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SOFRIMENTO, CAUSA E PROPÓSITO

Atualizado dia 9/23/2010 4:14:39 PM em Espiritualidade
por Oliveira Fidelis Filho


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A sabedoria popular diz que: "se a vida nos der um limão, devemos transformá-lo em limonada".  É possível utilizá-lo também em uma caipirinha, além de uma infinidade de usos para os quais o limão é bem vindo. Tenho o hábito de tomar suco de limão puro, em jejum, todas às manhãs, e não obstante perceber que quem geralmente prepara a "azeda poção" é um verdadeiro anjo, ainda assim as caretas são inevitáveis. Entretanto, tal azedume é um preço pequeno face aos benefícios que a exótica, por vezes caluniada e mal compreendida, fruta proporciona.

Não é necessário ser adepto da terapêutica naturista para entender e, sobretudo, usufruir dos benefícios desta jóia da natureza, que chega a ser considerada como elixir da vida. Sobre esta dádiva do limoeiro, os entendidos dizem que não há fruta que seja comparável a ele em aplicação medicinal. Afirmam que a vitamina C presente no limão oferece proteção contra o câncer e as doenças cardíacas e que na prevenção de enfermidades e no combate às mesmas, o limão ocupa lugar primordial.

Há, também, um consenso médico, segundo o qual as doenças se desenvolvem somente em ambiente ácido e que a enfermidade não prospera em sangue alcalino. Desta fruta ácida, o organismo obtém elementos alcalinizantes de ordem superior.

Na declaração popular "se a vida lhe der um limão..." o entendimento subjacente aponta para as contrariedades nas mais variadas áreas, com as quais somos confrontados no decorrer da vida. Neste sentido, impossível é não receber da vida um limão, na verdade muitos limões.

Entender as adversidades como sendo limões que a vida nos oferece e possuir a sabedoria para perceber seus benefícios, sem que para isso tenhamos que negar ou descaracterizar o azedo sabor destes momentos, é o grande desafio.

Os limões são frutos do limoeiro assim como as dificuldades são frutos da condição humana; ambos são naturais e pertencem à natureza evolutiva. Não surgem pela omissão de Deus ou ação do diabo. Atribuir aos acontecimentos juízo de valor positivo ou negativo, e atrelá-los a ação divina, está longe de ser a opção mais coerente ou produtiva.

Apesar do sabor azedo do limão, aprendi a tomá-lo com gratidão. Quanto aos limões da vida, há um texto bíblico que diz: "tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações..." e segue mostrando que as provações estão para a existência como o fogo está para o ouro, isto é, age como depurador.

No sistema de ensino brasileiro, via de regra, o aluno passa sem aprender; entretanto, para o processo evolutivo, se não aprender o sofrimento não passa.

Não deixa de ser interessante o fato de que quanto mais a sociedade torna-se hedonista, ou seja, quanto mais tenta fazer do limão uma limonada, mais sofrimentos surgem. A quem duvida, aconselho ler o meu texto SUICIDIO - A DOR DE QUEM FICA e tirar suas próprias conclusões. A fuga do sofrimento e a irrefletida opção pelo prazer, a qualquer preço, têm intoxicado a existência humana, tornando a vida cada vez mais insuportável.

É impressionante o medo que temos do sofrimento, em qualquer área e em qualquer escala; entretanto, "o que tememos, isso nos sobrevém" e, quanto mais esforço para livrar-se do limão, mais entupidas tornam-se as vias da existência.

Por não compreendermos o sofrimento como sinal indicador de erro de rota, tornamo-nos individualmente e coletivamente cada vez mais perdidos. Por não dominarmos os conteúdos da "grade" dos sofrimentos, passam-se os anos, mas permanecem e avolumam-se as matérias não eliminadas. Diz-se que "o que o homem aprende com a história é que com a história nada se aprende" e, para mim, isso ajuda a explicar o volume sempre crescente do sofrimento.

A atitude produtiva, face ao sofrimento, portanto, requer introspecção antes de transferência, de amorosa aceitação antes de raivosa revolta e resistência, de resiliente aprendizado e evolução no lugar da fuga e medo. Juntamente, ou mesmo antes do desejo de livrar-se do sofrimento, precisamos aprender suas lições; caso contrário, ele voltará ainda maior. O aumento do sofrimento pessoal e planetário deixa evidente a desconsideração com que tem sido ouvidos seus gemidos. O problema é que quanto mais o evitamos, mais o encontramos.

Os sofrimentos se apresentam sempre que os nossos caminhos seguem em direção contrária à expansão da consciência e da espiritualidade. Sempre que caminhamos contrários ao caminho do Amor, mais eles se avolumam; sempre que negamos nossa vocação de filhos e filhas da Luz, mais mergulharemos nas trevas dos sofrimentos.

A Primeira das Sete Profecias Maias diz que a partir de 1999 restar-nos-iam treze anos para realizar as mudanças de consciência e atitude. Neste período, deveríamos compreender que tudo está vivo e consciente, que somos parte deste Todo e que podemos existir em uma Nova Era de Luz. Que cabe a nós escolher desaparecer como espécie pensante que ameaça destruir o Planeta ou evoluir para a integração harmônica com o Uno e o Verso.

Infelizmente, nos recusamos a compreender o propósito terapêutico do sofrimento. Preferimos entendê-lo como uma maldição de Deus ou obra do diabo, ao invés de percebê-lo como mensageiro da Graça e da Providencia divina, a nos reconduzir para o caminho do Amor e da Paz.

Não se trata de fazer apologia ao sofrimento ou de desejá-lo, entretanto, negá-lo não o elimina e rejeitá-lo não o afasta; desconsiderá-lo é loucura, e isso a história já comprovou exaustivamente. Entender suas causas e seus propósitos, eis o eterno desafio!

Podemos ter leis que proíbam os pais de dar palmadas nos filhos, mas não seremos capazes de impedir que a vida surre com violência cada vez maior crianças, adultos e anciãos, em conseqüência da falta de cuidado e respeito para com a vida do Planeta Terra.

E quanto ao limão, continua azedo, mas faz um bem enorme!

Texto revisado


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Conteúdo desenvolvido por: Oliveira Fidelis Filho   
Teólogo Espiritualista, Psicanalista Integrativo, Administrador,Escritor e Conferencista, Compositor e Cantor.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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