Amargura
Atualizado dia 12/10/2012 8:02:22 AM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Achamos que uma pessoa amargurada é apenas aquela que age de forma hostil, dura, que maltrata e age carregada de desamor. Mas essa forma de manifestação é apenas a ponta visível do iceberg chamado "amargura".
Encontramos a amargura em pessoas ótimas, muito queridas e bondosas, que nos recebem e atendem com uma prestatividade fantástica! Porém, que não se permitem a soltura interior que possibilita a felicidade. Nelas, já é mais difícil a identificação.
Quando alguém sofre uma decepção e, sentindo-se não merecedora do ocorrido, mas também sem forças para reagir, pois entende que deve se conter, ela passa a cultivar dentro de si um estado de "contenção", ou seja, controle acirrado para não mais se permitir esperar algo e depois se frustrar.
A partir daí, inicia-se uma onda de "fazer, mas sem desfrutar" digna de pena de quem assim vive. Pessoas cumpridoras de suas obrigações e deveres, indiscutivelmente, mas que não trazem dentro de si a vibração pelo que fazem ou vivem. "Por mais forte que seja o sol, o dia é sempre opaco, sem brilho".
É exatamente assim: não se permitir viver o brilho de seus feitos ou conquistas, pois estão trazendo junto de si o amargor vivido lá atrás. O sorriso é comedido, o elogio é tímido, e vindo de pessoas assim, elas não percebem, mas os incentivos que querem dar aos demais, na verdade, carregam a mensagem: "Cuidado! Não se anime muito, você vai se frustrar".
Elas não conseguem perceber que estão vivendo sob o manto da amargura e conseqüentemente, não aceitam quando alguém tenta lhes alertar. Também não entendem o porquê de tão pouco entusiasmo. Apenas se consideram realistas.
A amargura é uma seqüência do "não perdão". A pessoa não consegue se desprender do que lhe aconteceu e, a partir daí, tudo será regido por esses ressentimentos (não percebidos assim). A amargura é, também, conseqüência de não se assumirem erros, pois se algo não deu certo em nossas vidas, primeiro que não necessariamente seja um erro, mas que pode ter sido, então fazer a correção e partir para novas tentativas, buscando os devidos acertos.
A pessoa que sofreu com uma desilusão amorosa e não lidou com isso positivamente poderá desenvolver relacionamentos truncados, restritos impossíveis de se estabelecer a verdadeira cumplicidade. Pode ir além e, simplesmente, nunca mais se relacionar com alguém na busca de encontrar seu complemento.
A desilusão com um sócio ou parceiro de trabalho pode também levar à generalização de que nunca se achará alguém para, com ele, desenvolver o trabalho. Muitos agem sozinhos quando precisariam de parceiros, tanto para o crescimento do negócio como para uma melhor execução da atividade.
Um cliente me perguntou como deveria agir para mudar sua postura orgulhosa e altiva, defensiva. Uma coisa é certa, precisamos parar de achar que determinadas coisas podem acontecer conosco e outras não. Todos somos passíveis de tudo: da maior benção à mais vil traição. Indignamo-nos muito facilmente com o que não gostamos e não olhamos que fazemos o mesmo com outras pessoas. Nossa suscetibilidade (capacidade de nos melindrar) só é valida para nós, não para os outros. Quando percebemos que para o outro também, deixamos de ser suscetíveis por termos nos tornado sensíveis, ou seja, adquirido a capacidade de perceber e sentir além.
Viver amargurado retira o encanto existente na própria vida. Faz com que as pessoas tornem-se "robotizadas", não como mecânicas, mas como controladas por controle remoto, só permitindo sinais emitidos até uma certa freqüência que, se aumentada, corta-se a emissão.
Não pensem que se tornar amargurado é difícil. Basta uma decepção. E pode acontecer com qualquer um de nós, se não estivermos atentos.
Texto revisado
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