Chega de culpa
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Autor Mozana Amorim
Assunto PsicologiaAtualizado em 5/31/2010 12:07:49 AM
Quem nunca sentiu a energia paralisante da culpa levante a mão!
É, amigos e amigas, a culpa paralisa. Como um vento gélido que vai percorrendo todo o corpo, a culpa nos traz uma sensação de incapacidade assustadora.
Bastante útil aos processos de dominação, pois aquele que se deixa assolar por esse sentimento é facilmente manipulado. Existe uma vozinha que nos diz que todo sofrimento será pouco para um culpado. E todos os dias, dentro e fora de nós, encontramos crenças que reforçam esse pensamento, por mais medonho que seja.
Claro está que não se trata, na maioria das vezes, de um processo óbvio e direto. Quase sempre são reflexos de posturas inconscientes, com profundas raízes na nossa estrutura pessoal.
Existem culpas travestidas de euforia; que é quando você nega o problema e se esconde atrás da máscara da felicidade. Há culpas que fingem ser humildade; quando você diz a todo mundo que errou e errar é humano, mas dentro de si, a marca está viva e funda; por fim, existe a culpa-mártir: você é a vítima de uma enroscada trama que se estabelece para prejudicá-la, pois você é uma pessoa de bem.
Sim, são estereótipos estes. Mas, podem bem ser fatos acontecidos com você que me lê agora. Fruto de minhas próprias experiências e descobertas, percebo que a culpa ocupa muito mais espaço no nosso íntimo do que somos capazes de supor. Ela remonta nossa tenra idade, quando ainda somos dependentes de outras pessoas para quase tudo na vida e precisamos da aprovação para medir o que e quem somos, o quanto somos amados e merecemos amor. A culpa pode ser uma defesa ou um ataque que você desenvolveu desde cedo para alcançar seus desejos, quase sempre de afeto e acolhimento. Fruto da educação, mas também traços da própria personalidade, é essencial reconhecer esse sentimento em nós quando ele começa a frequentar nossa mente de maneira mais amiúde.
De uma forma ou de outra, a culpa é sempre um instrumento de auto-sabotagem. Se pende para o lado em que você se vê como algoz, fraco e errado, retira sua dignidade. Por outro lado, se você se enxerga como vítima de uma situação, também carrega a culpa: lançando-a sobre o outro. Nenhuma das duas facetas da culpa são saudáveis. Aliás, culpa não é um sentimento saudável, pois é fruto de uma sentença. Você, juiz de si ou dos outros, decretou o que é certo e errado. E, pasmem, inconscientemente acabamos infrigindo castigos a nós baseados em tais julgamentos. Por isso, não entendemos porque insistimos muitas vezes naquele namoro que já acabou faz tempo, porque vivemos situações idênticas uma centena de vezes (como uma reprise de filme) ou encontramos um mesmo tipo de dificuldade na vida.
Da próxima vez que se pegar em uma reprise desse tipo, pergunte a você o que ainda não está limpo. O que você ainda não perdoou. Pode ser chocante descobrir que por baixo de tantas justificativas, encontre uma culpa subterrânea, alimentando-se de mais e mais culpa e enfraquecendo as bases do seu Ser.
A culpa é pesada, densa, porque aprisiona a pessoa ao passado. Como uma bola de ferro, trava o seu caminhar. Por isso, é importante reconhecer estados de culpa dentro de si. E quando você a reconhece? Metade daquela força vai embora, a outra metade devemos trabalhar para cuidar e transformar.
É imensamente relevante reconhecermos nossas falhas, compreendermos nossas limitações, buscar superação, querer ser melhor e lutar para alcançar isso. Porém, sem a conciliação dentro de si mesmo, fruto do seu próprio perdão, a lição estará sempre pela metade e você será sempre alvo fácil dos tiranos de dentro e de fora.
Por isso, aqui fica o convite de apenas checar dentro de si, como em um espelho, aonde e se reside algum sinal de culpa em você. Se falta relevar seus erros, aceitar suas fronteiras, reconhecer o que está acima do seu controle. Achou? Então agora agradeça, pois ela tem algo a ensinar sobre você mesmo. Depois disso, deixe-a ir, como uma pipa que você construiu durante muito tempo: palitinho por palitinho, escolheu as cores do papel seda, projetou o formato, teve ajuda de outras pessoas, cruzou histórias além da sua, voou alto, bem alto, mergulhou fundo no azul infinito e... partiu. Não é mais sua. Entregue-a.
Que este sentimento deixe em nós a clareza de que somos apenas humanos, não supers nada ou hipers coisa alguma. E que nossa condição humana não nos furte nunca da beleza da experiência, dos tropeços e erros e das extraordinárias superações que somos capazes de operar, com profundo respeito pelo que já somos hoje e uma vontade imensa de sermos melhores amanhã.
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Mozana Amorim é uma livre pensadora. Publicitária e astróloga; escreve para compartilhar inspirações e abrir espaços de troca com outras pessoas. Faz também atendimentos online de astrologia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |