A Voz de Comando dos Pais!
Atualizado dia 17/07/2013 21:33:42 em Psicologiapor SPAÇO NATUREZA & TERAPIAS
Por Silvio Farranha Filho, psicanalista
O processo de educação da criança se dá através da relação dela com a autoridade dos pais, onde a criança tem a sua primeira ideia de poder e o seu sistema de valores. Através desta relação, a criança vai construir o seu padrão de comportamento, semelhante ao da figura influente, e toda a sua vida, decisão e valores, será afetada por este padrão, sendo transportado para a escola, igreja e mais tarde empresa e relacionamentos.
Como a criança faz isso? Ao observar, olhar, ver mesmo, atentamente os pais, ela cria seus diálogos internos. A partir das observações e dos diálogos internos ela faz elaborações pessoais, pensamentos e sentimentos acerca do que vê. Estas elaborações dão origens às crenças pessoais, ou sua verdade interna. Esta verdade interna gera suas experiências, vivências, acontecimentos, atitudes etc.. Um exemplo disso é: o pai diz ao filho que ele deve estudar, o filho ao observar atentamente o comportamento do pai em relação ao estudo, diz para si mesmo: ele cobra de mim que devo estudar, quem quer mesmo estudar é ele, pois não o vejo pegar em nenhum livro. Aí, então, o filho tomará uma decisão a respeito do conselho do pai.
Até os seis anos de idade, a criança está junto da mãe ou figura feminina, vivendo a polaridade feminina, cuja carga é dada para o amor, relacionamentos, espiritualidade e maternidade. Dos sete aos quatorze, está mais próxima do pai ou figura masculina, cuja carga capacita para o profissional e o dinheiro. A partir dos quinze, a estrutura emocional, psicológica está formada, e somente poderá melhorá-la por meio de uma tomada de consciência sobre si própria, via processos terapêuticos, com ajuda profissional. Uma relação conflituosa com a mãe, a criança tende apresentar dificuldades em lidar com o seu feminino e espiritualidade. Com o pai corre o risco de viver sem identidade profissional e/ou com muitos conflitos financeiros.
A educação que os pais imprimem à criança é feita pelos comandos imperativos, pois o cérebro reage à ordem. Alguns deles: não pode! Some! Não! Sai! Incapaz! Vou te bater! Não chore! Você não presta! Você é o culpado! Cala a boca! Obedeça! Seja bonzinho! Seja o primeiro! Seja responsável! Incompetente! Não vai dar certo!
Através destas ordens, os pais transmitem aos filhos seus valores pessoais, culturais, éticos, religiosos, também medos e tudo que está reprimido, recalcado, negado em seu interior, e a criança tendo o medo natural de perder o amor dos pais e necessitar sempre por aprovação, vai moldando o seu padrão de comportamento, elaborando suas convicções, negando muito de si mesma.
Devemos lembrar que os comandos são todos necessários pois eles estabelecem os limites para a criança, sabe-se que estes comandos não necessariamente formarão um adulto problemático, mas se ele tiver problemas quando adulto, os comandos ditados influenciaram, visto porque, não é o comando ditado, mas a carga emocional que vem acompanhada dele, em muitos casos são: raiva, ressentimento, frustração, mágoa, desprezo, indiferença, desejo de vingança, etc.
Os pais ao expressar claramente suas emoções influenciarão a criança a lidar bem com o mundo dos seus sentimentos, porém ocultando ou negando, farão com a ela tenha muita dificuldade em lidar com o seu emocional.
O aprendizado se dá pela observação atenta das expressões faciais, gestos, tom de voz, dos genitores, direta ou indiretamente, associados ao prazer ou à raiva. O comando dado diante de um desejo manifestado pela criança aborta a vivência do desejo ou anseio, gerando raiva e frustração. Estes sentimentos são transferidos ao inconsciente e perturbam a vida da criança. Na fase adulta, transformam-se em conflitos exigindo tratamento.
Exemplo: o comando "Não pode!". A criança ao ouvir de forma constante esta frase contra os seus desejos, cresce pensado que nada pode fazer por livre vontade, reprime ou recalca para a sua sombra a iniciativa, a curiosidade e a espontaneidade. Por mais que deseje ser bem sucedida nos relacionamentos e no profissional, no fundo, ela deseja exatamente é a liberdade de ser criativa e espontânea, ou seja, experimentar as qualidades transferidas à sombra.
Assim, reflita sobre a sua relação com seus pais e questione-se honestamente: você lida bem com o amor, maternidade, espiritualidade e relacionamentos? Como você lida com o profissional, com o dinheiro? Quem você é o que deseja de fato? Quais são as suas necessidades erótico-emocionais? Seus desejos são compatíveis com suas necessidades?
Texto revisado
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