A ressaca após a tomada de ação
Atualizado dia 7/9/2012 10:13:46 AM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Há situações em que as pessoas já sabem o que fazer, têm certeza do que fazer e demoram muito para fazer. Quando fazem, sentem o alívio de missão cumprida. Sensação de vitória, pois foi superado um desafio.
Outras vezes, as pessoas agem após chegarem à conclusão de que é o único caminho viável, no sentido de adequação e acerto, pois as demais opções ferem inclusive a própria dignidade e aí pode surgir o que estamos chamando de "ressaca da ação tomada".
Quando uma ação tomada não é a que o meio envolvido deseja, desperta imediatamente uma reação de rejeição e até de repúdio, fazendo muitas vezes com que a pessoa que tomou a decisão seja vista como autoritária, insensível, cruel e outros adjetivos mais. "Ela não me ama, pois se me amasse não faria isso.", "Ele quer ver a empresa quebrar, onde está a nossa motivação para trabalhar desse jeito?".
Quando as pessoas estão interessadas apenas na suas formas de verem as coisas, acham que tudo podem e que aos demais resta acatar. Isso vai desde o filho que tenta manipular os pais para atingir seus intentos até o líder que, mesmo "bem intencionado", acha que só sua visão é correta e que, portanto, deve ser aceita incondicionalmente.
Filhos querem fazer coisas para as quais não estão preparados e quando se vêem barrados, rebelam-se contra o que está sendo colocado. A situação piora ainda mais quando não há a concordância dos pais, um acha que pode ou não liga, está pouco se importando com a situação e o outro vai fundo, analisando as conseqüências e tentando mostrar as possíveis consequências que a ação pode gerar. Aí usa de sua autoridade (ou mesmo poder) e determina o que será ou não feito. Todos, ou quase todos, se voltam contra ela que então, sente-se só. Criticada de todas as formas, desde olhares a palavras rudes, é isolada e ignorada. A censura está em "todas" as oportunidades.
Aqui se faz necessário que a pessoa tenha plena consciência de sua decisão. Sentir-se ignorada, recriminada e mesmo rejeitada são reações naturais de quem não queria o que se fez estabelecer. Não se deve esperar a compreensão imediata. Ao tomar a decisão, devemos ter claro que nas condições vistas, esta é a mais correta. A partir daí, não buscar a aceitação imediata dos envolvidos, pois eles levarão um tempo para perceberem o que é melhor, principalmente para eles próprios. É comum filhos agradecerem aos pais ou a um deles por algo que foram impedidos de fazer anos antes, pois hoje percebem o quanto teria sido danoso caso tivesse sido permitido.
Quando se estabelecem normas e regras, elas inevitavelmente desagradarão alguns. Não queiram agradar a todos. Saibam que algumas decisões concebidas hoje só serão reconhecidas bem mais adiante. Muitas vezes as pessoas voltam atrás pela dor causada pela incompreensão, deixando então de preservar o que era tão importante. Mas as conseqüências desse recuo são danosas: primeiro os envolvidos passam a considerar a pessoa uma fraca que não sabe o que quer e mais tarde, ainda cobrarão dela por não terem mantido sua posição: "Você que já tinha percebido isso deveria ter-nos mostrado".
Rever uma decisão e mudar, quando identificado seu erro, é sábio. Voltar atrás apenas porque está sendo chantageado e estão usando de manipulações é enfraquecer-se. Você só pode ser feliz se construir positivamente para isso. Não seja dono da verdade, mas distinga o que é importante, as pessoas lhe agradecerão depois por isso, mesmo que agora o condenem.
Texto revisado
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