Dar direcionamento à sua vida!
Atualizado dia 2/3/2014 7:21:31 AM em Psicologiapor Paulo Salvio Antolini
Tem sido muito comum, agora mais que há vinte anos, o estado de abandono a que as pessoas estão se deixando. A perda da vontade! É lógico que não são todos, mas grande parte da população entregou “ao mundo exterior” seu destino e suas realizações.
Todos poderão citar situações que levam as pessoas a isso. Preguiça de pensar é uma delas, como se pensar doesse. Ficar horas frente a uma TV sem questionar ou refletir até nas bobagens que estão sendo passadas aos telespectadores. A própria educação, da forma como se apresenta, não mais estimula ao uso da vontade para se superar obstáculos. Exemplo? Não há mais a necessidade de ser aprovado ano a ano, agora se faz uma “avaliação” ao término de quatro anos. Antes, o aluno tinha que “passar” em cada matéria para ir ao ano escolar seguinte. Era o desafio. Precisava de um esforço constante.
Não estou aqui querendo ser saudosista, mas é inegável que determinadas modificações, mais do que estimular o ser humano à busca do desenvolvimento, propiciaram a acomodação e manutenção do despreparo.
E esse despreparo se estende por todos os aspectos da vida das pessoas. É comum em nossos consultórios termos casos onde, ao identificar a verdadeira fonte dos problemas que os clientes trouxeram, ao identificarem o que teriam que fazer para modificarem as condições de vida que estão levando, assustam-se e buscam nos medicamentos o amparo para suas dores. Não tem importância que passem a viver como “zumbis”, dopadas, mas desde que não tenham que fazer nada já é o fator recompensador.
Esse despreparo é fundamental no reforço para que as pessoas não usem da consciência para buscarem a saída de seus problemas. Entregam-se ao “destino”. Comum ouvirmos pessoas em forte estado depressivo dizerem: “Você acha que eu quero estar assim, doente?” Querem e não querem! Querem sair do problema que gera a doença, mas não querem enfrentar as consequências para tal. Como agravante, o fato de estarem quase sem energias, de não terem motivação para reagirem, faz com que não haja nenhum movimento em direção à saída do estado doentio.
Não é simples! Como elas acreditam que estão fazendo de tudo para se curarem, não admitem que não aceitam o que estão vivendo e que está causando o problema. Essa negação as mantém imobilizadas de tal forma, que qualquer ação efetiva que poderiam tomar as deixariam expostas às conseqüências que querem evitar.
Imaginem uma esposa e mãe que sempre buscou a “harmonia” e o atendimento de suas funções como tal, dá-se conta da impossibilidade de ter essa convivência pacífica no lar, pois seu marido se revela um tirano, não só com ela, mas também fica a ameaça para com os filhos. Sempre forte e saudável, repentinamente adoece. Todos diagnosticam e afirmam a forte depressão que lhe tira as forças. Ela não quer ceder às imposições do marido, mas não tem coragem para enfrentá-lo e, se necessário, separar-se. Quando ela se depara com sua limitação, sente-se acuada e “piora”, dizendo: “Doutor, eu até pensei que era isso, mas veja, não é, eu piorei”.
Quando as pessoas não se sentem aptas a darem direcionamento à própria vida, a única forma de justificarem isso é adoecendo, pois caso contrário, teriam que agir, usando de suas energias para a canalização de suas ações para o que realmente querem. Como além de tudo se julgam e se vêem distorcidamente, optam por adoecer. Quando as pessoas se percebem fracas, não devem se condenar, mas sim, buscar o fortalecimento, mesmo que lento e desconhecido. A direção de nossas vidas depende sim de cada um. Se mais fácil ou mais difícil, isso é outra conversa.
Texto revisado
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