Só posso crer num Deus que saiba dançar!
Autor Leandro José Severgnini
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 3/10/2014 3:14:11 PM
Não sei quanto a você, mas de um modo geral para mim a vida é uma alegria imensa. Nalguns momentos a vida toma características de uma escola onde precisamos aprender e também ensinar; noutros momentos, para mim, a vida se assemelha à uma grande festa com risos, brincadeiras e diversões. Mas há quem diga que a sua vida é uma guerra, que tudo não passa de frustração, de intrigas e inimizades. Ainda vejo outros fazendo de suas vidas peças teatrais, vivendo por trás de máscaras e personagens que não condizem com seu próprio ser. Eu me pergunto: como conseguem?! Estão desperdiçando suas próprias vidas para viver algo que não lhes pertence. E para piorar, ainda conheço quem sequer busca saber o que é a vida e qual o gostinho de viver uma vida sem preconceitos, sem julgar, sem odiar, sem maldizer. Como pode alguém conseguir viver sem sentir o cheiro de uma árvore, a brisa do mar que purifica ou o aroma de uma rosa que está aí só para nos ensinar que o grande segredo da vida está na simplicidade. À exemplo de um peixe que se sufoca em um rio poluído, assim estamos nós sufocados pelo orgulho, pela cobiça, por não conseguirmos parar ao menos dez minutos para percebermos todo o milagre que nos rodeia. Entendo que para alguns a vida perderia o sentido se a mesma não fosse movida pela competição, se não houvesse alguém para derrotar ou humilhar. Mas o que posso fazer? O meu coração me lembra a todo instante que o momento presente é precioso demais para que eu me envolva em discussões desta ordem.
Há alguns dias atrás tive a oportunidade de presenciar uma cena desconcertante. Enquanto eu me fazia um passeio de barco no litoral e me inebriava com o cenário local, percebi que no mesmo lugar estavam três tripulantes completamente cegos. Isso mesmo, pessoas que viviam em completa escuridão estavam se divertindo muito. Vocês podem se perguntar o que é que eles poderiam aproveitar num passeio como aquele e que motivo eles teriam para tanta alegria? Confesso - envergonhadamente - que eu me fiz a mesma pergunta. Alguns minutos refletindo e cheguei à conclusão que eles sim aprenderam o segredo da felicidade. Nós estamos sempre buscando motivos para sermos felizes. Porém, eles não. Eles podiam ser felizes sem qualquer motivo. Eles poderiam viver na mais completa ausência de luz e eram felizes. Mas a maioria das pessoas dificilmente encontra a felicidade, pois a escuridão está em seus corações. Esta cena me faz lembrar da citação de um filósofo que disse que "só pode crer num Deus que saiba dançar". De que adianta a crença e a superstição se você não puder dançar com a vida? Alguns crêem em Deus por pura conveniência, para ter alguém que supostamente resolva seus problemas; outros simplesmente porque precisam do conceito de castigo e pecado para frear suas más tendências. Por outro lado, há quem não dê tanta importância à crença e que prefira viver no mais puro amor e gratidão, dançando com toda a existência pelo simples fato de ter aquilo que é necessário para ser feliz: a própria vida!
“Virtuosos, ainda quereis ser pagos? Quereis recompensa por vossa virtude, e o céu em vez da terra e a eternidade em vez do vosso hoje?” Friedrich Nietzsche.
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Palestrante espiritualista e escritor. Autor dos livros intitulados "Dias de Luta, Dias de Glória", "Liberdade - Nada Menos Que Tudo" e "Em busca do infinito". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
