Vivien Bonicelli: O amor vicia
Autor Vivien Bonicelli
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 04/10/2014 23:31:52
Olá, queridos amigos.
Antes de tudo, quero abraçar carinhosamente e espalhar energias positivas para cada um de vocês em minha estreia nesse que será um espaço de amor e carinho, de troca e conforto, de ajuda e orientação, de entendimento e compreensão. Espero repartir de tudo um pouco com vocês, que são meus convidados permanentes por aqui. Estaremos conectados, portanto, sintam-se à vontade para se expressarem. É muito bom ter presenças tão importantes nessa que será uma "sala de visitas" sobre a vida e o amor, bem como de suas nuances, tais como sexualidade, sensualidade, sedução, erotismo, prazer, conquistas, amor próprio, confiança, respeito, fidelidade e todo esse mundo delicioso e desafiador.
Posso dizer que, para mim (e espero que para vocês também) o amor é tudo! Ele está em toda parte. Em uma canção americana antiga, um compositor dizia que o amor é um carro reluzente, uma guitarra metálica e uma mina de ouro. O amor não precisa de razão ou de rima. Tudo é amor! Nosso mau humor pela manhã é amor. O primeiro abraço do dia é amor. Frio na barriga é amor. Arrepio percorrendo a espinha é amor. A brisa do mar é amor. Uma onda repentina que nos dá um portentoso caldo, também é amor. Bronca de mãe, sem dúvida é amor. Um escondido sorriso de mãe coruja... é amor purinho. Uma decisão difícil, é amor. Recordar os papos de adolescência, é amor dos bons. Adoro quando o amor é ele mesmo. E o grande segredo é amar mesmo quando perceber que o ódio é um amor querendo se curar, pedindo ajuda.
Em um estudo realizado recentemente por três especialistas norte-americanos, concluiu-se que os efeitos do amor no cérebro são similares aos da cocaína. Amar também pode ser tão essencial quanto beber ou comer. Quando pensamos na pessoa amada, nosso cérebro produz dopamina, um neurotransmissor que é capaz de estimular o sistema nervoso central. Essas áreas são acessadas quando conseguimos algo que desejamos muito, segundo a antropóloga Helen Fischer, uma das coordenadoras da pesquisa. Esses dados podem ajudar os pesquisadores a compreenderem melhor a dor da separação ou como determinado indivíduo vai agir diante de uma rejeição. Eu concordo plenamente com estes resultados.
Tenho visto muitos casos de vícios de amor ao longo da vida. Amar mora na casa dos nossos instintos, das nossas pulsões. Esta ânsia por amar e ser amado está conosco há muitos séculos. Podemos pensar nos gregos, por exemplo, que falavam extremamente bem do amor. Eles possuíam um deus, um famoso deus para cuidar das coisas do coração apaixonado... Eros, filho de Vênus, o pequeno cupido que nos atormenta a vida. Um garotinho muito levado, que sabe causar confusão. Fato principal, ele é o deus do amor à primeira vista. E na história dos mitos gregos, ele foi responsável por brigas, infidelidades, estupros e até guerras. O rapto de Perséfone por Hades teve o dedinho, melhor dizendo, a flechinha dele envolvida.
Mas, além destas dores de amor, Eros pode ser visto de forma mais profunda e abrangente. Eros no livro de Platão, intitulado de "O Banquete", simboliza não somente o amor entre um homem e uma mulher, mas também o amor erótico. Representa ainda o amor do homem por Deus, uma busca por completude. Através deste amor é que procuramos a verdade. Sim, o ato de amar é mais sério do que podemos imaginar. E, por isso, é importante tratarmos esse sentimento tão nobre como algo sagrado. Sabe, isso me faz lembrar do irmão de Eros, pouco conhecido, quase um anônimo. O nome dele era Anteros ou o "anti-Eros". Ele punia a todos que rejeitassem o amor de forma violenta. Tornou-se o deus do amor não correspondido. Quando se irritava com o irmão, quebrava suas flechas e o amarrava a uma árvore.
Sendo assim, não poderíamos esperar dos dois nada menos do que fortes emoções. Todavia, os gregos ainda nomearam dois tipos de amor. Um deles é "Ágape", um tipo de amor mais próximo da afeição do que do amor de Eros, como o sentimento que nutrimos por nossos cônjuges e filhos. No "Novo Testamento" é o tipo de amor que Jesus demonstra por seus discípulos. Um outro tipo de amor é o "philia". Em grego moderno esta palavra quer dizer amizade. É algo mais ligado ao equilíbrio, bem como a lealdade para com a família, amigos e comunidade. São tantas formas de amor, tantas definições. E Eros, o pequeno menino alado [dotado de asas] passeia pela minha cabeça.
Fico pensando, então, no "verdadeiro amor", um amor mais próximo da verdadeira essência da palavra. E uma estória me ocorre. Moses Mendelssohn, avô do grande compositor alemão Felix Mendelssohn, não era o que se pode chamar de um homem bonito. Era baixo e corcunda. Uma vez, visitando um comerciante na cidade de Hamburgo, ele conheceu a filha deste comerciante, um anjo de beleza chamada Frumtje. Moses se apaixonou perdidamente. A moça não lhe dedicava o mesmo afeto, nem em tamanho e nem em intensidade. Chegou a hora de se despedir. Moses subiu para dizer adeus à sua amada. Ele estava muito triste por não ser correspondido. Mas ainda assim ele perguntou à jovem: “Você acredita que os casamentos são combinados no Paraíso?”. Ela disse que sim. Moses lhe disse: “Olha, no Paraíso, quando um garoto vai nascer, Deus aponta a menina com quem ele vai casar.
Antes do momento do meu nascimento, o Senhor me disse: "Sua esposa será corcunda”. Sua amada o olhava penalizada, tomada de forte emoção pela tristeza da estória. Moses continuou: “Então, eu disse a Deus: Senhor, faça-me corcunda e deixe-a ser linda. Uma moça corcunda, o mundo não merece esta tragédia”. Frumtje olhou fundo nos olhos e parece que um véu foi rasgado. Sorriu. Moses pediu sua mão em casamento e ela prontamente aceitou. Isso porque, naquele momento, ela conseguiu ver além de todos os véus sociais. Ela tocou a essência do amor. Isso é o que temos de ansiar em nossas vidas. Que toquemos a essência de todas as coisas. E do amor especialmente.
O amor é energia vital. Não amar é não viver!
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