OS DROGADINHOS - Segunda parte - 8/11
Atualizado dia 6/8/2012 6:14:07 PM em Espiritualidadepor Dante Bolivar Rigon
Continuação - 8/11
- No relacionamento de vocês, aparece sempre o amor, a dedicação e o carinho. Normalmente, não é o que a mídia anota quando reporta sobre drogados e traficantes. Por que contraste tão acentuado entre um ou outro enfoque?
- A mídia reporta somente o efeito, normalmente desastroso e final, pois é matéria quente para aumentar sua tiragem ou audiência. Quando focalizam policiais capturando drogados ou filmam cadáveres de garotos chacinados, espelham somente o quadro derradeiro sem conhecer o sentimento das vítimas, tão pouco o que determinou tais envolvimentos. Nós, no plano espiritual, não nos preocupamos com o sensacionalismo mas buscamos as causas determinantes. Para a imprensa o drogado é um tumor maligno que deve ser extirpado. Para nós ele não é um corpo estranho mas parte do todo social. É a sociedade que está enferma e deve ser tratada como tal. A criança drogada não é um espinho social sujeito a infeccionar a coletividade mas o efeito da doença social da mesma forma que a febre é efeito da doença humana. A medicina não combate a febre simplesmente, mas procura eliminar a causa que a produz, pois se não o fizer o corpo poderá perecer. Da mesma forma, se a sociedade não sanar a causa que provoca as anomalias tentando apenas combater os efeitos quando surgem, estará procedendo como o médico inexperiente que mantém o paciente na U.T.I. receitando aspirinas.
- É sabido que há um comércio de drogas planetário superior a dois trilhões de dólares anuais e que as autoridades despendem muitos bilhões no seu combate não conseguindo eliminá-lo. Qual seria na sua opinião o melhor combate a tal flagelo?
- Isso é exaustivamente analisado em nossa colônia. Não há maneira dos países erradicarem a droga usando o atual expediente. Apesar de todo o artefato e pessoal disponível o tráfico cresce assustadoramente e totalmente fora de controle. Para nós a equação do problema é absolutamente simples: parem simplesmente de combater a droga aos moldes atuais, e usem essa fabulosa fortuna no social e na formação das famílias e providenciem educandários amorosos e instituições de saúde condignas aos vossos filhos. Essa atitude natural fará com que os futuros jovens não se aliciem nesse nefando crime, e pelo simples fato da falta de consumo, a droga aos poucos irá desaparecendo como desapareceram as famosas "ferrarias" que eram as oficinas de carroças e cavalos como outras tantas atividades pretéritas por não haver mais clientes para seus préstimos.
- A prática da religião não seria a melhor maneira de combater tão aviltante agressividade a nossos jovens?
- Fala-se muito em religião, mas o Evangelho não é a base de sustentação apresentada. O próprio Espiritismo tem sua parcela de culpa, pois em vez de lançar-se como uma filosofia de Vida alicerçada na ciência transcendental, encolhe-se em uma redoma religiosa, competindo com suas co-irmãs. Se o Espiritismo saísse do contexto religioso e passasse a ser matéria curricular obrigatória, há muito a humanidade estaria totalmente livre dos tóxicos.
- Ontem seu amigo quase desfaleceu; quanto tempo você dispõe antes que a fluidificação pesada da crosta o afete? Você parece mais frágil e delicado que ele.
Com um sorriso encantador M.A. respondeu a Jonas:
- Não se preocupe comigo! Estou acostumado a estas incursões, pois pertenço a um grupo de assistência a menores drogados encarnados. A.R. passa a maior parte do tempo na cidade espiritual estudando, mas tanto eu como os amigos que me acompanham trabalhamos tanto na colônia como na crosta.
- Seu irmão também se encontra na cidade ou pertence a algum grupo de socorro que auxilia crianças?
- Meu pobre e querido irmão ainda não tem condições de sair da colônia. Continua em tratamento severo fazendo apenas esporadicamente alguns serviços menores.
- Você disse que todos mantêm suas fisionomias bloqueadas no dia do desencarne; não existiu ainda alguma necessidade de apresentar-se diferente para melhor impressionar o assistido?
- Já e muitas vezes. A mais curiosa foi o caso de uma garotinha aleijada que era drogada pela própria mãe. Ao desencarnar vítima de overdose nenhum argumento a convenceu a sair de casa, mantendo-se intransigente sentada em sua cadeira de rodas em um canto da sala. Fomos acionados para resolver o problema e para apresentar-me a ela modifiquei meu corpo apresentando todo o tipo de anomalias e deformações. Apesar da fealdade apresentei-me sorrindo e bem humorado, e após ela se recuperar do susto conversou comigo entendendo que se eu tão feio era feliz ela também poderia sê-lo, nos acompanhando para a colônia onde está se recuperando satisfatoriamente bem. O líder dos grupos de auxílio ao ver-me ria à gargalhadas. Segundo ele, parecia que um grupo de garotos fora atropelado por um trem, e algum Picasso mal humorado juntou os melhores pedaços para formar-me.
- Como vocês se identificam quando eventualmente se apresentam em casas espíritas?
- Na gávea há uma casa espírita que se tornou nosso posto de socorro avançado no Rio de Janeiro, e os médiuns dedicam-se quase exclusivamente a auxiliar crianças drogadas encarnadas e desencarnadas. Lá somos carinhosamente identificados como os drogadinhos. Nas casas de magia mediúnica cristãs onde eventualmente somos solicitados nos identificam como meninos de oxalá, e na umbanda, candomblé e catimbó somos conhecidos como os cosminhos.
- A.R.C. referiu-se à comissão das vendas de drogas. De que maneira os traficantes pagam as comissões?
- A contabilidade do tráfico é simples; recebíamos determinada quantidade de droga com preço estipulado, e automaticamente era descontada uma percentagem que poderia ser consumida ou simplesmente vendida.
- Tanto a sua morte como a de A.R.C. foram ocasionadas por overdose. É comum os traficantes usarem esse tipo de expediente para eliminar os indesejados?
- Esse tratamento dá-se apenas aos que são confiantes e se entregam cegamente a eles. A maioria das queimas são violentas, normalmente à bala.
- A.R.C. ao relatar a própria morte informou que a overdose simplesmente fez com que saísse do corpo voando e nadando naquele mar de luzes, e só após algum tempo encontrou seu avô que o aguardava com os braços abertos. Posteriormente alguém informou a você que apesar de barbaramente agredido o corpo manteve a fisionomia serena sugerindo felicidade. Como você explica isso, se segundo a informação dos espíritos a Kardec no momento da morte fatalmente o espírito retorna ao corpo esteja ele onde estiver?
Continua sexta-feira
Texto revisado
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