que pergunta ainda não compreendeu o valor da grande chave da espiritualidade: o silêncio.
O silêncio da boca, o silêncio das emoções, o silêncio do pensamento e o silêncio das intenções que antecedem o pensamento. É da natureza do neófito perguntar. Ele indaga, retruca e, novamente, indaga e retruca, até que compreende que está dando voltas, como um cão que tenta morder a própria cauda. Só há uma pergunta que todo ser humano deveria fazer e quase ninguém faz, uma pergunta onde todas as perguntas deveriam começar e terminar: "Quem sou eu?". E mesmo esta pergunta irá se calar. Aquele que compreende o caminho do silêncio apenas observa, contempla, medita, porque quando nossa única ação é observar, estamos em comunhão com o Ser, pois esta é sua natureza, o silêncio, a observação e a contemplação. Nesse estado, não há pensamentos e, portanto, não há julgamentos, nem o frenesi emotivo. Isto é a meditação, que ao ato devocional se articula para encaminhar o homem e a mulher de volta à fonte. A mente é desativada naquele momento. E quando a mente está inativa, tudo se torna claro. Ela nunca se ausenta, mas podemos neutralizá-la no ato meditativo e devocional, até que uma hora essa neutralidade se torna permanente.
Não falamos de ascetas, mas do homem e da mulher comuns. O ser humano e o Ser Supremo são um só, e todos nós deveríamos testemunhar e exprimir a perfeição de ser. Mas não é o que acontece. A mente é tal qual um prisma negro que se insere entre a Verdade e a manifestação. Cada vez que meditamos e devocionamos, limpamos um pouco dessa vidraça. E a pluma, então, aproxima-se mais um pouco de sua sombra projetada. Mas a mente continua como se nada estivesse acontecendo. Cínica. Seguimos meditando e, então, a negritude mental atenua mais um pouco. Mas a mente lá continua. No começo, nenhuma luz consegue atravessá-la e nada ainda conseguimos "ver". Cada vez que devocionamos, um pouco mais do divino se reflete e se manifesta através de nós, mesmo que ainda não exprimível. Ninguém é igual antes e após meditar e devocionar. Muitas vezes nem sequer percebemos como nossos pensamentos, palavras e ações estão mais puros na vida cotidiana por causa da meditação e da devoção. É como tentar perceber o exato momento em que o inverno torna-se primavera. É o alento pacífico e sereno do meditador que interfere no sopro mental sobre a pluma. Até que a mente não consegue mais impedir o encontro.
Progressivamente o prisma mental vai se rarefazendo e se diluindo e, de repente, não o vemos sólido, mas sublimamos sua rigidez e através dele traspassamos nossa contemplação, buscando manter a atenção na pluma, mesmo que ainda não "visível". Mas a mente continua lá. Ela nos acompanha como uma farpa sob a pele do dedo. No começo, o negro prisma é opaco e para qualquer lado que olhemos, apenas veremos mais da mente. É nesse momento que ela se aproveita da impaciência do neófito para forçá-lo a desistir da busca, pois este espera por recompensas que somente vêm para os que não esperam por recompensas no deleite de uma vida meditativa e devocional. Com persistência e credulidade, logo translucida o prisma e, ainda que não percebamos o Ser que somos em sua plenitude, vemo-lo e refletimo-lo em parte. Até que chega o momento em que a mente se neutraliza, torna-se transparente e o ego fenece. É o renascimento que o Sublime Nazareno revela a Nicodemos*.
O meditador torna-se puro ducto da força divina, pois antes o ego profano era obstrução do canal. Então, tudo o que o indivíduo disser serão palavras iluminadas pelo Divino, na capacidade máxima que o veículo verbal puder expressar. Tudo o que o indivíduo fizer serão bênçãos do Divino. Cada movimento dele será um ato da Consciência. Este é o encontro da pluma com a sombra. Esta é a inevitabilidade do destino de cada ser humano. Não se pode esquivar-se dessa suprema missão, mesmo que a adiem durante o tempo que se identificarem com a mente pensante. Esta é a autorrealização espiritual. Esta é a chegada da felicidade perfeita. É o estado sem ego, sem mente. A pluma traspassa a mão, agora rarefeita, de Maya e finalmente pousa suave e se reúne à sombra projetada, por eras desgarrada, tornando-se um único ente, perfeito e eternamente bem-aventurado. O filho pródigo à casa torna e tudo o que pertence a seu Pai, e que sempre foi seu, às suas mãos retornam e no colo do seu Criador ele pode finalmente sua cabeça reclinar.
* João 3









Sadhaka Natha divulga os ensinamentos e a mensagem do Ser da Luz, visitante que se apresentou a ele quando tinha 31 anos de idade e que modificou sua vida para sempre. Uma trilogia de livros foi escrita e publicada com diálogos e codificação de suas palavras e preceitos. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |