Chegadas e partidas
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Autor Mozana Amorim
Assunto PsicologiaAtualizado em 4/3/2010 12:25:32 AM
Gosto de pensar que finais são iguais a começos. Sempre anunciam um novo tempo, uma nova etapa.
Embora seja mais difícil aceitar quando alguma coisa acaba, ficamos muito felizes em receber algo que acaba de nascer, como um namoro, um emprego ou uma boa notícia.
Quando a gente começa a perceber em cada momento um aprendizado, passa a entender os finais e todos os seus lucrativos ensinamentos para a alma. Um fim é um não a algo que se pretendia perpetuar, e aceitar "nãos" é normalmente algo indigesto. Por que? Porque queremos ter controle sobre o que nos rodeia. Vejo isso em mim mesma e percebo o quanto é desperdício de tempo a ilusão de controlar algo, até mesmo nossas meras expectativas. Esperar pelo abraço, pelo aplauso ou pela aprovação de alguém também é uma necessidade de controle e controlar cansa.
É claro que na nossa condição humana de seres gregários, queremos aconchego, afeto e aceitação. Não poderia ser diferente. Porém, pelos descaminhos da educação podemos pender para uma necessidade excessiva que nos faz dependentes. Os que mais controlam são aqueles menos livres, os que mais adoecem e que mais críticas tem a oferecer ao mundo. Uma vez que nada está atendendo ao seu apurado senso de rigidez.
A liberdade, por seu turno, conquista um espaço que lhe permite ir e vir dos corações com destreza. Quer pouco, precisa de pouco, pois se basta. A liberdade é uma tal conquista de si mesmo, de suas necessidades e da clareza de que nem tudo é nosso, e nem precisa que assim seja, pois a ausência também nos é familiar. Nem todos saberão dizer as melhores palavras: tudo bem. Nem sempre, a última palavra será a minha: tudo bem. Os que mais amo poderão não me amar igualmente: tudo bem. Conviver com "sins" e "nãos" é a mais salutar das experiências, que nos tornam flexíveis e fortes a um só tempo e não quebráveis como os extremos acabam por fazer.
É importante estarmos atentos às nossas necessidades de controle mais escondidas, aquelas que, lá no fundo, querem que as coisas sejam do nosso jeito e tenham apenas a nuance dos nossos óculos. Claro está que, em alguma medida, todos temos uma pitadinha de controle que nos mantém no prumo e não nos deixa desfalecer ao primeiro golpe, mas é preciso entender que o Universo gravita muito além do nosso próprio umbigo e tem razões muito maiores e nobres do que pode parecer ao nosso curto entendimento. Na verdade, não temos controle de quase nada e, ainda assim, sofremos da ilusão de tê-lo ou de querê-lo para nós.
Tenho buscado fluir com as marés. "Navegar é sempre nadar a favor da maré". Li este trecho da amiga Simone Saul hoje à tardinha e pensei em como andam meus fluxos. O que estou permitindo navegar e o que ainda obstruo? Em tempos de renovação das energias planetárias, em tempos de novos fluxos de energia que nos cobram atitudes renovadas, é sábio despedir o passado, sim com gentileza e gratidão, como quem deixa uma folha correr ao sabor do vento: aprendendo suas lições. Contudo, é chegada a hora de permitir o desabrochar do que ainda é semente, acolhendo suas possibilidades e acreditando, mais uma vez, que o rio que corre se direciona para o bem, se confiamos de verdade e não interceptamos o seu curso com as nossas rédeas, quase sempre muito curtas.
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Mozana Amorim é uma livre pensadora. Publicitária e astróloga; escreve para compartilhar inspirações e abrir espaços de troca com outras pessoas. Faz também atendimentos online de astrologia. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |