ALGO SOBRE OS NAMORADOS
Atualizado dia 5/27/2009 10:52:54 PM em Psicologiapor João Carvalho Neto
Lembrar daquele que você ama, com quem está construindo um relacionamento afetivo, é uma forma de afirmar a força do seu sentimento, alimentando mais confiança no outro como também mais estreiteza na relação.
O amor é uma força de vida que vem evoluindo conosco ao longo de tempos imemoriais. Inicialmente surgiu como um instinto básico de autoconservação, depois passou para uma pulsão primitiva, manifestando-se no desejo do prazer, da satisfação de uma descarga psíquica de gozo. Mais à frente, mais evoluído e em processo de sublimação, atingiu a escala do sentimento, unindo os seres nos encontros afetivos onde, além do gozo físico, surge um gozo emocional, no prazer de estar junto, de trocar carícias, de se sentir protegido e acompanhado.
Aliás, a palavra companheiro traz o significado daquele que divide o pão, aquele que se torna cúmplice de uma vida, “na alegria ou na tristeza”.
E é nesse tempo, muitas vezes um pouco mágico, que nós conhecemos parceiros, fazemos escolhas baseadas no exercício da convivência para a construção de relações estáveis, geração de filhos, naquilo que chamamos casamentos, oficiais ou só de coração.
Hoje, a maior liberdade de conduta tem feito com que as pessoas possam ter mais relacionamentos antes de fazer uma opção definitiva, possibilitando que as escolhas sejam mais acertadas. Entretanto, nossas carências afetivas costumam potencializar os desejos pelo outro, tornando-nos cegos para seus defeitos e precipitando uniões que acabarão marcadas pela frustração.
Principalmente nos períodos da adolescência e juventude, quando ainda pouco se conhece de si mesmo, ficamos mais sujeitos aos determinantes intrapsíquicos, às forças inconscientes, fantasiando histórias distorcidas da realidade. Encontramos, assim, projeções dessas nossas carências na figura do outro, que surge em contos de fadas como príncipes encantados predestinados a coaxar nos brejos.
Minha prática psicanalítica tem demonstrado como que um relacionamento mal sucedido já trazia sinais desse fracasso desde os tempos de namoro. Mas, como diz o ditado popular, “o pior cego é aquele que não quer ver”, muitas vezes nós preferimos a cegueira do que admitirmos estarmos sós.
Por isso, é importante que valorizemos esses tempos de namoro, que possamos conhecer melhor um ao outro, analisando aquilo que nos agrada e o que nos desagrada, avaliando nossa capacidade de lidar em conjunto com os conflitos e adversidades da vida.
Apesar dos perigos inevitáveis de qualquer relacionamento afetivo, amar é muito bom; faz bem para a saúde física e mental, higieniza nossos pensamentos, traz ânimo e disposição para novas realizações.
Como afirmou Carlos Drummond de Andrade: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a FELICIDADE.”
Portanto, namorar pode ser um mapa para a felicidade.
Boa caça ao tesouro!
João Carvalho Neto
Psicanalista, autor dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal”.
www.joaocarvalho.com.br
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 67
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal" E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |