As quatro dimensões do ser humano
Atualizado dia 11/10/2011 13:31:03 em Psicologiapor Cristiane Ferreira
O trabalho com pessoas, seja na sala de aula de uma escola, em uma empresa ou na clínica, deve partir do pressuposto de que o ser humano é mais do que nossos sentidos podem alcançar. Porém, isso também não deve servir de prerrogativa para "grandes generalizações" sem *Famentação, mas, sim, para a compreensão de que o olhar do profissional deve ser múltiplo, tendo vários enfoques e procurar dialogar com outras áreas para poder oferecer o melhor encaminhamento possível em cada caso, cada pessoa e situação.
Costumo dar o exemplo de um doente que sempre chega ao hospital com os mesmos sintomas (fraqueza, desmaios). Os médicos diagnosticam que o doente tem "anemia" e fazem os procedimentos necessários para cura. Essa pessoa tem "alta", volta para sua casa e semanas depois retorna ao hospital com anemia novamente.
De fato, ele tem "anemia" (um problema situado na dimensão biológica, em seu corpo). Mas o que origina essa anemia é a falta de condições de ter seu próprio alimento (problema na dimensão social). Portanto, somente tratar a anemia, embora seja realmente necessário, não adiantaria. Nesse caso, é preciso também equilibrar a dimensão social que, por sua vez, pode estar em desequilíbrio por conta de uma outra situação.
Outro exemplo para ilustrar como as diferentes dimensões do ser humano interagem entre si é o da pessoa que se vicia em drogas. Cada dimensão será afetada, embora de maneiras e em tempos diferentes:
- biológica: pela própria atuação das drogas em seu organismo;
- psicológica: o que levou à experimentação? Como essa pessoa se sente agora?
- social: em uma dimensão micro é afetado o relacionamento com a família, amigos, trabalho. Na dimensão macro devemos considerar que o tráfico de drogas (na outra ponta da questão das drogas) produz violência na sociedade.
- espiritual: nessa dimensão o "eu sagrado" e a transcendência são afetados.
Todas essas dimensões vão interagindo entre si, sobrepondo-se às vezes, em um relação paradoxal e, por que não dizer, dialética?
Esses são exemplos simples, mas que servem para ilustrar o quanto deve ser abrangente o olhar do profissional que atua com pessoas.
Obviamente, seria impossível termos todos os conhecimentos em todas as áreas, mas é possível termos conhecimentos gerais e integrarmos equipes multidisciplinares, favorecendo assim a trocas de experiências e os encaminhamentos adequados.
Cristiane Ferreira é Pedagoga formada pela PUCSP; mestranda em Psicologia; especialização em Psicopedagogia; foi diretora de escola, professora de educação infantil, professora orientadora de leitura. Atua como professora na rede municipal de ensino de São Paulo, psicopedagoga, professora de dança e como supervisora docente no Instituto Plena.
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 55
Psicanalista e Psicopedagoga E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |