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A CURA DOS VÍCIOS

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Autor João Carvalho Neto

Assunto Psicologia
Atualizado em 28/03/2009 11:04:52


Uma das questões mais afligentes quanto à busca por soluções é aquela que diz respeito à erradicação e cura dos vícios, de toda espécie. Digo erradicação e cura pois existe uma grande diferença entre elas. A erradicação pode se dar apenas por um controle corretamente condicionado, pela vontade ou por técnicas comportamentalistas, que resultará no abandono do hábito indesejável. Contudo, a simples eliminação do sintoma, no caso o hábito indesejável, não significa que a pulsão que o alimentava tenha sido curada. Muito pelo contrário, ela continuará viva, agora por um período agindo silenciosamente, para voltar a eclodir na superfície da individualidade, seja emocional ou fisicamente, trazendo os mesmos ou novos sintomas.
Podemos considerar um vício como um comportamento compulsivo ou um pensamento obsessivo, gerando hábitos que, a princípio, trazem sua cota de prazer e satisfação – aliás como todo hábito neurótico – e que depois vai se tornando indesejável mas difícil de ser abandonado, pela forma como se enraizou na estrutura física e psíquica. Como comportamento ou pensamento ele pode ser o alcoolismo, o tabagismo, a toxicomania, ou ainda, a sexolatria, a maledicência, a glutonaria, e tantos outros.
Pela profundidade dos alicerces de qualquer hábito que se tornou vício, há que se entender que não existem soluções fáceis, nem tão pouco que ele esteja sujeito apenas ao exercício da vontade. Para falar a verdade, quanto mais se tenta exercitar a vontade para erradicá-lo sem conseguir, mais uma sensação de fracasso vai tomando conta da pessoa, minando sua capacidade de reação e vontade, acabando, muitas vezes, por se entregar ainda mais a ele, como uma compensação pela sua angústia.
Qualquer tipo de vício a que se tenha entregue, por si só, significa apenas uma manifestação de questões muito mais importantes e complexas que o sustentam. O prazer imediato que ele proporciona, a que chamamos de prazer secundário, é apenas uma forma de compensar uma dor psicológica que pode ser fruto de uma angústia, uma ansiedade, um conflito mal elaborado, um desejo não realizado.
Lidar com um vício significa lidar com uma doença emocional, exigindo tratamento específico para isso.
Quando um vício se instala definitivamente, não envolve apenas um aspecto da natureza humana, mas a sua globalidade. Ele acaba por contaminar as estruturas físicas, energéticas e psíquicas, sem que a simples solução de uma delas represente a eliminação das demais. É como uma erva daninha da qual se retira o caule com as folhas, deixando as raízes que voltarão a se ramificar, às vezes com um corpo estrutural ainda mais forte.
Afirma um sábio instrutor espiritual, em uma psicografia de Francisco Cândido Xavier, que “instintos e paixões são energias e estados inerentes à alma de cada um, que as leis da Criação não destroem e sim auxiliam cada pessoa a transformar e elevar, no rumo da perfeição, à custa de experiência e trabalho” (do livro “Vida e Sexo”, Emmanuel)
Independente de alguns leitores poderem questionar a origem dessa informação, por questão de crenças particulares, ela se fundamenta na mais pura verdade, a de que nossos vícios acabam por se tornar parte de nossa própria estrutura psíquica, exigindo ser transformado e não arrancado. É como um câncer que estabeleceu metástase e não pode ser extirpado cirurgicamente. Preciso que se faça o devido tratamento de quimioterapia ou radioterapia para depois acabar por extrair seu núcleo final.
Assim também é um vício. Ele está construído a partir do material psíquico de que se dispunha, ou seja, das emoções que transitam em nossos pensamentos inconscientes. Ele é um pouco de nós mesmos.
Claro que não quero dizer com isso que não se deve tentar controlá-los, mas alertar a todos que isso não é suficiente e, muitas vezes mesmo, pode acabar sendo prejudicial por mascará-lo.
Vejamos então... Se o vício se estrutura em nossas próprias energias inconscientes, uma estratégia sempre útil será falar sobre eles, sobre as situações que eles envolvem, pois sempre que falamos trazemos parte do material que se encontra inconsciente para a consciência, e, portanto, passível de ser trabalhado. Quando falamos sobre algo, permitindo a emersão de conteúdos reprimidos, damos uma materialidade às emoções, na figura concreta das palavras. É como se ao falar pudéssemos colocar a questão bem diante de nossos olhos, vê-la, analisá-la, e resolver como melhor lidar com ela.
Esta é uma das questões que compõem os tratamentos psicoterápicos. Em diversas situações a própria pessoa não tem como lidar com seus conflitos pessoais. Comumente, na verdade, a maioria de nós não o consegue. Contudo, quando o assunto é transtorno emocional todos achamos que podemos dar um “jeitinho”. Ninguém tenta dar um jeitinho quando quebra uma perna ou quando tem uma úlcera no estômago, mas se tem um vício, uma neurose, uma depressão sempre acha que pode. E, com isso vamos nos arrastando, de tempos em tempos, carregando nossas dores como se fossem um fardo inevitável. Mas a cura é possível, e talvez nos falte mesmo é aceitar que estes transtornos são doenças e como tal devem ser tratados.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor dos livros
“Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal”
www.joaocarvalho.com.br

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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