A ausência do encontro!
Atualizado dia 25/05/2014 12:08:29 em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Como está havendo uma grande ausência dele entre pessoas, em todos os tipos de relacionamento.
Casados há mais de quarenta anos, um profundo sentimento de amor que os une, quando da morte da esposa, o marido descobre através de uma amiga do casal um grande sonho de sua esposa, que ele nunca havia tomado conhecimento. Quando falou desconhecer esse sonho de sua esposa, a amiga disse que sabia disso, pois a esposa havia dito a ela que, quando tentou por algumas vezes falar sobre o assunto, o marido havia desconsiderado, dizendo ser aquilo uma grande bobagem, não dando então mais estímulos a ela para que continuasse seu relato. Guardou consigo por toda sua vida e não quis buscar sua realização para não contrariar seu amado. Achava que ele não encontraria nele, seu sonho, nenhum valor.
Após ter conhecimento desse sonho, ele procurou conhecer sobre o que se tratava, gostou do que viu, mas carrega consigo até hoje o desgosto de não ter dado a atenção a sua esposa e não terem desfrutado juntos o que ela tanto queria.
Esse mesmo casal, pais de três filhos, dois homens e uma mulher, já adultos, vivendo cada um sua vida, tinham eles uma ideia formada de seus pais, idéias essas compartilhadas entre si, mas cada um dando uma interpretação própria para os comportamentos que analisavam em seus pais.
Mas nenhum deles estavam dispostos a realmente escutarem seus pais e buscarem compreendê-los em suas manifestações, diga-se de passagem, em nenhum momento invasivo ou desrespeitoso a seus filhos e suas vidas.
Partirão dessa vida achando que estavam com a razão. Não saberão nunca o quão enganados estão.
Como isso pode acontecer e tirar das pessoas a oportunidade de verdadeiramente se encontrarem e manifestarem seus amores, uns pelos outros?
O ser humano está cada vez mais hábil em julgar através de algumas observações feitas e tirar então, conclusões. Conclusões essas que irão reger seus pensamentos para “todo o sempre”, pois não mais irão se permitir buscarem a compreensão do outro. Acabamos de descrever a instalação do “eu já sei” o que ocorre, o que o leva a isso e assim por diante.
Está instalado o processo de desconhecimento do outro, seja entre o casal, seja entre os pais e filhos, ou em qualquer outro tipo de relacionamento. O pai grita com a filha porque acha que ela está vestindo uma roupa inadequada, e só por isso, mas a filha entende que ele está gritando porque não a ama, na verdade, porque não a suporta, pois em um momento qualquer lá atrás entendeu que o comportamento paterno estava sendo regido pela falta de amor a ela.
Ela sofre terrivelmente, sentindo-se rejeitada pelo pai, a quem ama tanto, mesmo tendo demonstrações de ódio. Ele se sente não compreendido e não escutado pela filha, pois não consegue fazê-la entender que aquele tipo de roupa não condiz com sua reputação.
Inferir significa tirar conclusões a partir de alguns fatos. Interpretações se estabelecem então baseado em “acho que”. As impressões passam a ditar os comportamentos, as ações.
Muitas pessoas, após terem rompido relações que poderia ter dado muito certo, seja afetiva seja profissionalmente, seja socialmente, em determinado momento após a ruptura, surge uma oportunidade delas se falarem sobre o acontecido, mas sem mágoas, sem ressentimentos, sem agressões mutuas e então, uma diz a outro: “Eu nunca imaginei que era isso”. “Meu Deus, eu achava que você queria....” e assim por diante.
O tempo passou? A oportunidade do encontro também. O que ficou foi a marca de um “encontrão”, “batida de dois corpos em um determinado ponto comum”. Ficou a dor. E também o desperdício da oportunidade de poder ser feliz.
Texto revisado
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