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Perfumes e seus fixadores ou: a arte de procurar algo e encontrar outro

Atualizado dia 20/10/2018 00:48:49 em Espiritualidade
por Valeria Trigueiro


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Quem nunca passou pela experiência de procurar um documento dentro das gavetas e encontrar um objeto que já havia desistido de procurar?

Hoje mesmo fui procurar um brinco que julguei desaparecido e achei um anel, que este sim, tinha certeza haver se desintegrado por um raio fulminante de um habitante invisível de outra galáxia.

Era certo que ninguém o havia tirado daqui de casa e que eu não o havia perdido para sempre. Aceitei bem a teoria do ser de outra galáxia e desisti.

Ah... o brinco? Não achei. O anel? Depois de mais de cinco anos sem vê-lo e de haver desistido, lá estava ele. Será a lei do desapego? “Agora não quero mais!”  Daí ele aparece. Tem até gente que é assim, sabia?

Com a ciência ocorre a mesma coisa. O sujeito está descabelado, envolto em fórmulas, andando de um lado para o outro tentando descobrir um remédio para uma doença do coração e descobre o Viagra.

O outro descobre o poder adoçante da sucralose quando tenta executar um processo químico de forma equivocada. Nesse caso, ele gerou benefício para a indústria farmacêutica, mas terríveis danos para o ser humano, já que gera substâncias tóxicas ao organismo ao entrar em contacto com calor.
 Assim, se o indivíduo o utiliza em chás, cafés ou algo aquecido, corre o risco de ter liberadas substâncias danosas em seu organismo, que podem, inclusive, sofrer mutações e acumularem-se dentro do corpo humano.

Mas calma aí, porque nem sei se já descobriu-se que essa substância hoje em dia é considerada algo milagroso para a saúde, quem sabe, cura artrite? Não curto muito esse papo de terrorismo alimentar. Sei que muita coisa faz mal, mas até isso muda com o tempo.

Uma das substâncias que se tornaram muito procuradas e incensadas, na indústria do perfume, foi descoberta por um grupo de químicos que procuravam uma fórmula para fabricar um ansiolítico de baixo custo. De fato, tiveram sucesso e surgiu o remédio conhecido como Valium, a partir da benzodiazepina.

Na verdade, não sei se tinham conhecimento à época, já que os textos a respeito são bastante contraditórios, mas fato é que essa mesma substância começou a ser utilizada na indústria cosmética para fabricação de perfumes.

Conhecida como calone, que vem a ser as iniciais dos nomes de seus descobridores – Camilli, Albert & Lalou, tornou-se uma nota perfumística,  a princípio não muito valorizada, até que aplicaram uma dose mais generosa em um perfume de nome Aramis New West feminino em 1989. A partir disso virou moda. Um perfume que ficou muito famoso por essa nota  foi o L’Eau D’Issey.

Encontraram uma nova tendência, comparando com o cheiro do mar, portanto tornaram-se as chamadas "notas aquáticas". Uns comparam seu aroma à melancia e também é conhecido como "notas ozônicas" – que sugerem um aroma de água salgada, portanto aromas marinhos, segundo a indústria.

Entretanto, tenho duas notícias para vocês. A primeira é que “notas aquáticas” ou ozônicas não são perfumes – são moléculas fabricadas em laboratório com o intuito de criar não exatamente uma sensação, mas passar uma idéia, ou seja, em português claro, “vender um peixe”. Podemos escolher a “máscara olfativa” que melhor nos cabe para a “persona que queremos incorporar”.

E é aqui que vem a segunda notícia – quando se refere a notas de perfume capazes de permanecer na pele por longos períodos de tempo, quanto mais tempo na pele, mais tóxico será seu resultado para o organismo humano. Isto ocorre pela incompatibilidade com a biologia humana. Nosso corpo não reconhece essas moléculas. Uma vez no organismo, elas podem ficar procurando o que fazer, e não encontrando, bem... não é minha intenção fazer terrorismo.

Se alguém tiver problemas em renovar o perfume algumas vezes durante o dia, pode utilizar notas naturais de baixa volatilidade. Mas aqui para nós, quem não tem tempo de renovar o perfume duas ou três vezes ao dia, está precisando rever sua rotina!

Estaria mentindo se dissesse que não uso jamais tais perfumes, que vão causar uma séria doença e que as pessoas deveriam fazer uma caça aos frascos. Nunca! A idéia aqui é apenas lembrar que os perfumes sintéticos e seus fixadores – hoje falamos apenas do calone, mas já conversamos sobre o ftalato e outros -  não devem ser utilizados cotidianamente. Tenho, confesso, a tentação de dizer: "jamais usem!" Mas vocês não iriam acreditar, achariam exagero e eu estaria sendo no mínimo hipócrita.

Uso como quem quer usar uma roupa nova em uma “ocasião especial”, que pode ser apenas ver um filme na minha própria TV. Ocasião especial a gente cria, já que é estado de espírito. Na verdade, uso quando utilizei muitos óleos essenciais, manipulei muitas ervas, tendo feito perfumes, cremes e afins. Nesse caso, uso um perfume sintético, pois do contrário, me sentiria ainda em meu laboratório artesanal.

Andamos na contramão da idéia da “máscara olfativa”. Manipulamos perfumes naturais de acordo com seu temperamento, considerando sua carta natal.

Escolhemos esse método de trabalho justamente para lembrá-lo dos aspectos fortes que devem ser cultivados e daqueles que podem ser lapidados em você, na busca do equilíbrio de sua natureza humana em consonância com a Natureza Sagrada das ervas, flores, madeiras e frutos em forma de óleos essenciais ou tinturas.

E o fixador? Será aquela resina, madeira ou mesmo especiaria que mais se adequar aos Elementos da Natureza em você. Garanto que você terá tempo para reforçar o perfume, pois isto faz parte do processo iniciado na consulta, na verdade antes mesmo desta. No exato momento em que você decidiu cuidar de você e procurou o autoconhecimento com o suporte de um profissional.

E você está procurando a si mesmo. Quem sabe não ocorre como na ciência, e tem uma grande surpresa descobrindo ser muito mais do que acreditava?

Com minha experiência, desde já posso garantir que somos muito mais do que nos atrevemos a pensar. Basta nos darmos a chance de ficarmos no silêncio da busca que só aqueles que têm coragem de virar a mesa das próprias emoções têm. E você é um deles! Como sei? Você chegou até aqui no final do texto, não?

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