Comoção
Atualizado dia 6/25/2012 6:32:10 PM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Em cidade vizinha à nossa seis jovens foram executados. Pertenciam à classe média do local e há uma desconfiança que os executores são cidadãos que tiveram suas casas invadidas pelos mesmos, para furtarem bens que "alimentariam" seus vícios. É a "justiça" pelas próprias mãos.
Governantes manifestam-se em atos demagógicos, alguns em apoio à família do garoto, outros dizendo que não se pode tomar decisões influenciadas por fortes emoções. Comoção significa "Abalo, sacudidela. Abalo físico ou moral. Choque, perturbação de animo. Manifestação de viva sensibilidade". Realmente, essa família necessita muito mais que apoio e ao mesmo tempo, não se deve agir com "sangue quente". Mas a pergunta é: Quando nós, cidadãos, pois nossos governantes também o são, vamos deixar de sermos coniventes e negligenciarmos o que ocorre.
Ser conivente é ser cúmplice de quem faz, pois significa a abstenção propositada ou dissimulada de prevenir, obstar ou denunciar o ato delituoso, de cuja premeditação se teve conhecimento. Negligenciar significa descuidar, desleixo com a situação, não dar atenção.
O que estamos vivendo é um mundo de interesses egoístas e voltados cada um para si. Não temos mais pelo outro o carinho e respeito que ele merece. Quando criticarmos nossos políticos, devemos nos lembrar que eles estão sendo apenas a "lupa", a lente de aumento que revela nossa condição de nos relacionarmos com o mundo, "querendo o venha a mim". Eles, políticos apenas estão tendo a condição de realizar isso mais facilmente.
O homem diferencia-se das outras espécies animais pela capacidade de consciência que possui. Aqui podemos falar sobre o que os filósofos existencialistas expressam em relação à "intencionalidade", ou seja, a manifestação do desejo e da vontade simultaneamente. O desejo vem do inconsciente, passando pelo "crivo" da vontade, está sim consciente, que diz quero ou não quero. Desejar por si só não merece critica, pois surge e faz parte da manifestação humana. Se o que se deseja deve ou não ser atendido, é através da vontade que se faz ouvir. (Por essa razão do ditado "de boa intenção o inferno está cheio". O que vale é a intencionalidade).
Se cada vez mais há menos valores sendo respeitados e transmitidos, mais distante vai ficando a condição do homem em utilizar-se da consciência para o que se deve ou não fazer, praticar. Parece que estamos voltando à época dos instintos, onde os desejos serão atendidos e pronto. Quando o Homem tem um desejo reprimido, ou seja, impedido de vir à consciência, esse desejo transforma-se em impulso, portanto, será atendido de qualquer forma.
Quando o Ser Humano vai se distanciando de seus valores, o que passa a prevalecer é apenas o atendimento de seus desejos. E isso em todos os âmbitos de nossas vidas. Valor é aquilo que tem significado e que deve ser respeitado. Mas o tentar sair dos parâmetros é uma característica do Ser Humano que, bem direcionada, nos impulsiona ao progresso e crescimento, mas quando utilizado no burlar normas e regras necessárias, sem conseqüências pelo feito, gera o desmando e a "lei do mais forte", "quem pode mais chora menos". Os exemplos têm sido de "tome para si o que quer nada lhe acontecerá". Isso só não vale para quem rouba um bife para comer ou uma pomada para a assadura de sua filha. Cuidado! Estamos deixando de considerar que se está perdendo o controle das situações. Hoje, os poderosos ainda estão sendo poupados ou pelos seguranças que contratam ou pior, pelos acordos com o submundo.
Olhemos para policiais indo para o trabalho com trajes civis e a farda na sacola, pois se andarem sós e fardados, estão correndo o risco de serem assassinados.
Estamos subestimando o Ser Humano. Há qualquer momento um fato, muitas vezes nem tão relevante, poderá deflagrar um manifestação agressiva e hostil da população e o caos estará instalado. Por favor, não paguemos para ver!
Texto revisado
Avaliação: 5 | Votos: 2
Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Psicologia clicando aqui. |