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A CRISE DE IDENTIDADE MASCULINA

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Autor Osmar Francisco dos Santos

Assunto Psicologia
Atualizado em 11/08/2009 10:45:36


 Uma abordagem direta e clara sobre a crise de identidade masculina aconteceu na obra de Robert Moore e Douglas Gillette:

"Rei, Guerreiro, Mago e Amante" (Editora, Campus-1993). Esgotada. Citando a contracapa: "Na recente entrevista de Bill Moyers com o poeta Robert Bly... um jovem perguntou: onde estão, atualmente, os homens iniciados com o poder? Escrevemos este livro para responder a essa pergunta que preocupa homens e mulheres. No final do século XX, enfrentamos uma crise de identidade masculina de grandes proporções. Cada vez mais, os observadores do cenário contemporâneo - sociólogos, antropólogos e psicólogos profundos - descobrem as arrasadoras dimensões desse fenômeno que afeta a cada um de nós, individualmente, da mesma forma que atinge a sociedade em geral".


No caso brasileiro, não vejo a preocupação de homens e mulheres com a questão em foco, por desconhecerem, em sua maioria, tal fenômeno. Sofremos todos, suas terríveis conseqüências, haja vista que todo o mundo sofre com a falta de líderes autênticos; homens capazes de liderar a execução de um projeto, seja ele de cunho econômico ou social, levando-o a bom termo com a aplicação ética dos recursos usados. Nas atividades públicas a situação é ainda mais caótica, porque existe uma atuação autista das instituições públicas, algumas defasadas de seus códigos funcionais.


A sociedade sofre com falsos líderes que anelam o poder, jogam para consegui-lo e depois fazem dele um meio para exercer influências e amealhar bens numa escala sem limites. Outros poderosos operadores de máquinas de guerra se julgam no direito de defender a "democracia" do outro lado do mundo, levando à morte milhares de seus concidadãos que se pensam heróis, promovendo a morte centenas de milhares nos países onde pretendem "libertar" o povo do ditador de plantão. Esse homem perverso está presente em todos os segmentos da sociedade; desde as famílias abandonadas até nas supremas cortes e muito mais.


A revista Veja no. 2115 de 03 de junho traz uma entrevista com Contardo Calligaris, onde ele explica a angústia de homens contemporâneos com a perda de papéis tradicionais: "O homem passou a não saber mais como ser homem. Alguns encaram os esportes radicais como o que lhes sobra de virilidade. Para outros é a vida sexual." O homem que luta pelo poder a qualquer custo, também pode ser considerado neste contexto. A causa psicológica é a construção de um mundo voltado apenas para o homem, com clara exclusão da mulher, o que criou no homem uma espécie de esterilidade da alma, levando esse homem desalmado, a criar instituições machistas, abandonando o poder de gestação do feminino, como as estruturas religiosas judaico-cristãs: A mulher só serve para ser professora ou enfermeira, enquanto ao homem é facultado o acesso a todos os postos hierárquicos. A falta de acesso ao arquétipo feminino deixa o homem sem a intuição e a compaixão.

Arquétipo é a causa primordial de toda existência. Segundo Jung, o Self é o arquétipo em torno do qual se reúne toda a estrutura psíquica. Do arquétipo de Deus, deriva-se o arquétipo do Rei e deste, o arquétipo do Pai, que é o que nos interessa nesse texto. Do livro "A filha do HERÓI - Summus editorial-SP, 1997. pag. 107. Maureen Murdoc, citamos: "O PAI como arquétipo está carregado com o poder e o privilégio de um Rei, Protetor, Sacerdote e até mesmo Deus nas famílias e sociedades há milhares de anos. A lei, a ordem e a hierarquia são corporificadas pelo arquétipo do Pai, assim como a promessa de proteção, sustento e identidade. Uma manifestação positiva do arquétipo do Pai é o rei sábio, em torno de quem gira o reino (sua família). Como Salomão, do Velho Testamento, o rei sábio utiliza seu poder com justiça e compaixão e nutre os que o rodeiam. A manifestação negativa do arquétipo do Pai, por outro lado é o rei patriarcal, que exerce seu poder de modo rígido e injusto. Ele governa o reino (sua família) de maneira autocrática, invocando o medo e exigindo total obediência e lealdade. Como o rei Herodes, do Novo Testamento, o rei patriarcal é um tirano, aniquilando qualquer um que ameace a sua autoridade. O pai pessoal é dotado com o poder misterioso e a força do arquétipo do Pai, e assim como o arquétipo, manifesta tanto as qualidades positivas quanto as negativas".

A identidade é a principal virtude a ser passada pelo arquétipo do Pai, dela se origina a auto-estima, a segurança com que o indivíduo vai envolver e se desenvolver no mundo, sendo a timidez, as inadequações, a falta de condições para assumir a própria vida, marcas no corpo como tatuagens e pirces, além da busca de alucinógenos para aliviar a angústia existencial, a busca de grupos afetivos; as características mais evidentes da busca de identidade negada pela fraqueza da paternidade. O pai transmite as qualidades positivas do arquétipo pelo envolvimento com os filhos, coisa que no mundo atual, ele não coloca como prioridade. Além do que o conceito de família tem se tornando muito flexível, em parte pela ascensão da mulher ao mundo corporativo, reagindo à desvalorização que o patriarcado lhe impôs, e em parte pela falta de estabilidade dos laços afetivos. Os padrões de relações familiares mudaram e não restauram mais antigos valores. Por outro lado ainda não se chegou a um modelo de relação afetiva em família que garanta crescimento a todos em parceria e harmonia.

O sucesso de filmes sobre heróis, tirados da história, da ficção ou inventados como mutantes, denota a busca utópica de um líder. Algumas dessas obras, analisadas à luz da Psicologia Junguiana, revela-nos a ação de todos os arquétipos principais da psique masculina como: O Rei, Guerreiro, Mago e Amante, abordados no filme "o senhor dos anéis", onde todos esse arquétipos interagem na construção de um mundo melhor.

A restauração das qualidades do arquétipo do Pai negadas no desenvolvimento do indivíduo, que deveriam ocorrer principalmente, entre cinco e dez anos, antes do desenvolvimento hormonal, depende de psicoterapia profunda, se possível com as restaurações dos papéis, mas passa pelo indispensável desenvolvimento do autoconhecimento, sobretudo no que se refere à conscientização dos conteúdos inconscientes, com a utilização dos sonhos como ferramenta principal de acesso ao drama inconsciente. Como disse Einstein: "a solução de um problema passa sempre pelo conhecimento de suas causas". Sem isso, a sociedade entenderá como herói apenas os vencedores dos esportes e atores de TV.


Osmar Francisco dos Santos

Psicólogo Clínico Junguiano

[email protected]
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https://www.terceiromilenionline.com.br/ - Revista Holística de Qualidade de Vida - Ano8.Número 88 - Julho-2009 Pag. 18/19
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Osmar Francisco dos Santos   
•Participante do Núcleo de estudo Junguiano do Rio de Janeiro; •Palestrante e autor de trabalhos sobre Psicologia Junguiana publicados em revistas universitárias e outras; •Psicoterapeuta transpessoal da linha Junguiana; •Administrador de Empresas e Consultor de Qualidade Total na Área de Recursos Humanos. •Atuação em Consultório particular.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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