O JOGO DE BÚZIOS

   

Autor José Roberval Dantas de Macedo

Até onde consta nos registros históricos, o Jogo de búzios nasce na Atlântida e fora ensinado a diversos outros povos do Antigo Oriente. É na Nação Gêge-Nagô composta por várias tribos africanas e algumas outras oriundas do Golfo Guiné , que o Jogo é praticamente exclusivo na sua forma divinatória e prática.

Oduduwá, um poderoso guerreiro cujo nome hebreu era Nimrod, citado no velho testamento como filho de Cusi, Bisneto de Noé, teria vivido aproximadamente em 2180 A.C (REVISTA ABC DO DESTINO). Ele teria recebido de Olorum a missão de fundar cidades que levariam a propagação da cultura e da religiosidade dos nossos ancestrais. Dentre estas cidades cabe destacar, Nínive, considerada a cidade mais importante da antiga babilônia, assim como a Cidade localizada na África Ocidental, a atual Nigéria.

Oduduwá edificou também as cidades de Ifé e Oiá, além de ter desenvolvido a raiz dos cultos africanos, dedicando-se a do a Olorum e a sua corte de ancestrais, nossos Orixás - anjos de guarda. Fora chamado pelo povo africano de Orixalá, senhor da vida e de Obá Olokun, senhor dos mares. Teve três filhos: Ogum (linhagem dos orixás e espíritos ancestrais); Ishedale (ninfas e heroínas) e, por ultimo, Okambi (onde surgiram todas as tribos que compõem a nação Nagô e seus heróis, destacando-se entre eles Xangô).

JOGO DE BÚZIOS NO BRASIL

As várias manifestações religiosas da África foram introduzidas no Brasil pelos escravos da época do Brasil Colônia (1500-1822). Tais manifestações fazem parte da cultura Iorubana, a qual ganha destaque pelos seus ensinamentos constantemente baseados no princípio Ancestral, valorizando a religiosidade e crenças baseadas nos Devas da Natureza. Contudo, foi no Candomblé (Casa onde batem os pés, ou mesmo casa de festa), religiosidade que teve sua origem no Brasil por força das raízes nigerianas, que o Jogo de Búzios ganhou popularidade e adeptos.

O candomblé procura manter rituais, consagrações e sacramentos contidos na linha religiosa africana. Ademais, essa religião afro-africana vem, ao longo dos anos, passando por um processo de novas adaptações e de novos pensamentos que vão transformando aos poucos os ensinamentos deixados por nossos ancestrais.

Em referência ao Jogo de Búzios, acredita-se que o candomblé continua mantendo firme a sabedoria oracular de Ifá, "Deus da Adivinhação, abençoado por Orumilá", com suas cores, orações, de modo a congregar o respeito e a dedicação aos orixás, seres espiritualizados e contidos em cada elemento da natureza, concentrando, dessa forma, seu Axé.

No candomblé, a imagem dos Orixás, como divindades, é expressamente compreendida pela gama de estudos e preparação. Portanto, tudo devidamente elaborado para que os sacerdotes tenham de fato entendimento sobre a origem, história e culto a esses mesmos Orixás.

A palavra ORIXÁ significa: ORI-CABEÇA, XÁ-FORÇA. Logo, estes são intermediários entre o Deus Supremo e o mundo terrestre. Enfatiza-se que os orixás interferem no destino dos seres humanos com discrição, valorizam o livre arbítrio e, por terem vivido na terra, amam, odeiam, beneficiam e castigam, ou seja, curam de acordo com sua natureza.

A Umbanda também considera em suas manifestações oraculares o jogo de búzios, porém, em uma linha espiritual popularmente comandada por giras e pretos velhos, Exus e pomba-gira, caboclos e negros escravos. É justamente nesse ponto que o pensamento umbandista difere do Candomblé. Isto deve-se porque o Candomblé referencia de forma direta e elementar os orixás e toda corte ancestral, voduns. Aqui o jogo de Ifá exerce uma grande influência no terreiro, pois os orixás se comunicam com os homens através do oráculo e Exu. Sendo assim, este orixá recebeu de Deus o dom de conhecer todas as línguas, traduzindo as mensagens divinas dos deuses aos povos terrenos.

Por outro lado, na Umbanda, os caboclos, cânticos e giras, falam diretamente nossa língua, sem intermediários, e se manifestam por meios dos médiuns trabalhadores. Deve-se ter respeito para com a Umbanda. Todavia, é no Candomblé, considerando o Brasil e o Continente Americano, onde consegue-se conciliar a verdadeira potencialidade de bênçãos e axés vindos dos orixás.

Não se pode deixar de mencionar que o número de orixás é infinitamente grande, de modo que cerca de 1.200 deles são cultuados em países da África, ao passo que 400 são cultuados e homenageados de forma direta na religião Iorubá. Aqui no Brasil 16 orixás ganharam maior popularidade dentre os 256 Odus consagrados, a saber:Exu, Ogum, Oxóssi, Xangô, Iansã, Oxum, Obá, Logum, Iemanjá, Nanã, Ibêji, Obaluaê, Ossaim, Oxumaré, Ewa, Oxalá.

1 Informação extraída de BUONFIGLIO, M. Búzios: o oráculo dos orixás.
2 Informação extraída de BUONFIGLIO, M. Búzios: o oráculo dos orixás.
3 Informação extraída de Revista ABC do Destino - Búzios: o jogo sagrado dos orixás; CARNEIRO, E. Candomblés da Bahia.

Referências

BENISE, J. Jogo de Búzios: um encontro com o desconhecido. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008
BITTENCOURT, J. M. No Reino dos Pretos Velhos. Rio de Janeiro: Pallas, 1999.
BUONFIGLIO, M. Vivendo e aprendendo a jogar. Búzios: o oráculo dos orixás. São Paulo: Outras Palavras.
CARNEIRO, E. Candomblés da Bahia. Edições de Ouro. Editora Tecnoprint S. A.
DE LASCIO, E. Candomblé: um caminho para o conhecimento. São Paulo: Cristális Editora e Livraria, 2000.
HAHAN, T. O Jogo de Búzios: o verdadeiro significado oculto do destino de cada um. São Paulo: Minuano, Ano I. Número I.LINARES, R. A. Jogo de Búzios. São Paulo: Madras, 2007.
REVISTA A B C DO DESTINO. Búzios: o jogo sagrado dos orixás. Ano 1, N° 3 Rio de Janeiro: Editora Globo.
RIBEIRO, J. Jogo dos Búzios. Rio de Janeiro: Editora Espiritualista LTDA.

 

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