Por que os espirituais salvarão a Terra
Atualizado dia 19/06/2014 18:02:46 em Espiritualidadepor Ton Alves
Mares de tinta, séculos de insônia e quilômetros de neurônios foram gastos na busca de uma resposta válida e satisfatória. Mas, é bem possível que a mais simples e profunda solução desse problema já tenha ocorrido seis séculos antes da Era Cristã, na mais antiga e importante obra da literatura filosófica mundial: o Bhagavad Gita.
Parte da monumental epopeia Mahabharata, o “Sublime Canto do Senhor” (Bhagavad Gita, em sânscrito) é assim chamado por conter as palavras de Krishna, Deus que se faz homem, igual a Jesus Cristo, para ajudar a humanidade a se elevar até à consciência divina superior, e desta forma, realizar na Terra o reinado dos céus.
Nesse livro, o Senhor Krishna usa a figura de uma carruagem para explicar ao atormentado guerreiro Arjuna o que é ser humano e qual sua missão. Nessa comparação, os cavalos que puxam o veículo são os sentidos físicos e o cocheiro que o conduz é a alma.
Mas, o que torna mais importante essa descrição figurativa é a afirmativa de que essa carruagem, o ser humano, carrega consigo um nobre passageiro, o espírito, eterno e imutável, que reside em cada ser.
O Gita, e outras obras que, com ele, compõem o notável acervo da sabedoria perene indiana, a Vedanta, ensina que, ao manipular as rédeas que controlam os animais que puxam a carruagem, o cocheiro tem autonomia para escolher caminhos e impor a velocidade, mas o objetivo final quem decide é o passageiro. Seria então o espírito, pequena fagulha da Luz Eterna, que criou e mantém tudo o que existe, é quem deve conduzir a vida humana, e não a alma, capaz das emoções e sentimentos, nem os sentidos, presas dos instintos e paixões.
Mais uma das grandiosas lições da Eternidade ao ser humano, que nunca foi levada a sério. Principalmente na parte ocidental do mundo, onde o materialismo pragmático e imediatista domina o pensamento e define os objetivos da existência.
O resultado deste tipo de postura vital é facilmente visível: a desvalorização da vida, a desigualdade entre os grupos e nações na partilha dos bens, a exaustão dos recursos naturais e a degradação ambiental são as principais pontas desse iceberg apocalíptico.
Aproveitando a metáfora do Guita, pode-se dizer que, nessa parte do mundo, o “cocheiro” guia a carruagem sem nenhuma atenção ao sublime “passageiro” que carrega. São os “cavalos”, irracionalmente passionais, que traçam os rumos e o ritmo. O final dessa viagem é previsível.
Poucas são as pessoas que levam a sério os ditames da subjetividade transcendente do espírito. E, quase sempre, são tidos como tolos sonhadores, românicos utópicos, incapazes de administrar esse mundo totalmente enraizado no ter e no poder material.
Esses heróis e heroínas, quixotescos para a massa inconsciente dos pós-modernos, padecem de uma solidão sem igual. São os diferentes. E, mesmo lembrando a fala do sábio Jiddu Krishnamurti – “Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade profundamente doente” – não podem deixar de sentir na alma os rigores de um injusto e ignorante isolamento. Nesses homens e nessas mulheres cujas palavras, atitudes e vidas são movidas pelo Espírito, é que reside a última esperança do planeta.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 4
Ton Alves é coordenador do Projeto CASULO DE LUZ de incentivo à prática da MEDITAÇÃO HOLOMÍSTICA TRANSRELIGIOSA (MHT), baseada no exercício do silêncio interior, na contínua atenção ao instante presente e no amplo cuidado com as várias dimensões da realidade. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |