Os heróis de Santa Maria
Atualizado dia 2/21/2013 12:19:42 AM em Espiritualidadepor Bernardino Nilton Nascimento
Se fizermos uma pesquisa, poderemos verificar que todas as tragédias são tomadas por ações de grande valor para quem ficou. Assim foi a primeira e a segunda guerra mundial. Quando selada a paz, grandes ações e atitudes levaram o mundo à evolução do ser humano e do planeta.
Dentre tantas fatalidades, posso citar a do circo que matou centenas de pessoas. A lona contra o fogo foi criada logo após esse acontecimento. Os jovens de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, nossos heróis atuais, colocaram todas as cidades do país em alerta, e muitos estabelecimentos foram fechados, pois terão que se enquadrar às novas regras e às leis de segurança.
Quando centenas de adultos e muitas crianças morreram num estádio de futebol da Inglaterra, logo tomaram atitudes definitivas e, hoje, a torcida inglesa é uma das mais disciplinadas do mundo. Vejamos nisso uma grande evolução para o futebol e para toda uma sociedade.
Em situações de perda e muita dor, não conseguimos enxergar o ato heróico daquele que, naquele momento, está nos deixando. Um herói não parte suavemente, pois todos são chamados de maneira brutal e repentina. Só assim conseguem despertar, nos que ficam, a consciência da desnecessidade desses momentos de tanta tristeza. As autoridades têm que trabalhar com a ideia de que todos nós estamos sujeitos a passar por situações críticas e que medidas preventivas são de extrema importância.
Que me perdoem os mais próximos, mas não há vingança, não há raiva e muito menos ódio, quando começamos a entender a importância da partida repentina destes queridos heróis.
Eu era bem criança quando o circo de Niterói, no Rio de Janeiro, pegou fogo. E como todos os heróis não são esquecidos, eles ficaram para sempre nas minhas lembranças, assim como vão ficar os heróis de Santa Maria na lembrança de muita gente. Temos que ser muito gratos a eles.
Deus coloca em nossos corações sentimentos que jamais pensávamos possuir, e que só são revelados nos momentos oportunos. Um velho ditado diz: “quando morre uma criança, morre um anjo”. Não é bem assim, pois, quando criança, ninguém tem a consciência do que será quando adulto. A verdade é que Deus sabe o motivo de cada morte material. Todas, certamente, têm relação com a nossa evolução, nossos aprimoramentos, nossos sentimentos.
Quando os espíritos se desapegam das coisas materiais, e isso pode acontecer até cinquenta dias após a partida, logo estarão definitivamente em outra dimensão. Eles irão agradecer aos seus superiores e a Deus pelo ocorrido, pois poderão ver o quanto foi importante a sua partida dolorosa e repentina, porém, de grande valor para evolução do planeta. Essa partida certamente ajudará a reparar diversos erros humanos e colaborará para o aprimoramento da nossa consciência, despertando-nos sentimentos escondidos.
Esses espíritos vão poder enxergar a sua real importância na prevenção de catástrofes ainda piores.
Certa vez aconteceu um fato comigo e que vou compartilhar com vocês. Claro que não foi uma catástrofe para humanidade, porém, para uma determinada família e seus amigos.
Logo após a notícia repentina da morte de um grande amigo, e ela chegou em minutos, vieram as lembranças, como acontece com todo mundo. Com as lembranças veio a tristeza, porém, em seguida, deu-me um acesso de risos.
Grande amigo João! Amigo que só nos deu alegria, com aquele jeitinho só seu de nos fazer sorrir.
Depois parei e pensei, pois caiu a ficha. Vi que não poderia ter sido diferente: o amigo que partiu tinha deixado em meu coração só alegria. Por que não me lembrar dos momentos alegres? Ah, se Deus me desse esse privilégio de deixar os meus amigos sorrindo! Essa seria a minha mais nobre herança a todos.
Agora, amigo, escrevendo, depois de alguns dias, quero agradecer por sua simpatia, sua alegria e pelos nossos momentos de felicidade. Você fazia a gente sorrir mais pelo jeito de contar, do que pela própria piada em si. Você está eternizado em minhas lembranças. As boas e alegres lembranças que uma pessoa deve deixar para os amigos. Vai ser sempre assim, João: todas as vezes que eu encontrar um amigo que trabalhou conosco, pode saber que nos lembraremos de você pelos momentos alegres que você nos ofereceu.
Que boa lição você me deixou! Que presente para os seus amigos! Honestidade, simplicidade e, claro, seu sorriso, sua alegria.
Assim, vendo uma catástrofe, sabemos que ela também tem os seus momentos particulares em cada parente e em cada amigo. São momentos onde pensamos juntos com Deus. Claro que cada um vai fazer suas especulações, porém, não é bom nem para quem parte, nem para quem fica. A morte, seja ela como foi, será sempre a morte.
A dor e as lembranças vão ficar para sempre em nós. É certo que mais intensas no início, mas o tempo tratará de amenizá-las. É aí que devemos fazer a diferença, lembrando os momentos alegres e felizes. Devemos ter fé em Deus. Devemos aprender a enxergar, nas entrelinhas da vida, essas partidas como verdadeiros atos heróicos. Quando conseguirmos transformar essas pessoas em heróis, estaremos, assim, concordando com Deus, e desta fé, desta confiança no Pai é que chega a ajuda para aliviar nosso coração. A maneira de ler o que Deus escreveu para cada um de nós se transforma. Na angústia dos nossos pensamentos, deixemos o nosso coração falar mais alto. Agradeçamos a Deus e a esses heróis pelo despertar dos nossos sentimentos. Certamente, nossas novas atitudes contribuirão para evolução da humanidade.
BNN
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 266
"Não seja um investigador de defeitos, seja um descobridor de virtudes"./ "Quando a ansiedade assume a frente, as soluções vão para o final da fila"./ "Quando os ventos do Universo resolve soprar a favor, até os erros dão certo". BNN E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |