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A Inimiga paixão

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Autor Paulo Tavares de Souza

Assunto Psicologia
Atualizado em 13/04/2015 15:23:03


O mundo é movido pela paixão. Grandes obras resultam de ações apaixonadas e ninguém contesta que uma pessoa com esse tipo de energia pelo que faz seja capaz de grandes prodígios. A paixão aumenta nossas forças e torna nossas ações mais intensas, como o espinafre do Marinheiro Popeye ou como a lua cheia dos lobisomens,  somos possuídos por poderes inimagináveis e isso nos permite transpor grandes obstáculos.

Analisando dessa forma,  parece que estamos diante de um elemento indispensável para o nosso sucesso, de fato, não podemos negar que exista algo de positivo na paixão - pelo menos no aspecto produtivo - no entanto, é preciso alertar para os perigos de agir, sempre, de forma apaixonada, pois a paixão é um recrudescimento dos desejos humanos, sejam eles quais forem, ela surge como um aditivo poderoso que fortalece, estimula e aumenta nossa capacidade de lutar por aquilo que desejamos. Infelizmente, o que não percebemos, é o quanto isso influencia o nosso comportamento, o quanto nos enraizamos dentro de condicionamentos destrutivos, principalmente através do apego excessivo. Não nos damos conta que ficamos imantados de energias que, em algum momento, terão que ser esgotadas, pois, como nos ensina a máxima cristã, ‘Onde estiver o seu tesouro estará o seu coração’, significa que estaremos presos a tudo aquilo em que depositarmos um significado exagerado. O desejo insano pelo poder, o apego aos objetos materiais, a busca pelo sucesso, a obsessão por um parceiro, a fome insaciável por prazer, a necessidade do torpor, são alguns dos seus efeitos colaterais.

A paixão é capaz de cegar e produzir encantamentos em quem sofre o seu efeito, principalmente na medida em que este fica sem chão, pois ela reduz a dinâmica da consciência ao objeto desejado. De fato, para quem esta apaixonado, todas as outras coisas perdem importância, pois o insensato passa  desprezar pessoas e coisas que não façam parte de suas obsessões, simplesmente pelo fato de estar dando importância apenas aos próprios objetivos. Pobre homem que, tornando-se escravo da própria vontade, estertora nessa insensatez.

A grande maioria dos relacionamentos afetivos foram construídos sob influência deste elemento, toda a carga afetiva que se instala entre os casais faz parte de um fenômeno comum, independente do decaimento natural do interesse de um pelo outro, a força que promove esse tipo de atração é quase irresistível e poucos se perguntam: que espécie de combustível novo é esse no tanque da própria existência? Poucos avaliam o teor deste estado de consciência absolutamente enebriante e entorpecente, poucos questionam que condição existencial é essa que instalou-se de forma tão violenta e nos torna tão dependentes.

Quanto mais o homem vive e amadurece, mais desapaixonado se torna, pois aprende através do sofrimento a não iludir-se tão facilmente com os imperativos do campo emocional. Isso é uma evolução! O ideal é estar cada vez menos vulnerável às construções mentais infelizes que resultam desta rendição irresponsável aos desejos, pois todo desejo é o resultado de um pressuposto de vazio que na realidade não existe. Quando o homem compreender que não lhe falta nada, que não precisa preencher-se de pessoas ou coisas, que é pleno, toda a ânsia provocada pelos desejos, aos poucos, desaperecerá.

A segunda Nobre Verdade, preconizada por Buda Shakyamuni, explica que o sofrimento tem um causa, ensina que é provocado por nosso apego a ilusão e isso é profundo e verdadeiro, pois permanece de forma inconstestável como um farol para a humanidade que busca o caminho da iluminação.

Enquanto estivermos vulneráveis às paixões, continuaremos encantados com a mesma casa de doces da floresta - como ocorreu na fábula de João e Maria - acreditando termos encontrado o caminho certo para a nossa realização e alcançado a felicidade sem percebermos que fomos encarcerados, que estamos sendo engordados por uma bruxa má e presos em ambientes de sofrimento e profundamente anestesiados.

As paixões asfixiam, escravizam e reduzem pessoas poderosas a condição de escravos. O amor - que não é uma emoção, mas um sentimento - é muito mais expansivo, pois convida aquele que o possui a um envolvimento cada vez mais amplo com o próximo, com o mundo e com a realidade. O amor não prende, não busca os seus próprios interesses, tudo sofre, tudo crê, tudo espera...(vide Carta de Paulo aos Coríntios). 

Pais apaixonados pelos filhos, não se importam nem um pouco quando o filho do vizinho atravessa a rua, homens apaixonados por suas mulheres, não se interessam em criar vínculos com aqueles a quem não guardam a mesma estima, empreendedores apaixonados por seus projetos, não medem consequências para realizá-los, mesmo que tenham que passar como um trator por cima dos outros - esse tipo de paixão está muito presente na história dos grandes estadistas.

É preciso atravessar o mar da existência sem permitir que água entre convés adentro, assim sendo, é preciso vencer os desejos terrenos, especialmente aquele que surgem com tanta intensidade, conhecidos como paixões, para não ficarmos ancorados na própria insensatez, pois estes sim se colocam como os nossos maiores inimigos. Desejar um copo de água, um final de semana na praia ou um jantar no restaurante é saudável, enriquece a existência com experiências agradáveis, porém, permitir que os desejos construam idealizações que nos tirarão do presente, deixando-nos aprisionados em uma mundo virtual, roubando nosso interesse pela realidade a ponto de acreditarmos que só nos sentiremos realizados quando aquilo que idelizamos for alcançado, não é o mais saudável, é viver sob o efeito da paixão.

Viver no mundo sem ser do mundo. Parece simples? Infelizmente não é, eis a causa de todo o nosso sofrimento.

Seria possível viver, como nos ensinou Ramakrishna, como a ama-de-leite que dorme no emprego? Viver em um mundo onde nada é nosso, nem os filhos, nem a casa, nem os objetos, simplesmente, fazermos o nosso trabalho e voltarmos à Casa que nos pertence? 

Este é o ideal de desapego e de renúncia tão presente nos discursos dos grandes avatares que vieram a esse planeta, elementos que se colocam em condições diametralmente opostas à paixão.
 
 


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